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quinta-feira, 22 de junho de 2017

JUDAS CREU E AMADURECEU.

ENFIM, JUDAS CREU E AMADURECEU
No início foi difícil para ter crido e aceito.
Depois de haverem se passado cerca de um pouco mais de quatrocentos anos do silêncio do Eterno Deus aos homens, as espadas afiadas da tradição e a contundência da religiosidade legalista cruzavam, chocavam e dividiam mundos e opiniões, a vida cotidiana comum na Palestina estava vendo no seu meio o incomum e sem igual no seu templo, nos seus caminhos e ruas. Um mestre rabino, um carpinteiro experimentado nos trabalhos, vindo da desprezada cidade de Nazaré estava dividindo e produzindo choques nas opiniões de religiosos e entre o povo. Entre admirações e acusações, seu irmão mais novo Judas convivia.

No começo da convivência familiar, como deve ter sido extremamente difícil para a mente lógica e juvenil do jovem Judas ter concebido e ser convencida de que o carpinteiro seu “meio-irmão” era ao mesmo tempo além de seu irmão do lar, era o Filho do Eterno Deus Pai. Como foi inteiramente complexo no início para a mente natural e tenra do jovem Judas ter crido que o carpinteiro seu “meio-irmão”, além de ser seu irmão do lar, era também participante da criação de todas as coisas em cima no Céu e embaixo na Terra. Como foi completamente confuso no início para a mentalidade cultural e religiosa do jovem Judas ter crido que o carpinteiro seu “meio-irmão”, morando consigo dentro do seu pobre lar, comendo do mesmo pão à mesa e bebendo da mesma água da jarra, era Senhor descido do Deus Soberano. Que veio para Único Dominador com poder e autoridade sobre tudo e sobre todos.

Esse jovem Judas, que mais tarde veio se apresentar descrevendo-se como “servo de Jesus Cristo, irmão de Tiago”, foi irmão mais novo do Senhor Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. Marcos 6.2-4; João 7.5. De início foi difícil para crer, todavia mais tarde enfim substancialmente Judas creu, e além disso, já amadurecido da caminhada, declarou sua prova de fé e crença em frases diretas e sucintas. Atos 1.14; Jd 21-25. Muito possivelmente a numerosa parte dos leitores modernos da Bíblia Sagrada ainda não tenha refletido nesses quesitos-detalhes da vida de Judas, o jovem irmão do Homem de Nazaré chamado Jesus. Detalhes esses que muito podem despertar atenções e alavancar ensinamentos para a vida de tantos quantos possam deles extrair benefícios edificantes. Principalmente daqueles que vacilantes buscam razões consistentes para manterem firme a fé, enfrentando reações opositivas adversas, heresias e apostasias e não se perderem presos circunstanciais fora do Caminho.

Assim como seus outros irmãos, o jovem Judas por certo período alimentou dúvidas e descrença quanto a missão do seu “meio-irmão” mais velho chamado Jesus. Olhando com lentes naturais para a vida comum e o ambiente que permeavam aqueles dias na Palestina, pode se considerar aquelas divagações terem sido aceitáveis e um tanto toleravelmente compreensíveis. A mentalidade corrente focada pela tradição religiosa e sufocada pelo poder romano sobre o povo jamais teria estrutura suficiente para crer e absorver algo mais do “meio-irmão” de Judas, a não ser Ele ter sido naqueles dias uma esperança libertadora temporal em relação a um mestre rabino, profeta, com uma missão terrena como os outros anteriores.

Contudo, as caminhadas, os atos pessoais, as pregações, os ensinos, as palavras e obras e as empreitadas efetuados pelo Homem de Nazaré, chamado Jesus, foram devagar e paulatinamente alumiando entendimentos, afogueando convicções, no coração do jovem Judas e imprimindo o ponto de fortes certezas interiores quanto à divindade, ao poder e à autoridade de seu “meio-irmão” Jesus, o Ungido do Eterno Deus. Judas vinha vendo e acompanhando palavras, manifestações de sinais e maravilhas, curas e expulsão de demônios.

Enquanto o tempo passava, além de sua mãe Maria, o jovem Judas também fora colecionando dentro de seu mundo interior tudo quanto estava vendo em Jesus,  pregando, ensinando e realizando aonde ia. Sem embargo, as admirações e a fama do irmão mais velho de Judas estavam tomando espectro entre as gentes em sua localidade e já avançando além do Templo e das fronteiras. Mas não apenas a fama, e sim também o levante da avalancha de oposições e incompreensões odiosas, rixas ressentidas, invejas homicidas, tentativas e armadilhas traiçoeiras contra a vida de seu “meio-irmão” Jesus. Judas foi uma testemunha pessoal e direta disso.

Rodeado pelas correntes filosóficas, ideológicas e astuciosas dos mundos influentes da época, a saber o farisaico e o saduceu, o jovem Judas conviveu entre dois mundos em torno de seu “meio-irmão” Jesus. De um lado, adimirações e bendições por parte do povo, principalmente das pessoas mais simples e pobres beneficiadas. Do outro, ferrenhas oposições em todos os sentidos e gêneros e tipos por parte da camada religiosa influente e poderosa sobre o povo. De um lado, Judas ouvindo palavras elogiosas e animadoras. Do outro, Judas ouvindo, presenciando e recebendo os impactos das iras injustificáveis e das acusações severas irrefletidas, contra seu “meio-irmão” Jesus.

A fé de Judas agora já estava se tornando robustecida e suas experiências de fé se fortalecendo tanto pelo que seus olhos viam como seus ouvidos ouviam do Mestre da Galiléia, seu “meio-irmão” mais velho chamado Jesus. O tempo passou e chegaram os dias conflitantes e desafiantes para a mente de Judas, trazendo a prisão, o julgamento em duas etapas, a exaração da condenação e pena por crucificação seguida de morte de seu “meio-irmão” Mestre, da casa de seus pais. Porém a vida de Judas não congelou no episódio noticiado em toda Jerusalém.  

Após o curto e rápido período de luto e tristeza experimentados por três dias, enfim agora depois da ressureição de seu Mestre, os entendimentos de Judas foram mais ainda abertos e ele a obter certezas consideravelmente distintas e provas infalíveis e incontestáveis dessa ressurreição, e passou a considerar e confessar seu Mestre agora como o seu Senhor. O que jamais Judas viu antes nos calores das oposições contra a vida e a pessoa de seu “meio-irmão” Jesus, lhe chegara depois daqueles dias de sua perseverança e enfrentamentos familiares, religiosos e sociais. Agora aquele Judas que antes convivera com sérias descrenças em relação ao Homem de Nazaré em meio a turbas e turbulências. Judas já passou a perceber a realidade sem grandes explicações. Judas, enfim creu e amadureceu.

Para aqueles que caminham com o Mestre, nem tudo e de quase tudo que acontece a si e/ou ocorre ao seu redor lhe são cedidas explicações humanas. Cessam as ignorâncias,  as tolices dos pensamentos, certos víeis das tradições e os convencionalismos. A multidão locupletada e sufocada pelos poderes humanos e influenciada pelo poderio do tradicionalismo esbaforido viam Judas como o irmão do mestre rabino contrário e contrariador, contraditor e contraventor, revolucionário anti-ético, anti-tradicional, anti-religioso, transgressor declarado da Lei e da ordem religiosa e cultural, uma ameaça. Tudo indicava que Judas deveria desistir de crer e seguir no que lhe havia ensinado e demonstrado o seu “meio-irmão” Jesus. Entretanto, Judas guardou consigo experiências vivas e estava agora mais solidificado, já consubstanciado e seguramente estruturado dentro do seu mundo interior.

Judas veio se tornar um apóstolo (enviado) repleto de palavras e feitos poderosos. Um dos baluartes animados mais apologetas defensores da fé cristã. Atravessou a Armênia e a Pérsia, proclamando com convicções fortes e firmes a mensagem do Evangelho, sofrendo sérias críticas,  oposições e rejeições contra sua vida, sua fé e sua missão. Suas palavras e colocações escritas demonstram nitidamente o grau incomum de firmeza, sobriedade, equilíbrio e defesa contra as ondas das heresias, das apostasias, que ora forçam e ora se infiltram na igreja. Judas foi odiado gratuitamente, mas deu o melhor de si, sem busca de notoriedade entre os homens, mantendo sua postura. Em todo o Novo Testamento e em toda literatura secular não se acha Judas se auto-titulando ser “irmão do Messias” ou “irmão do Senhor Jesus”. Por seus feitos e atitudes baseados em convicções de fé e prática, Judas teve os seus dias concluidos fazendo e dando o melhor de si por muitas vidas sem em nada haver reivindicado recompensa humana.
EvGS




terça-feira, 6 de junho de 2017

HANANIAS SÓ QUERIA AGRADAR.

HANANIAS SÓ QUERIA AGRADAR.
Um doce discurso com um amargo engano.
O capítulo 28 do Livro do Profeta Jeremias descreve em dezessete versículos uma mostra suficiente de realidades que o povo de Deus precisa conhecer. O povo de Deus tem ouvido inúmeras mensagens ao longo dos anos. Algumas semelhantes, similares, às de Jeremias. Amargas, mas verdadeiras e eficazes. Outras são idênticas, coincidentes, às de Hananias. Doces, porém falsas e desastrosas. O texto concentra o foco sobre um profeta. Seu nome era Hananias, que em hebraico quer dizer “O Eterno Deus é bondoso, gracioso, clemente, misericordioso”. Vale muito conhecer quase tudo de Hananias em poucos passos. Assim poderemos entender e ficar quase que defronte para as falas e cenas de Hananias e interpretar discursos de nossos dias.

No passo inicial, vale conhecer a pessoa de Hananias e o seu tempo. Ele era filho de Azur, nascido em Gibeom, ou Gabaon. Uma cidade assentada no monte oblongo rodeado por uma linda e fértil planície. Nela residiram parte de levitas no passado. Gente que cuidava intima e especificamente das coisas do Eterno. Hananias veio desse meio e estava em Jerusalém. Exerceu o ofício sagrado de profeta no tempo do fraco e vacilante monarca Zedequias, rei de Judá. Não resta dúvida de que Hananias foi um profeta entre outros seus contemporâneos.

Nesse tempo, as lideranças política e religiosa em Jerusalém estavam atentas aos movimentos do seu povo e do mundo de então ao seu redor. Suas vistas estavam enxergando tudo, mas apenas por uma lente só. Uma lente obscura, desfocada e fosca. Uma lente com a visão resumida e viciada no lado político e social individualista. Alimentavam o ego estribadas em presunções religiosas e sustentavam o falso orgulho nacionalista mixto de ideologias sócio-político-religiosas que lhes favorecessem e as mantivessem no poder. Um rei manipulado e de pouca força em todos os sentidos; um sacerdócio por demais ganancioso e excessivamente permissivo; e grande parte dos profetas associada e comungada com “figos ruins” - encantadores e mágicos. Uma miríade de falsos profetas, adivinhos, sonhadores, encantadores e mágicos campeava nas portas, ruas, praças e nas dependências externas do Templo. O Templo empanturrado de ganância financeira, mostras de misticismos, ídolos e deuses estranhos infiltrados no seu interior. O povo vivia embalado pelas exposições de mágicas e encantamentos, discursos ilusionistas que lhe levantassem a auto-estima individual e lhe promovesse alegrias infrutíferas, imediatistas e transitórias.

No passo seguinte, vale conhecer as razões pelas quais Hananias era um falso profeta. Hananias não foi enviado pelo Eterno. O que Hananias anunciou e fez não foi o que o Eterno Senhor disse, mostrou ou mandou fazer. Nesse clima mixto circulante, Hananias levantou a si mesmo, ganhando notoriedade com um doce discurso por sua própria iniciativa e do agrado geral e irrestrito do rei, dos sacerdotes, dos profetas e do público. Apesar do Senhor Deus haver advertido a todos a não cederem ouvidos ao contrário do que Ele disse, mesmo assim Hananias levou o povo a confiar em doces mentiras que derrocaram a um amargo engano. Usando sua oratória, sua prática retórica e sua capacidade “homilética”, induziu e incutiu meias-verdades na cabeça do povo. Falar coisas que agradassem egos presunçosos era sinal de garantia de platéias cheias e aplausos. A verdade amarga da pregação de Jeremias ganhou rejeição e ódio. A mentira doce do discurso de Hananias cativou adesão e simpatia. Nem tudo que é verdadeiro significa alegria, e nem tudo que é vaidoso quer dizer tristeza.

Impelido pelas forças da vaidade e da fatuidade dos brios pessoais e com esforço desejoso e oportunista movendo seu forte ímpeto em falas presunçosas, Hananias aproveitou a presença congregada do público diante dos sacerdotes e do profeta Jeremias, homem de Deus, na Casa de Deus, e anunciou o que o Eterno não disse empregando seu sermão equivocado, desafinado e venenoso. Uma mensagem deveras otimista e altruísta arquitetada em sua mente, floreada no seu coração e lançada ao seu bel-prazer com o intuito de promover agrados populares e falsamente levantar o moral de um povo frio e excessivamente dado a  imoralidades pervertidas e à religiosidade por demais permissiva de então.

Enquanto o profeta Jeremias se esforçava por manter viva a pregação verdadeira de sujeição ao reino babilônico, por ordem divina expressa, a fim de poupar e preservar o povo de Deus até que passasse o tempo determinado, o falso profeta Hananias se ostentava utilizando uma tática venenosa com o seu doce discurso cativante que incentivou o povo de Deus a se colocar passivamente em rebeldia contra Deus. Um dos males mais terríveis, destruidores e inconseqüentes é a rebeldia passiva. A doce mensagem de Hananias parecia ser verdadeira às vistas do orgulho religioso e nacionalista de então. O discurso de Hananias estava na faixa modal do momento.  

Na escuridão espiritual do tempo do rei Zedequias, o povo estava com os ouvidos tomados por comichões histéricos e o coração ansioso e ávido para ouvir falas e discursos doces que alimentassem suas vontades pessoais e animassem seu ego durante o período de crise a nível nacional. Dar ouvidos a charlatões religiosos, encantadores e adivinhos era o que mais aguçava o interesse e a curiosidade de um povo adoecido pelo falso orgulho nacionalista e presunçoso, anestesiado e equivocado religiosamente e decaído no grau excessivo de imoralidade, perversidade, injustiças, corrupção, ganância. Um povo classicamente afastado de Deus. Um período propício para Hananias ter “pregado” sua mensagem espiritualmente desconexa e seu sermão aparentemente ávido, doce e convincente. Era fácil e gostoso ouvir Hananias nos dias como aqueles. O difícil e amargo era receber e acatar o que o Eterno disse dos destinos que estavam na realidade por virem.

No passo conclusivo, vale conhecer a voz do Eterno e refletir nas mensagens que se ouve. Ouvir o sermão do profeta Hananias era como ouvir lindas e doces mensagens cujas proposições e tópicos são engenhosamente direcionados a atender apenas, e somente, a desejos imediatistas, egocêntricos e promover o ânimo puramente otimista, altruísta e humanocêntrico de alguém que na verdade precisa de cura em todos os sentidos e carece de profunda restauração em todos os aspectos. Mensagens ricas e opulentas em requintes da retórica habitual e expressiva e da homilética viciada e inconsequentemente descomprometida. Mensagens mendigas lúdicas, distraidoras, palpérrimas e miseráveis em exegese e hermenêutica sagradas.

A mensagem de Hananias foi pronta, extrema e agradavelmente aceita, mas era falsa. Hananias não era um profeta falso, porém por causa de sua mensagem falsa ele se fez falso profeta. Ela contrariava, desmerecia, ofendia e incitava rebeldia contra tudo que o Eterno Senhor nosso Deus havia dito para curar o Seu povo afastado de então. Hananias só queria agradar o povo em um doce discurso com um amargo engano. E na ânsia oportunista de agradar situações e atender a circunstâncias, aquele profeta desagradou a Deus expressando com sua fala o que apenas e unicamente seu coração sentiu. No intuito de forçar agradar os homens em tudo, nem tudo que o coração sente e sabe deve ser expresso fora de tempo e revelado pela fala precipitada.
EvGS  





domingo, 28 de maio de 2017

MORDECAI: O SEGUNDO DEPOIS DO REI

MORDECAI FOI O SEGUNDO DEPOIS DO REI.
De sentado à porta ao assento de primeiro-ministro.
 Há histórias nas quais se o nome maravilhoso do Eterno não estiver mencionado ou visto explícito nelas, Seu dedo poderoso está. Ainda que o nome do Eterno Deus não seja visto pelos olhos nelas, Ele está escondido por trás de cada palavra, de cada fato, presente em cada página delas. E uma das grandes fraquezas humanas reside exatamente na mediocridade de catar atos com a mesquinhez limitada dos olhos relativos sobre fatos, sem perceber, sem transcender, sem identificar e sem penetrar mundos através do espírito e dos sentidos das coisas.

Uma dessas histórias é a do judeu devotado Mordecai (também conhecido em algumas versões bíblicas como “Mardoqueu”). Ester 10.1-3. Na história de Mordecai o Eterno Deus está, sem aparecer o Seu nome. No entrementes dos contratempos dessa história, através de Mordecai, surgiu o livramento e o triunfo final da história do povo judeu cativo no reino persa de então. Vivendo em meio a crises no palácio, rejeição e deposição da rainha e conspirações movidas pelas forças do ódio e de interesses alheios, o pequeno homem desprezado Mordecai passava seu tempo de empregado, assentado a efetivo serviço na porta do rei persa Xerxes (Assuero).

O delicado, atento e meticuloso crivo da censura dos oficiais escribas persas não detectou o maravilhoso nome YHWH no documento, e muito menos o sentido desse nome escrito nele. Sem que suas vistas alcançassem, o DNA 10-5-6-5 da assinatura do Eterno Deus regente estava presente e conduzindo imperceptivelmente de dentro da exuberante fortaleza persa de Susã o intelligence design na História. Com os reviravoltas da história, mais tarde interesses estranhos tentaram inferir e disseminaram o documento bíblico se tratar de uma “novela” judaica e não considerá-lo como fato histórico. Entretanto, a inegável evidência histórica ao longo dos anos o declara real e permanece viva na “história de Pur”, na Festa do Purim, ou “festa de Mordecai”.

A história de Mordecai é confirmada na realidade e está marcada por pontos divinos que indubitavelmente vão bem mais distantes de muitas outras consideradas fantásticas que passam apoiadas em sucessos e políticas curiosos comuns na vida, quer registradas ou não. Mordecai foi um judeu da tribo de Benjamim, seu pai era Jair. O nome hebraico “Mordecai” quer dizer “pequeno homem”, ou no hebraico mais radical significa “amargura da minha opressão”. Mordecai foi um dos transportados cativos de Jerusalém para a Babilônia, mais tarde no domínio persa. Foi levado junto com o monarca Jeconias, rei de Judá.

A história de Mordecai brilhou em lealdade para com o rei, reluziu em fidelidade para com o seu povo e seu compromisso com a sua visão de soberania do Eterno nas questões do povo ficaram claras nas suas palavras conselheiras e atos de coragem e riscos. Mordecai possuía boa e considerável noção sobre o mover do tempo das providências do Eterno Deus sobre vidas. Mordecai possuía a boa noção conhecedora de identificar para onde estavam indo os caminhos da vida. Mas a fidelidade de uns parece incomodar interesses e tendenciosidades de outros. A fidelidade de uns sempre frustra e desagrada deslealdades de outros. A fidelidade mal interpretada de uns pode se fazer alvo gratuito do ódio e do rancor de outros.

Ante a uma tentativa engenhada por um complô de oficiais que visavam assassinar o rei Xerxes Assuero, o empregado de porta Mordecai mesmo como um estrangeiro se antecipou em frustrá-la, impedi-la, e o fez para evitar tragédias futuras que poderiam mais tarde pesar contra o bem-estar de seu próprio povo cativo em terra persa. Os dias se passaram e o nome do pequeno homem comum judeu empregado Mordecai, apesar de registrado pelos seus feitos, fora caído no esquecimento. E como acontece a todo homem, os dias de teste da fidelidade das palavras e atos de Mordecai chegaram trazendo contra si ódio, furor e rancores desferidos por um coração nutrido pelas sede e fome por poder. Mordecai passou a sofrer oposição e se tornou em alvo de um tipo de ódio vingativo revanchista que tem envenenado corações e levado muitas almas opressoras e gananciosas ao fim trágico iminente para si mesmas.

A partir daqueles dias sombrios e por um período tenebroso Mordecai foi odiado de morte, acusado e desprezado em extremo pelo oficial da mais elevada patente Hamã, a autoridade do alto escalão do rei. As forças trevosas tramaram e montaram uma forca injusta e um decreto fatal contra Mordecai. Na visão lógica natural e humana dos fatos, o judeu Mordecai se portou com atos literalmente desobedientes, infratores de costumes, irreverentes e desrespeitosos diretamente para com a patente do oficial do rei e indiretamente para com o poder monarca. E a partir dali Mordecai foi submetido a dias consternados à humilhação e tristezas juntamente com o seu povo. Entretanto, para todo homem que caminha honesto e cônscio do bem que faz e para o bem de outros, os olhos e ouvidos do Eterno Deus não dormitam e nem deixam passar e cair por terra e ao vento o bem que faz. Mordecai e seu povo se cobriram de luto, choros inconsoláveis e lamentações, diariamente diante do Eterno Senhor. Enquanto o oficial Hamã, fissurado e faminto por poder, tirava proveito da humilhação e tristeza do empregado de porta Mordecai e do povo judeu de então, e alimentava sua alma com ódio, rancores e presunção, Mordecai passava dias sombrios sob a força de um decreto pernicioso e tendencioso contra sua vida e a de seu povo.

Todavia, o mover do bom favor da mão do Eterno Senhor não dormita e nem se modela na sombra de variações. Os movimentos do dia no exuberante palácio persa passaram, o opressor Hamã faminto por poder não imaginava o desfecho de seu decreto pernicioso que exarou contra o povo judeu e nem lhe passava pela cabeça em quem iriam cair o peso e o repuxe da corda da forca injusta e perversa que preparou sob encomenda específica contra Mordecai. O sol declinou e a noite chegou trazendo outros movimentos que não se havia para tal atentado antes. O sopro dos ventos estava sendo mudado e varrendo a noite sobre a fortaleza de Susã.

E o que não se esperava as altas horas da noite trouxe, uma insônia ao poderoso e eminente rei Assuero. Enquanto o silêncio das câmaras e dos corredores do palácio declaravam calmaria em plena frieza da penumbra de luzes das lamparinas fixadas nas paredes de pedras trabalhadas, e os residentes dormiam assegurados de paz, o sono do rei Assuero fugiu. No seu estado de vigília noturna, chegou-lhe a inspiração na vontade de ouvir a leitura de livros das crônicas dos reis do império Medo-persa. E assim seus jovens servos estavam sendo chamados “à ordem” para executar as leituras. E nelas o nome e os feitos do empregado de porta Mordecai saltaram-lhe às vistas e o espírito de gratidão e reconhecimento levou o rei Assuero a questionar o assunto. E a partir daí foi exarada a ordem real e suprema para reparar a injustiça e efetuar a distinção honrosa ao pequeno homem judeu empregado da porta do rei. Enquanto o palácio e o império dormiam o pesado sono da noite, o nome de Mordecai estava acordado e aceso sendo examinado diante das vistas do rei Assuero e indicado ao galardão público e honroso outorgado pelo monarca do mais poderoso e famoso império persa de então.

Mordecai, que em tempos outrora havia entrado pelos portões do império, transportado na condição de escravo cativo; que tinha cuidado e educado sua “filha” sobrinha que, sendo uma moça judia, mais tarde providencialmente veio a ser rainha de um império estrangeiro. Mordecai, que havia passado seu tempo trabalhando sentado na porta do rei; que teve seus atos e palavras testados e seu caráter e sua fé provados sob crivos injustos e ímpios e debaixo de crivos justos e honestos; que foi alvo gratuito do ódio e da opressão; que vestiu-se de consternação e humilhação; que cobriu-se de choros e lamentações pelas ruas, praças e calçadas; que sofreu ameaças odiosas com sentença secreta de forca, agora estava numa noite de insônia do rei sendo enfim visto com outros olhares.

Aquele Mordecai que outrora foi um judeu empregado da porta do rei, agindo com bondade e honestidade para o bem, veio a ter a oportunidade providencial e divina de ser chamado à presença do rei persa e sair dela vestido com veste real azul celeste e branco, com o anel de ouro real no dedo direito, levando sobre sua cabeça uma coroa grande de ouro, coberto com capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã com ele se exultou e se alegrou. Sem arranjos, jeitos e nem trapaças, chegou a ser o segundo depois do rei, e grande e agradável, procurando o bem do povo e trabalhando pela prosperidade do povo. Mordecai, de sentado à porta do rei ao assento de primeiro-ministro do reino. Quando o Eterno Senhor Deus quer, o sopro dos ventos mudam, e a vida ganha boas e felizes influências e grandes valores a revestem.

Da história de vida de Mordecai se entende seguramente que o príncipe do mundo pode começar no governo, mas é o Príncipe do Eterno que o conclui no poder. O fantástico e notável não é representar e levar nas mãos as rédeas do governo aqui embaixo, todavia o majestoso e louvável é exercer o poder legítimo delegado e outorgado sobre ele com aprovação de cima. Ainda que numa história não se possa ver o nome do Eterno Deus, nela procuremos o dedo dEle escondido que certamente vamos encontrar. Que das histórias que passam diante nós, não caiamos no laço de catar atos e fatos com a mesquinha, medíocre e limitada visão dos olhos da lógica consensual ou convencional, entretanto percebamos e transcendamos o inexplicado. Na história daqueles que na providência divina hoje fazem o bem e promovem a prosperidade honesta de outros, não é o merecimento pessoal que prevalece, porém são o carimbo e a assinatura do dedo do Todo-Poderoso nela.
O Eterno Deus seja louvado.
EvGS




domingo, 21 de maio de 2017

NABAL CONGELADO POR UM SUSTO.

NABAL CONGELADO POR UM SUSTO.
A tolice de não poder enxergar o que deveria ver.
 Na Bíblia Sagrada encontramos pessoas e nomes que nos possibilitam definir, classificar e enquadrar os tipos de caráter, personalidade e temperamentos circulantes na vida. E quanto a isso, as páginas sagradas expõem pessoas e nomes, objetivando nos ensinar um tanto mais nos detalhes e retalhos a varejo do que no grosso do atacado conseguiríamos identificar e aprender com maior especificidade e precisão. No Livro do Eterno, por trás de pessoas e nomes citados existem dois eixos de histórias, a saber: o da história vertical e o da horizontal. Isto revela que nenhuma pessoa foge dessa realidade do plano existencial.

Nabal foi uma dessas pessoas. 1Samuel 25.2-42. Apesar do texto bíblico haver registrado o resumo da vida de Nabal em um pouco mais de quarenta versículos, já nos faz esclarecidos o suficiente do arcabouço completo necessário ao que dele se precisa saber. O mais importante a ver da vida de Nabal não são curiosamente os seus crassos erros cometidos, mas sim consistentemente as lições, características e considerações deixadas e expostas para gerações futuras. Nabal não pôde e muito menos conseguiu enxergar o que deveria ver. Nabal parecia ver o que parece que pensou, quando na verdade não conseguiu enxergar e muito menos pensar sobre o que viu.

Da vida de Nabal, algumas considerações essenciais cabem à atenção. E no texto em foco, a primeira nos prende  quanto ao nome de Nabal. O nome “Nabal” não significa apenas um “tolo” em sentido de simplicidade ou estupidez de entendimento, ou bobalhão no saber. Definitivamente não. O nome Nabal fala e apresenta um conjunto de classificações que englobam a natureza da pessoa, do caráter, da personalidade, do temperamento e do proceder de Nabal. “Nabal” significa “grosseiro perverso moralmente”, “maligno insensível”, “rude irreverente aos direitos do Eterno e negligente aos dos homens”, “pessoa sem juízo e de comportamento vil e vergonhoso”. Enfim, um nome carregado de péssimos conceitos. A pessoa inteira e completa de Nabal fez jus ao seu nome. Impressionante e quase estarrecedor.

A segunda consideração é a de que o Nabal insensível para com o Eterno Deus e para com as pessoas, teve trancadas as portas de seu entendimento para a razão, a consciência  e o raciocínio. Nabal não se permitia ser iluminado nos seus posicionamentos e nas suas declarações impensadas e tempestuosas. Em outras palavras, Nabal extrapolou as linhas de uma pessoa desajuizada, ignorante e bruta, no agir e no falar. Nabal não conseguiu perceber bem e raciocinar equilibradamente o presente e nem enxergar o futuro. Nabal se agarrou ao “cesto do pão” perecível de hoje, sem ter se permitido enxergar a colheita permanente do melhor “trigo” abundante do amanhã. Nabal foi exatamente assim. Fez o que não deveria, e disse o que não poderia. Na escuridão de entendimento, Nabal arrastou a vida redondamente enganado. Quantos prejuízos.

Longe da razão e distante do raciocínio, Nabal viu apenas um então guerreiro simples Davi como um escravo, para ele quase anônimo, visivelmente desprezível, fugitivo, acompanhado de um bando de moços, e nada mais que isso Nabal enxergou. A cabeça fechada de Nabal lhe impediu de levar em conta a história conhecida de guerras do Senhor Eterno feitas por Davi em sua caminhada. O que era publicamente conhecida em direção à sucessão no trono do reino. Nabal viu em Davi apenas o cinza do chumbo, mas não enxergou nele o brilho da prata. Nabal apenas viu em Davi a zinabre e a poeira do cobre, mas não enxergou nele o reluzir e o brilho do ouro. Nabal definitivamente não enxergou em Davi aquele ungido divinamente destinado a ser o seu futuro e brilhante rei. A simplicidade e as cortinas do tempo ocultam e encobrem o brilhantismo até que chegue o momento oportuno da realeza se revelar. Nabal se fez não ter visto o agir de Davi e nem enxergou o mover do Eterno Deus. Que lastimável.

A terceira consideração é a de que o tolo Nabal, insensível aos benefícios que recebera do Eterno Senhor através de Davi e seus moços, se fez odiado e inútil. Nabal não foi um tolo rude e comum de classe social média vivendo e remoendo problemas, ou com apenas delírios desvairados de estupidez momentânea e intempestividades. Nabal foi um indivíduo citado e descrito como um elemento importante, poderoso, em poder patrimonial. Nabal era um cidadão abastado da cidade de Maom com seus amplos negócios na região de Carmelo; tinha muitos bens e empregados. Nabal tinha, mas não era, e tudo que foi se resumiu em tolice cega. Um mal conceituado e imprestável em sua própria casa e entre seus empregados.  

O patrimônio, os servos e os negócios de Nabal haviam outrora sido beneficiados pela proteção e cordialidade diuturnas oferecidas por Davi e seus moços guerreiros, contra o perigo real de poderosos roubadores e saqueadores astutos, tão comuns naquele tempo transitando perversamente no deserto. Porém, Nabal ignorou os benefícios e maltratou os benfeitores quando estes lhe foram rogar apenas por alguns suprimentos voluntários e sem medidas reivindicativas. Davi foi extremamente útil a um Nabal assustadoramente tolo e insensatamente inútil. As problemáticas de Nabal não residiam acidentalmente nas suas falas, mas provinham do seu caráter ímpio, péssimo e defeituoso.

A quarta consideração é a de que o tolo Nabal insensível ao temor do Senhor, na sua arrogância se tornou um filho de Belial. Rejeitando a sabedoria divina, colocou em graves riscos fatais a sua própria alma e as dos seus. O proceder de Nabal indica haver se fechado e se embrutecido aos conselhos sábios e sugestões úteis para as realidades dinâmicas e mutantes da vida. Nabal foi imprudente e imprevidente habitual. No seu mal comportamento habitual vil e vergonhoso, a mente arrogante de Nabal parecia não ter imaginado a tempestade violenta criada e levantada pelo seu espírito tolo, contra sua vida e sua casa. Nabal é a figura do tolo ímpio filho de Belial contumaz, mergulhado nas alegrias passageiras do engano e na soberba da imprestabilidade, caminhando despercebido para a morte eterna e arrastando outros consigo.

O tolo Nabal seguiu naturalmente dando coices contumazes, fazendo o que insensível e rotineiramente lhe era de hábito e costume peculiares. Seguiu desconhecendo pessoas, desprezando os movimentos da vida e ignorando juízos divinos. Sem que se tocasse ou notasse seu proceder ímpio, Nabal acendeu o estopim do bombardeio do juízo do Céu contra si. Incapaz de ajuizar fatos e situações por vir que comprometiam sua vida, seus bens e negócios e seu futuro, Nabal se ilhou e aprontou um grande banquete festivo à noite, regado a muita bebida.

No eixo de sua história vertical tudo de si estava sendo lambido pelas chamas do fogo eterno, enquanto que no eixo de sua história horizontal tudo estava lhe parecendo normal, anestesiado sob a alegria passageira do mosto. O que o tolo Nabal completamente bêbado e alegre não esperava era que ele e sua grande festa estavam sendo poupados por apenas uma noite. E somente na manhã seguinte, depois do amargo da boca e das dores da ressaca, recebeu o impacto da triste surpresa congelante que lhe levaram a sentir tamanho choque mortificador no coração e se petrificou de medos. Nabal caiu em si tarde demais, o juízo divino estava agora invisivelmente diante de si. O juízo do Céu desceu sobre o tolo arrogante Nabal, e na sua tolice ímpia se desmoronou congelado. Que tristeza quando o manto do juízo divino iminente desce e cobre sobre o ímpio.

Das lições e considerações sobre Nabal aqui se revelam que Nabal tinha, e realmente tinha. Entretanto, Nabal era o que nunca deveria ser. Nabal não era um cego tolo, mas um tolo cego. Nabal foi incapaz de se perceber a si mesmo, e era de seu costume não atentar para a vida e ainda menos para quem tinha consigo. Sem saber, o tolo ímpio Nabal estava por horas noturnas alheio a tudo festejando o seu próprio juízo e prenunciando aquela ser sua última noite de festa e embriaguez, e a partir dali deixar tudo que tinha, inclusive sua mulher Abigail para o futuro rei de Israel, a quem o ignorou, menosprezou e destratou quando este ainda coberto da poeira das guerras nem parecia ser o monarca histórico que estava a caminho de reinar. Urbanidade e reciprocidade não faziam parte do mundo interior de Nabal. No mundo mental fechado do tolo soberbo Nabal não cabiam esses valores humanos e desconhecia isso. Assim, quase dez dias depois de sua festa, Nabal debilitado foi visitado por completo pelo juízo do Eterno Deus sobre si, e Nabal congelado na sua tolice contumaz não pôde enxergar no antes o que deveria ver no depois.  
EvGS



domingo, 30 de abril de 2017

JOIADA: UMA TRANSIÇÃO EFICAZ.

JOIADA: UMA TRANSIÇÃO EFICAZ.
Certeza do dever cumprido.
 Ter a certeza é muito mais do que possuir a sensação, do dever cumprido. E mais do que ter o sentimento de dever cumprido é possuir o senso do cumprimento deste. Todavia, incomparavelmente melhor é de fato e em verdade o ter a certeza do dever cumprido. Sensação é a impressão vinda de elementos externos, e que pode lampejar lacunas e dúvidas. Sentimento é a capacidade de perceber e aquilatar através dos sentidos, e que pode oferecer riscos ou sofrer variações. Senso é a faculdade interna de entender, discernir, ajuizar e apreciar, e que ultrapassa um tanto mais do que as conveniências e convencionais. Já a certeza é a convicção baseada em evidências. E é adquirida da prova cabal, inconteste e inconfundível fundamentada na existência patente e real.

Na Bíblia Sagrada escrito está o bom nome de Joiada, um sábio sacerdote dotado de ânimo estável, de sensibilidade afinada e de inteligência. Um homem vivido e com a certeza do seu dever cumprido. Um equilibrado homem espiritual que atravessou o tempo durante seis reinados debaixo de situações diversas e circunstâncias adversas, sem perder o seu caráter e sua essência pessoal. Conviveu e viveu êxitos entre mundos. Joiada viu o bastante da vida. Um extraordinário viajante do tempo atravessando períodos e testemunhando múltiplas fases da família real no interior do palácio e da vida dentro dos limites do reino. O Senhor Deus Eterno o preparou e o conduziu a vir servir de elemento-chave transicional de proteção, orientação e mentoreação do rei e sua família, e de preservação de vidas.

Joiada não foi um monarca e nem da linhagem da família real, contudo as cortinas do tempo revelam que foi bem mais do que o convencional de sua posição sacerdotal e de sua época. Seu nome quer dizer “conhecido do Senhor”, ou “conhecimento do Eterno”, e mais literalmente “YHWH sabe”. A presença e a passagem da vida de Joiada no reino foram de elevada importância, e mais tarde veio a ser de reconhecimentos e admirações. Digno do registro que teve pelo papel relevante que bem soube viver e desempenhar.

Num período cruel e turbulento campeando nele cheiro estranho no reino e varrendo estranhos ares na família do palácio, Joiada foi notavelmente usado pelo Eterno como um elemento importante de transição para despertar e inspirar sensos, raciocínios, entendimentos, espiritualidade e tinos, e orientar nas direções certas, corretas e seguras ao palácio do rei, aos chefes do santuário e ao povo. Um período carimbado por tentativas de usurpação e desgovernos, instabilidades moral, espiritual e emocional. Joiada, ora como um pai e ora como sacerdote, teve que tratar, destruir e destronar maus hábitos e costumes perniciosos curtidos na vida interna do palácio e do reino para que estes viessem mais tarde triunfar com sucessos reais e verdadeiros.

Joiada, com os seus esforços e virtudes, contribuiu de maneira extraordinariamente sábia para o retorno e a permanência do excelente período de governo justo, louvável e honroso diante do Eterno Deus e do povo. Para tal conquista, Joiada experimentou sérios riscos e perigos se intervindo em questões de família, da monarquia e da religião. Um corajoso e destemido cumprindo o  papel de pai, protetor, mentor e conselheiro transicional eficaz. E o fez de forma parcialmente oculta, distante dos olhares públicos das gentes. Quando tudo no panorama pontilhava riscos e perigos, Joiada agiu e o fez sem qualquer pigmento de reivindicações de méritos a si, de futuros reconhecimentos, honrarias e glórias humanos. Joiada não se interessou em aparecer aos homens, mas cumprir o seu dever visando primariamente as promessas e bênçãos do Eterno e a soberania do rei sobre si e demais vidas no reino.

Quando a fumaça da tirania e a poeira da usurpação estavam abafando e sufocando a vida no palácio e varrendo sobre o povo no reino, Joiada entrou em ação sábia e inteligente, e comandou de forma silenciosa e oculta um grupo de centuriões e estabeleceu ordens e procedimentos para estes aplicarem na guarda do rei e no templo, a fim de manter a integridade pessoal e moral do palácio e do reino e o zelo e a ordem da Casa do Eterno. Joiada destemidamente correu sérios riscos e perigos agindo em prol da manutenção da vida e da estabilidade e da honra dos filhos descendentes da casa de Davi. O texto bíblico nos faz perceber que quando tudo cheirava derrota, vergonhas, maldições, vinganças, mortes e revoltas, Joiada cumpriu determinado o seu papel de maneira sabiamente estratégica e inteligente e o concluiu consciente e eficaz.

Vivido o bastante, Joiada aguardou a chegada do tempo apropriado esperando o rei amadurecer para que pudesse adequar e por em prática o melhor plano que mais tarde veio a ser revelado e notado como o segredo que manteve  a casa do rei cuidada, protegida e reerguida novamente e com sucesso. Joiada tudo isso fez conservando o seu cargo de sacerdócio em alta veneração. Joiada foi um regente virtual temporário que governou oculto e em secreto, sem ser percebido e nem notado. A história de Joiada mostra que sua presença e os seus resultados tiveram um papel importante e privilegiadamente transicional, e veio a ser honrado nos anos que se seguiram. Joiada não foi um aventureiro cheio de ímpetos afoitos e nem de boas vontades interesseiras. Joiada foi o ponto forte de transição eficaz e foi bênção que afastou maldições e vergonhas.

Para uma louvável história, o texto de 2Crônicas 24.15-16 dá o desfecho brilhante da vida de Joiada dizendo que “Joiada envelheceu, morreu farto de dias aos 130 anos, e foi sepultado junto com os reis na Cidade de Davi, pois tinha feito bem em Israel e para com o Senhor Eterno e Sua Casa”. Para um sacerdote ser sepultado junto com os reis na Cidade de Davi era uma elevada honra incomum. No cumprimento do dever, para esforços acima do comum, sejam reconhecimentos com privilégios e honras incomuns. A história de Joiada mostra que o mais importante de nossa participação em situações e circunstâncias num ambiente não é a nossa passagem ativa nelas simplesmente. Mas sim o domínio do saber no agir consciente e apropriado de que nos estão sendo concedidos nelas o privilégio e a honra de sermos elementos transicionais importantes para a conquista e o estabelecimento do bem nesse ambiente.

Assim, o mais importante não é ter a sensação de dever cumprido, nem somente o sentimento de cumprimento deste. Nem ainda apenas o senso de ter cumprido o dever. Entretanto, é descansar na certeza do dever cumprido por ver a evidência dos felizes efeitos das semeadura e colheita eficazes dele. Os resultados da brilhante passagem de Joiada como um importante elemento de transição na vida do rei e do reino nos acende, fortalece e tranqüiliza a boa consciência de quão grande e significativo é ter o privilégio em ser e servir de elementos de transição importantes com resultados felizes e eficazes para vidas importantes. Descansarmos de corações livres, satisfeitos e fartos na certeza do dever cumprido nos traz a convicção segura de completude, de espaços e lacunas preenchidos, de que nada nos prende, nada nos cobra e em nada ficamos a dever. Joiada, uma transição eficaz e a feliz certeza do dever cumprido. Glórias ao nome do nosso Eterno Senhor! Deus seja louvado eternamente.
EvGS



segunda-feira, 24 de abril de 2017

BENAIA: O MAIS NOBRE E ILUSTRE.

BENAIA: O MAIS NOBRE E ILUSTRE.
Sêlo de confiável não é para qualquer um.


Dois dos principais fatores mais estimados e admirados em todos os âmbitos da vida são a lealdade e a confiabilidade. Os lastros da confiança possuem marcos, marcas e história construídos. Lealdade precede a confiança. Ser achado confiável o suficiente não é para qualquer pessoa ou coisa, haja vista que o selo de confiabilidade não é obtido de uma aferição trivial, relâmpago, rasteira e vulgar. Confiança não tem preço. Confiança possui e exara valor de lealdade.

No exército do rei Davi esteve um homem entre os seus valentes, seu nome era Benaia. 1Crônicas 11.24-25. Apesar de não haver obtido nome e fama de herói entre os seus pares reconhecidos como heróis, o ser achado valente valoroso leal e confiável já lhe fora o seu sêlo de pessoa digna e de alta qualidade. As páginas sagradas registram Benaia como o mais nobre e o mais ilustre entre os valentes de Davi. Isso não foi coisa do imediatismo e tampouco do acaso e nem de circunstâncias casuais. A história de Benaia em rápidas frases comprova o que significa ter sobriedade e estabilidade diante de vários e diversos desafios.

Para Benaia, ainda que valentia, grandeza e poderio pessoais em obras não houveram sido as tônicas conceituais mais fortes que recebera em sua vida, o serem reconhecidas as suas virtudes pessoais de elevada nobreza nos leva a refletir sobre o que de fato é ser uma pessoa que reúne em si as qualidades que lhe conferem selo de ser o mais nobre, o mais ilustre, leal e confiável entre os demais. Obter tal destaque em ambiente desnivelado é relativamente o simplório lógico e fatal. Entretanto, obter isso entre pares num ambiente permeado de mesmo prumo e marcado de igual nível não é para qualquer um. Benaia foi o único achado na aferição e avaliação em busca do número um no foco.

Benaia foi da tribo de Judá, nascido em Cabzeel. Seu nome significa “aquele que YHWH construiu”, ou “edificado pelo Senhor”, ou ainda no hebraico mais radical “YHWH é inteligente”. Benaia teve uma vida cravejada pelo senso do valor da lealdade e norteada pela bússola da confiança. Benaia não se permitiu ser seduzido pelas trilhas da instabilidade de caráter que rondaram e rodearam outros valentes de seu convívio. Tanto que comandou duas frações mais disciplinadas do exército de Israel, a saber os quereteus e os peleteus. Benaia não foi um soldado qualquer entre a multidão de soldados escolhidos. Benaia não chegou à posição de comando simplesmente pelo tempo e debaixo dos olhares da casualidade contingencial, fria e comum.

Construir uma história estável de lealdade e confiança não é fruto do tatear na aleatoriedade artesanal e nem dos frisson das transitoriedades da vida. Fazer ser reconhecida uma história estável de lealdade e confiabilidade a ponto de fazê-la brilhar como a mais nobre e ilustre entre outras de mesmos grau e nível é tarefa para gente bem mais do que apenas espiritual, sentimental e humanitária. É coisa para gente pacientemente sábia, abalizadamente madura e consistentemente inteligente. É coisa de gente com cabeça segura no Céu, coração ancorado nas realidades da vida e pés firmes no chão de legítimas batalhas.

E recuperar e refazer totalmente vidas egressas dos bastidores da deslealdade e dos corredores obscuros e obtusos da infidelidade para reconstruí-las e levantá-las em pé de vitoriosas e livres sobre o patamar de nobreza não são empreitadas regradas apenas pelos ponteiros do relógio e nem pelos números do calendário. Há de que se ir e investir apenas um pouco mais longe. Quem hoje come e saboreia do melhor da sobremesa e do pirão, já fora outrora preparado, provado e achado digno durante o calor do forno, da bigorna e do tição.

Outrora Benaia foi um dos integrantes de um bando de homens problemáticos e descontentes que havia se encavernado junto a outros quando Davi fugindo de Saul o conheceu nos dias da caverna. Benaia não foi um oficial comandante egresso das trilhas da infidelidade, das vinganças revoltosas e da deslealdade, contudo viu de perto o palmilhar de corações vingativos, infiéis ao rei e desleais ao reino e acompanhou o que desses foi feito e o fim de caminho medíocre e infame a que chegaram. Benaia foi filtrado e passado na peneira e nos crivos. Benaia venceu os calores das batalhas honrosamente, empunhou espada firmemente sem titubear, se mantendo confiável até que chegou o dia do rei o nomear para o cargo de seu oficial comandante da guarda pessoal do rei. Cargo de extrema confiança que exigia a extração de provas de fidelidade e lealdade.

Benaia foi capaz de sustentar além de uma vida de valentia, ter o selo de ser fiel e manter o de ser leal em todo o tempo a ponto de ser escolhido e receber nomeação a tão brilhante e importante cargo para um oficial. O texto sagrado muito bem ensina e nos permite perceber que Benaia aplicou duas das maiores variantes da vida, a saber: seguir o tempo e acompanhar os fatos. Assim as resultantes sempre são seguras e os lastros se mostram confiáveis. Nos corredores da vida sempre é assim, e os históricos comprovam verdades que vão muito mais além do que as gentes comuns enxergam nas vitrines alheias, ou tentam mostrar nas suas. Decisões baseadas na fidelidade constante comprovada são um bom começo para atestar o selo da consolidação de confiabilidade clara, patente e inequívoca.

Benaia não se conformou e nem se deixou formatar-se ou ser induzido por outras histórias que passara perante seus olhos. Benaia foi mais longe e enxergou um tanto mais acima do que ser e servir de aparências que enganassem olhares, iludissem formas, matizassem ações e manejos para com isso satisfizessem aos outros. Não. Benaia foi de fato o mais nobre e ilustre acima dos três principais heróis dos mais de trinta valentes do rei Davi. Para se obter selo de nobreza não se começa no afã do muito, parte-se do início no pouco. Para grande parte dos homens e entre estes, tudo vale e vale tudo, todavia para a boa fatia de homens seguros e inteligentes, a nobreza da abundância no muito sempre é iniciada e provada e comprovada desde os passos no pouco. Ainda prevalece a prova e permanece a validade do que a Escritura diz. Aprende quem atenta e investe. Erra quem desatina e afrouxa. Infiéis e desleais não enxergam sacrifícios, apenas estendem e sucumbem em sofrimentos sem perceberem glórias.

Entende-se das Escrituras que o rei Davi e seu sucessor Salomão, apesar de suas confirmadas fraquezas e aparentes fracassos, jamais designariam para ser um oficial comandante de sua guarda pessoal e o colocariam no seu palácio diuturnamente se apenas esse possuísse algumas qualidades e variantes comuns e triviais vistas na régua da média e na faixa da mediana. Um oficial dotado de alguma força física, jeitos e habilidades, mas não lhe fosse pessoa confiável, e nem entendesse o que de fato era viver num palácio e dele conviver e interagir fora com pessoas do povo. Para tomar posse de coisas brilhantes se faz necessário seja brilhante, e para ocupar coisas nobres e ilustres se requer seja leal e confiável.


Das lições que se nos apresenta o texto sagrado, podemos entender que o rei Davi foi feliz no quesito de tanto conhecer e identificar as qualidades que Benaia possuía, como o haver designado para o honroso cargo de confiança. Para se reconhecer as qualidades de uma pessoa e atesta-la como digna e pronta para assumir posições e para a qual se pretenda colocar, é preciso investir nela, é preciso ser mais tático e ir um tanto mais além de circunstâncias e variantes comuns, triviais, frugais e vulgares. É preciso despi-la da caverna e revesti-la do palácio. É preciso não se prender a momentos, mas atentar para referenciais e detalhes. Todo fiel e leal é livre das prisões que secretamente atordoam e maltratam corações nos labirintos do não confiável pela vida afora. Benaia foi o mais nobre e ilustre porque fora decididamente fiel, tivera uma história constante de lealdade voluntária. A vida de Benaia teve caverna escura, mas não tinha becos e vielas sombrios. O selo de confiável não é para qualquer um.   
EvGS