quinta-feira, 22 de junho de 2017
JUDAS CREU E AMADURECEU.
ENFIM, JUDAS CREU E
AMADURECEU
No
início foi difícil para ter crido e aceito.
Depois de haverem se passado cerca de um pouco mais de quatrocentos
anos do silêncio do Eterno Deus aos homens, as espadas afiadas da tradição e a
contundência da religiosidade legalista cruzavam, chocavam e dividiam mundos e
opiniões, a vida cotidiana comum na Palestina estava vendo no seu meio o
incomum e sem igual no seu templo, nos seus caminhos e ruas. Um mestre rabino,
um carpinteiro experimentado nos trabalhos, vindo da desprezada cidade de
Nazaré estava dividindo e produzindo choques nas opiniões de religiosos e entre
o povo. Entre admirações e acusações, seu irmão mais novo Judas convivia.
No começo da convivência familiar, como deve ter sido
extremamente difícil para a mente lógica e juvenil do jovem Judas ter concebido
e ser convencida de que o carpinteiro seu “meio-irmão” era ao mesmo tempo além de
seu irmão do lar, era o Filho do Eterno Deus Pai. Como foi inteiramente
complexo no início para a mente natural e tenra do jovem Judas ter crido que o
carpinteiro seu “meio-irmão”, além de ser seu irmão do lar, era também
participante da criação de todas as coisas em cima no Céu e embaixo na Terra.
Como foi completamente confuso no início para a mentalidade cultural e religiosa
do jovem Judas ter crido que o carpinteiro seu “meio-irmão”, morando consigo
dentro do seu pobre lar, comendo do mesmo pão à mesa e bebendo da mesma água da
jarra, era Senhor descido do Deus Soberano. Que veio para Único Dominador com
poder e autoridade sobre tudo e sobre todos.
Esse jovem Judas, que mais tarde veio se apresentar descrevendo-se
como “servo de Jesus Cristo, irmão de Tiago”, foi irmão mais novo do Senhor
Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. Marcos 6.2-4; João 7.5. De início foi difícil
para crer, todavia mais tarde enfim substancialmente Judas creu, e além disso, já
amadurecido da caminhada, declarou sua prova de fé e crença em frases diretas e
sucintas. Atos 1.14; Jd 21-25. Muito possivelmente a numerosa parte dos
leitores modernos da Bíblia Sagrada ainda não tenha refletido nesses
quesitos-detalhes da vida de Judas, o jovem irmão do Homem de Nazaré chamado
Jesus. Detalhes esses que muito podem despertar atenções e alavancar
ensinamentos para a vida de tantos quantos possam deles extrair benefícios
edificantes. Principalmente daqueles que vacilantes buscam razões consistentes
para manterem firme a fé, enfrentando reações opositivas adversas, heresias e
apostasias e não se perderem presos circunstanciais fora do Caminho.
Assim como seus outros irmãos, o jovem Judas por certo período
alimentou dúvidas e descrença quanto a missão do seu “meio-irmão” mais velho chamado
Jesus. Olhando com lentes naturais para a vida comum e o ambiente que permeavam
aqueles dias na Palestina, pode se considerar aquelas divagações terem sido
aceitáveis e um tanto toleravelmente compreensíveis. A mentalidade corrente focada
pela tradição religiosa e sufocada pelo poder romano sobre o povo jamais teria
estrutura suficiente para crer e absorver algo mais do “meio-irmão” de Judas, a
não ser Ele ter sido naqueles dias uma esperança libertadora temporal em
relação a um mestre rabino, profeta, com uma missão terrena como os outros
anteriores.
Contudo, as caminhadas, os atos pessoais, as pregações, os
ensinos, as palavras e obras e as empreitadas efetuados pelo Homem de Nazaré,
chamado Jesus, foram devagar e paulatinamente alumiando entendimentos,
afogueando convicções, no coração do jovem Judas e imprimindo o ponto de fortes
certezas interiores quanto à divindade, ao poder e à autoridade de seu
“meio-irmão” Jesus, o Ungido do Eterno Deus. Judas vinha vendo e acompanhando
palavras, manifestações de sinais e maravilhas, curas e expulsão de demônios.
Enquanto o tempo passava, além de sua mãe Maria, o jovem Judas
também fora colecionando dentro de seu mundo interior tudo quanto estava vendo em
Jesus, pregando, ensinando e realizando
aonde ia. Sem embargo, as admirações e a fama do irmão mais velho de Judas
estavam tomando espectro entre as gentes em sua localidade e já avançando além do
Templo e das fronteiras. Mas não apenas a fama, e sim também o levante da
avalancha de oposições e incompreensões odiosas, rixas ressentidas, invejas
homicidas, tentativas e armadilhas traiçoeiras contra a vida de seu
“meio-irmão” Jesus. Judas foi uma testemunha pessoal e direta disso.
Rodeado pelas correntes filosóficas, ideológicas e astuciosas
dos mundos influentes da época, a saber o farisaico e o saduceu, o jovem Judas
conviveu entre dois mundos em torno de seu “meio-irmão” Jesus. De um lado,
adimirações e bendições por parte do povo, principalmente das pessoas mais
simples e pobres beneficiadas. Do outro, ferrenhas oposições em todos os
sentidos e gêneros e tipos por parte da camada religiosa influente e poderosa
sobre o povo. De um lado, Judas ouvindo palavras elogiosas e animadoras. Do
outro, Judas ouvindo, presenciando e recebendo os impactos das iras
injustificáveis e das acusações severas irrefletidas, contra seu “meio-irmão”
Jesus.
A fé de Judas agora já estava se tornando robustecida e suas
experiências de fé se fortalecendo tanto pelo que seus olhos viam como seus
ouvidos ouviam do Mestre da Galiléia, seu “meio-irmão” mais velho chamado
Jesus. O tempo passou e chegaram os dias conflitantes e desafiantes para a
mente de Judas, trazendo a prisão, o julgamento em duas etapas, a exaração da
condenação e pena por crucificação seguida de morte de seu “meio-irmão” Mestre,
da casa de seus pais. Porém a vida de Judas não congelou no episódio noticiado em toda Jerusalém.
Após o curto e rápido período de luto e tristeza experimentados
por três dias, enfim agora depois da ressureição de seu Mestre, os
entendimentos de Judas foram mais ainda abertos e ele a obter certezas
consideravelmente distintas e provas infalíveis e incontestáveis dessa
ressurreição, e passou a considerar e confessar seu Mestre agora como o seu
Senhor. O que jamais Judas viu antes nos calores das oposições contra a vida e
a pessoa de seu “meio-irmão” Jesus, lhe chegara depois daqueles dias de sua
perseverança e enfrentamentos familiares, religiosos e sociais. Agora aquele
Judas que antes convivera com sérias descrenças em relação ao Homem de Nazaré
em meio a turbas e turbulências. Judas já passou a perceber a realidade sem
grandes explicações. Judas, enfim creu e amadureceu.
Para aqueles que caminham com o Mestre, nem tudo e de quase tudo
que acontece a si e/ou ocorre ao seu redor lhe são cedidas explicações humanas.
Cessam as ignorâncias, as tolices dos
pensamentos, certos víeis das tradições e os convencionalismos. A multidão
locupletada e sufocada pelos poderes humanos e influenciada pelo poderio do
tradicionalismo esbaforido viam Judas como o irmão do mestre rabino contrário e
contrariador, contraditor e contraventor, revolucionário anti-ético,
anti-tradicional, anti-religioso, transgressor declarado da Lei e da ordem
religiosa e cultural, uma ameaça. Tudo indicava que Judas deveria desistir de
crer e seguir no que lhe havia ensinado e demonstrado o seu “meio-irmão” Jesus.
Entretanto, Judas guardou consigo experiências vivas e estava agora mais solidificado,
já consubstanciado e seguramente estruturado dentro do seu mundo interior.
Judas veio se tornar um apóstolo (enviado) repleto de palavras e
feitos poderosos. Um dos baluartes animados mais apologetas defensores da fé
cristã. Atravessou a Armênia e a Pérsia, proclamando com convicções fortes e
firmes a mensagem do Evangelho, sofrendo sérias críticas, oposições e rejeições contra sua vida, sua fé
e sua missão. Suas palavras e colocações escritas demonstram nitidamente o grau
incomum de firmeza, sobriedade, equilíbrio e defesa contra as ondas das
heresias, das apostasias, que ora forçam e ora se infiltram na igreja. Judas foi
odiado gratuitamente, mas deu o melhor de si, sem busca de notoriedade entre os
homens, mantendo sua postura. Em todo o Novo Testamento e em toda literatura
secular não se acha Judas se auto-titulando ser “irmão do Messias” ou “irmão do
Senhor Jesus”. Por seus feitos e atitudes baseados em convicções de fé e
prática, Judas teve os seus dias concluidos fazendo e dando o melhor de si por
muitas vidas sem em nada haver reivindicado recompensa humana.
EvGS
terça-feira, 6 de junho de 2017
HANANIAS SÓ QUERIA AGRADAR.
HANANIAS SÓ QUERIA
AGRADAR.
Um doce
discurso com um amargo engano.
O capítulo 28 do Livro do Profeta Jeremias descreve em dezessete
versículos uma mostra suficiente de realidades que o povo de Deus precisa
conhecer. O povo de Deus tem ouvido inúmeras mensagens ao longo dos anos. Algumas
semelhantes, similares, às de Jeremias. Amargas, mas verdadeiras e eficazes. Outras
são idênticas, coincidentes, às de Hananias. Doces, porém falsas e desastrosas.
O texto concentra o foco sobre um profeta. Seu nome era Hananias, que em
hebraico quer dizer “O Eterno Deus é bondoso, gracioso, clemente, misericordioso”.
Vale muito conhecer quase tudo de Hananias em poucos passos. Assim poderemos
entender e ficar quase que defronte para as falas e cenas de Hananias e
interpretar discursos de nossos dias.
No passo inicial, vale conhecer a pessoa de Hananias e o seu
tempo. Ele era filho de Azur, nascido em Gibeom, ou Gabaon. Uma cidade
assentada no monte oblongo rodeado por uma linda e fértil planície. Nela
residiram parte de levitas no passado. Gente que cuidava intima e especificamente
das coisas do Eterno. Hananias veio desse meio e estava em Jerusalém. Exerceu
o ofício sagrado de profeta no tempo do fraco e vacilante monarca Zedequias,
rei de Judá. Não resta dúvida de que Hananias foi um profeta entre outros seus
contemporâneos.
Nesse tempo, as lideranças política e religiosa em Jerusalém estavam
atentas aos movimentos do seu povo e do mundo de então ao seu redor. Suas
vistas estavam enxergando tudo, mas apenas por uma lente só. Uma lente obscura,
desfocada e fosca. Uma lente com a visão resumida e viciada no lado político e
social individualista. Alimentavam o ego estribadas em presunções religiosas e
sustentavam o falso orgulho nacionalista mixto de ideologias sócio-político-religiosas
que lhes favorecessem e as mantivessem no poder. Um rei manipulado e de pouca
força em todos os sentidos; um sacerdócio por demais ganancioso e excessivamente
permissivo; e grande parte dos profetas associada e comungada com “figos ruins”
- encantadores e mágicos. Uma miríade de falsos profetas, adivinhos,
sonhadores, encantadores e mágicos campeava nas portas, ruas, praças e nas
dependências externas do Templo. O Templo empanturrado de ganância financeira, mostras
de misticismos, ídolos e deuses estranhos infiltrados no seu interior. O povo
vivia embalado pelas exposições de mágicas e encantamentos, discursos
ilusionistas que lhe levantassem a auto-estima individual e lhe promovesse
alegrias infrutíferas, imediatistas e transitórias.
No passo seguinte, vale conhecer as razões pelas quais Hananias
era um falso profeta. Hananias não foi enviado pelo Eterno. O que Hananias
anunciou e fez não foi o que o Eterno Senhor disse, mostrou ou mandou fazer.
Nesse clima mixto circulante, Hananias levantou a si mesmo, ganhando
notoriedade com um doce discurso por sua própria iniciativa e do agrado geral e
irrestrito do rei, dos sacerdotes, dos profetas e do público. Apesar do Senhor
Deus haver advertido a todos a não cederem ouvidos ao contrário do que Ele
disse, mesmo assim Hananias levou o povo a confiar em doces mentiras que
derrocaram a um amargo engano. Usando sua oratória, sua prática retórica e sua
capacidade “homilética”, induziu e incutiu meias-verdades na cabeça do povo.
Falar coisas que agradassem egos presunçosos era sinal de garantia de platéias
cheias e aplausos. A verdade amarga da pregação de Jeremias ganhou rejeição e
ódio. A mentira doce do discurso de Hananias cativou adesão e simpatia. Nem
tudo que é verdadeiro significa alegria, e nem tudo que é vaidoso quer dizer
tristeza.
Impelido pelas forças da vaidade e da fatuidade dos brios
pessoais e com esforço desejoso e oportunista movendo seu forte ímpeto em falas
presunçosas, Hananias aproveitou a presença congregada do público diante dos sacerdotes
e do profeta Jeremias, homem de Deus, na Casa de Deus, e anunciou o que o
Eterno não disse empregando seu sermão equivocado, desafinado e venenoso. Uma
mensagem deveras otimista e altruísta arquitetada em sua mente, floreada no seu
coração e lançada ao seu bel-prazer com o intuito de promover agrados populares
e falsamente levantar o moral de um povo frio e excessivamente dado a imoralidades pervertidas e à religiosidade por
demais permissiva de então.
Enquanto o profeta Jeremias se esforçava por manter viva a
pregação verdadeira de sujeição ao reino babilônico, por ordem divina expressa,
a fim de poupar e preservar o povo de Deus até que passasse o tempo
determinado, o falso profeta Hananias se ostentava utilizando uma tática
venenosa com o seu doce discurso cativante que incentivou o povo de Deus a se
colocar passivamente em rebeldia contra Deus. Um dos males mais terríveis, destruidores
e inconseqüentes é a rebeldia passiva. A doce mensagem de Hananias parecia ser
verdadeira às vistas do orgulho religioso e nacionalista de então. O discurso
de Hananias estava na faixa modal do momento.
Na escuridão espiritual do tempo do rei Zedequias, o povo estava
com os ouvidos tomados por comichões histéricos e o coração ansioso e ávido
para ouvir falas e discursos doces que alimentassem suas vontades pessoais e
animassem seu ego durante o período de crise a nível nacional. Dar ouvidos a
charlatões religiosos, encantadores e adivinhos era o que mais aguçava o
interesse e a curiosidade de um povo adoecido pelo falso orgulho nacionalista e
presunçoso, anestesiado e equivocado religiosamente e decaído no grau excessivo
de imoralidade, perversidade, injustiças, corrupção, ganância. Um povo
classicamente afastado de Deus. Um período propício para Hananias ter “pregado”
sua mensagem espiritualmente desconexa e seu sermão aparentemente ávido, doce e
convincente. Era fácil e gostoso ouvir Hananias nos dias como aqueles. O
difícil e amargo era receber e acatar o que o Eterno disse dos destinos que
estavam na realidade por virem.
No passo conclusivo, vale conhecer a voz do Eterno e refletir
nas mensagens que se ouve. Ouvir o sermão do profeta Hananias era como ouvir
lindas e doces mensagens cujas proposições e tópicos são engenhosamente
direcionados a atender apenas, e somente, a desejos imediatistas, egocêntricos
e promover o ânimo puramente otimista, altruísta e humanocêntrico de alguém que
na verdade precisa de cura em todos os sentidos e carece de profunda
restauração em todos os aspectos. Mensagens ricas e opulentas em requintes da
retórica habitual e expressiva e da homilética viciada e inconsequentemente
descomprometida. Mensagens mendigas lúdicas, distraidoras, palpérrimas e
miseráveis em exegese e hermenêutica sagradas.
A mensagem de Hananias foi pronta, extrema e agradavelmente
aceita, mas era falsa. Hananias não era um profeta falso, porém por causa de
sua mensagem falsa ele se fez falso profeta. Ela contrariava, desmerecia,
ofendia e incitava rebeldia contra tudo que o Eterno Senhor nosso Deus havia
dito para curar o Seu povo afastado de então. Hananias só queria agradar o povo
em um doce discurso com um amargo engano. E na ânsia oportunista de agradar
situações e atender a circunstâncias, aquele profeta desagradou a Deus
expressando com sua fala o que apenas e unicamente seu coração sentiu. No
intuito de forçar agradar os homens em tudo, nem tudo que o coração sente e
sabe deve ser expresso fora de tempo e revelado pela fala precipitada.
EvGS
domingo, 28 de maio de 2017
MORDECAI: O SEGUNDO DEPOIS DO REI
MORDECAI FOI O SEGUNDO DEPOIS
DO REI.
De
sentado à porta ao assento de primeiro-ministro.
Uma dessas histórias é a do judeu devotado Mordecai (também
conhecido em algumas versões bíblicas como “Mardoqueu”). Ester 10.1-3. Na
história de Mordecai o Eterno Deus está, sem aparecer o Seu nome. No
entrementes dos contratempos dessa história, através de Mordecai, surgiu o livramento e o triunfo
final da história do povo judeu cativo no reino persa de
então. Vivendo em meio a crises no palácio, rejeição e deposição da rainha e
conspirações movidas pelas forças do ódio e de interesses alheios, o pequeno homem desprezado
Mordecai passava seu tempo de empregado, assentado a efetivo serviço na porta
do rei persa Xerxes (Assuero).
O delicado, atento e meticuloso crivo da censura dos oficiais
escribas persas não detectou o maravilhoso nome YHWH no documento, e muito
menos o sentido desse nome escrito nele. Sem que suas vistas alcançassem, o DNA
10-5-6-5 da assinatura do Eterno Deus regente estava presente e conduzindo imperceptivelmente
de dentro da exuberante fortaleza persa de Susã o intelligence design na História. Com os reviravoltas da história,
mais tarde interesses estranhos tentaram inferir e disseminaram o documento bíblico se
tratar de uma “novela” judaica e não considerá-lo como fato histórico. Entretanto,
a inegável evidência histórica ao longo dos anos o declara real e permanece
viva na “história de Pur”, na Festa do Purim, ou “festa de Mordecai”.
A história de Mordecai é confirmada na realidade e está marcada por pontos
divinos que indubitavelmente vão bem mais distantes de muitas outras consideradas
fantásticas que passam apoiadas em sucessos e políticas curiosos comuns na
vida, quer registradas ou não. Mordecai foi um judeu da tribo de Benjamim, seu
pai era Jair. O nome hebraico “Mordecai” quer dizer “pequeno homem”, ou no
hebraico mais radical significa “amargura da minha opressão”. Mordecai foi um
dos transportados cativos de Jerusalém para a Babilônia, mais tarde no domínio
persa. Foi levado junto com o monarca Jeconias, rei de Judá.
A história de Mordecai brilhou em lealdade para com o rei,
reluziu em fidelidade para com o seu povo e seu compromisso com a sua visão de
soberania do Eterno nas questões do povo ficaram claras nas suas palavras
conselheiras e atos de coragem e riscos. Mordecai possuía boa e considerável
noção sobre o mover do tempo das providências do Eterno Deus sobre vidas.
Mordecai possuía a boa noção conhecedora de identificar para onde estavam indo
os caminhos da vida. Mas a fidelidade de uns parece incomodar interesses e
tendenciosidades de outros. A fidelidade de uns sempre frustra e desagrada
deslealdades de outros. A fidelidade mal interpretada de uns pode se fazer alvo
gratuito do ódio e do rancor de outros.
Ante a uma tentativa engenhada por um complô de oficiais que
visavam assassinar o rei Xerxes Assuero, o empregado de porta Mordecai mesmo
como um estrangeiro se antecipou em frustrá-la, impedi-la, e o fez para evitar
tragédias futuras que poderiam mais tarde pesar contra o bem-estar de seu
próprio povo cativo em terra persa. Os dias se passaram e o nome do pequeno
homem comum judeu empregado Mordecai, apesar de registrado pelos seus feitos,
fora caído no esquecimento. E como acontece a todo homem, os dias de teste da
fidelidade das palavras e atos de Mordecai chegaram trazendo contra si ódio,
furor e rancores desferidos por um coração nutrido pelas sede e fome por poder.
Mordecai passou a sofrer oposição e se tornou em alvo de um tipo de ódio
vingativo revanchista que tem envenenado corações e levado muitas almas opressoras e gananciosas ao
fim trágico iminente para si mesmas.
A partir daqueles dias sombrios e por um período tenebroso Mordecai foi odiado de
morte, acusado e desprezado em extremo pelo oficial da mais elevada patente Hamã,
a autoridade do alto escalão do rei. As forças trevosas tramaram e montaram uma
forca injusta e um decreto fatal contra Mordecai. Na visão lógica natural e humana dos fatos, o
judeu Mordecai se portou com atos literalmente desobedientes, infratores de
costumes, irreverentes e desrespeitosos diretamente para com a patente do oficial
do rei e indiretamente para com o poder monarca. E a partir dali Mordecai foi submetido a
dias consternados à humilhação e tristezas juntamente com o seu povo. Entretanto,
para todo homem que caminha honesto e cônscio do bem que faz e para o bem de
outros, os olhos e ouvidos do Eterno Deus não dormitam e nem deixam passar e
cair por terra e ao vento o bem que faz. Mordecai e seu povo se cobriram de
luto, choros inconsoláveis e lamentações, diariamente diante do Eterno Senhor. Enquanto
o oficial Hamã, fissurado e faminto por poder, tirava proveito da humilhação e
tristeza do empregado de porta Mordecai e do povo judeu de então, e alimentava
sua alma com ódio, rancores e presunção, Mordecai passava dias sombrios sob a
força de um decreto pernicioso e tendencioso contra sua vida e a de seu povo.
Todavia, o mover do bom favor da mão do Eterno Senhor não
dormita e nem se modela na sombra de variações. Os movimentos do dia no exuberante
palácio persa passaram, o opressor Hamã faminto por poder não imaginava o
desfecho de seu decreto pernicioso que exarou contra o povo judeu e nem lhe
passava pela cabeça em quem iriam cair o peso e o repuxe da corda da forca injusta
e perversa que preparou sob encomenda específica contra Mordecai. O sol
declinou e a noite chegou trazendo outros movimentos que não se havia para tal atentado
antes. O sopro dos ventos estava sendo mudado e varrendo a noite sobre a
fortaleza de Susã.
E o que não se esperava as altas horas da noite trouxe, uma insônia
ao poderoso e eminente rei Assuero. Enquanto o silêncio das câmaras e dos
corredores do palácio declaravam calmaria em plena frieza da penumbra de luzes
das lamparinas fixadas nas paredes de pedras trabalhadas, e os residentes dormiam assegurados de paz, o
sono do rei Assuero fugiu. No seu estado de vigília noturna, chegou-lhe a
inspiração na vontade de ouvir a leitura de livros das crônicas dos reis do império
Medo-persa. E assim seus jovens servos estavam sendo chamados “à ordem” para
executar as leituras. E nelas o nome e os feitos do empregado de porta Mordecai
saltaram-lhe às vistas e o espírito de gratidão e reconhecimento levou o rei
Assuero a questionar o assunto. E a partir daí foi exarada a ordem real e
suprema para reparar a injustiça e efetuar a distinção honrosa ao pequeno homem
judeu empregado da porta do rei. Enquanto o palácio e o império dormiam o
pesado sono da noite, o nome de Mordecai estava acordado e aceso sendo
examinado diante das vistas do rei Assuero e indicado ao galardão público e
honroso outorgado pelo monarca do mais poderoso e famoso império persa de então.
Mordecai, que em tempos outrora havia entrado pelos portões do
império, transportado na condição de escravo cativo; que tinha cuidado e educado sua “filha” sobrinha
que, sendo uma moça judia, mais tarde providencialmente veio a ser rainha de um
império estrangeiro. Mordecai, que havia passado seu tempo trabalhando sentado
na porta do rei; que teve seus atos e palavras testados e seu caráter e sua fé
provados sob crivos injustos e ímpios e debaixo de crivos justos e honestos; que
foi alvo gratuito do ódio e da opressão; que vestiu-se de consternação e
humilhação; que cobriu-se de choros e lamentações pelas ruas, praças e calçadas;
que sofreu ameaças odiosas com sentença secreta de forca, agora estava numa
noite de insônia do rei sendo enfim visto com outros olhares.
Aquele Mordecai que outrora foi um judeu empregado da porta do
rei, agindo com bondade e honestidade para o bem, veio a ter a oportunidade
providencial e divina de ser chamado à presença do rei persa e sair dela
vestido com veste real azul celeste e branco, com o anel de ouro real no dedo
direito, levando sobre sua cabeça uma coroa grande de ouro, coberto com capa de
linho fino e púrpura, e a cidade de Susã com ele se exultou e se alegrou. Sem
arranjos, jeitos e nem trapaças, chegou a ser o segundo depois do rei, e grande
e agradável, procurando o bem do povo e trabalhando pela prosperidade do povo. Mordecai,
de sentado à porta do rei ao assento de primeiro-ministro do reino. Quando o
Eterno Senhor Deus quer, o sopro dos ventos mudam, e a vida ganha boas e
felizes influências e grandes valores a revestem.
Da história de vida de Mordecai se entende seguramente que o príncipe
do mundo pode começar no governo, mas é o Príncipe do Eterno que o conclui no
poder. O fantástico e notável não é representar e levar nas mãos as rédeas do
governo aqui embaixo, todavia o majestoso e louvável é exercer o poder legítimo
delegado e outorgado sobre ele com aprovação de cima. Ainda que numa história
não se possa ver o nome do Eterno Deus, nela procuremos o dedo dEle escondido
que certamente vamos encontrar. Que das histórias que passam diante nós, não
caiamos no laço de catar atos e fatos com a mesquinha, medíocre e limitada
visão dos olhos da lógica consensual ou convencional, entretanto percebamos e
transcendamos o inexplicado. Na história daqueles que na providência divina
hoje fazem o bem e promovem a prosperidade honesta de outros, não é o
merecimento pessoal que prevalece, porém são o carimbo e a assinatura do dedo do
Todo-Poderoso nela.
O Eterno Deus seja louvado.
EvGS
domingo, 21 de maio de 2017
NABAL CONGELADO POR UM SUSTO.
NABAL CONGELADO POR
UM SUSTO.
A
tolice de não poder enxergar o que deveria ver.
Nabal foi uma dessas pessoas. 1Samuel 25.2-42. Apesar do texto
bíblico haver registrado o resumo da vida de Nabal em um pouco mais de quarenta
versículos, já nos faz esclarecidos o suficiente do arcabouço completo necessário
ao que dele se precisa saber. O mais importante a ver da vida de Nabal não são curiosamente
os seus crassos erros cometidos, mas sim consistentemente as lições,
características e considerações deixadas e expostas para gerações futuras.
Nabal não pôde e muito menos conseguiu enxergar o que deveria ver. Nabal
parecia ver o que parece que pensou, quando na verdade não conseguiu enxergar e
muito menos pensar sobre o que viu.
Da vida de Nabal, algumas considerações essenciais cabem à
atenção. E no texto em foco, a primeira nos prende quanto ao nome de Nabal. O nome “Nabal” não
significa apenas um “tolo” em sentido de simplicidade ou estupidez de
entendimento, ou bobalhão no saber. Definitivamente não. O nome Nabal fala e
apresenta um conjunto de classificações que englobam a natureza da pessoa, do
caráter, da personalidade, do temperamento e do proceder de Nabal. “Nabal”
significa “grosseiro perverso moralmente”, “maligno insensível”, “rude
irreverente aos direitos do Eterno e negligente aos dos homens”, “pessoa sem
juízo e de comportamento vil e vergonhoso”. Enfim, um nome carregado de péssimos
conceitos. A pessoa inteira e completa de Nabal fez jus ao seu nome.
Impressionante e quase estarrecedor.
A segunda consideração é a de que o Nabal insensível para com o
Eterno Deus e para com as pessoas, teve trancadas as portas de seu entendimento
para a razão, a consciência e o
raciocínio. Nabal não se permitia ser iluminado nos seus posicionamentos e nas
suas declarações impensadas e tempestuosas. Em outras palavras, Nabal extrapolou
as linhas de uma pessoa desajuizada, ignorante e bruta, no agir e no falar. Nabal
não conseguiu perceber bem e raciocinar equilibradamente o presente e nem
enxergar o futuro. Nabal se agarrou ao “cesto do pão” perecível de hoje, sem
ter se permitido enxergar a colheita permanente do melhor “trigo” abundante do
amanhã. Nabal foi exatamente assim. Fez o que não deveria, e disse o que não poderia.
Na escuridão de entendimento, Nabal arrastou a vida redondamente enganado.
Quantos prejuízos.
Longe da razão e distante do raciocínio, Nabal viu apenas um
então guerreiro simples Davi como um escravo, para ele quase anônimo, visivelmente
desprezível, fugitivo, acompanhado de um bando de moços, e nada mais que isso
Nabal enxergou. A cabeça fechada de Nabal lhe impediu de levar em conta a
história conhecida de guerras do Senhor Eterno feitas por Davi em sua caminhada.
O que era publicamente conhecida em direção à sucessão no trono do reino. Nabal
viu em Davi apenas o cinza do chumbo, mas não enxergou nele o brilho da prata.
Nabal apenas viu em Davi a zinabre e a poeira do cobre, mas não enxergou nele o
reluzir e o brilho do ouro. Nabal definitivamente não enxergou em Davi aquele
ungido divinamente destinado a ser o seu futuro e brilhante rei. A simplicidade
e as cortinas do tempo ocultam e encobrem o brilhantismo até que chegue o
momento oportuno da realeza se revelar. Nabal se fez não ter visto o agir de
Davi e nem enxergou o mover do Eterno Deus. Que lastimável.
A terceira consideração é a de que o tolo Nabal, insensível aos
benefícios que recebera do Eterno Senhor através de Davi e seus moços, se fez odiado
e inútil. Nabal não foi um tolo rude e comum de classe social média vivendo e
remoendo problemas, ou com apenas delírios desvairados de estupidez momentânea e
intempestividades. Nabal foi um indivíduo citado e descrito como um elemento importante,
poderoso, em poder patrimonial. Nabal era um cidadão abastado da cidade de Maom
com seus amplos negócios na região de Carmelo; tinha muitos bens e empregados. Nabal
tinha, mas não era, e tudo que foi se resumiu em tolice cega. Um mal
conceituado e imprestável em sua própria casa e entre seus empregados.
O patrimônio, os servos e os negócios de Nabal haviam outrora sido
beneficiados pela proteção e cordialidade diuturnas oferecidas por Davi e seus
moços guerreiros, contra o perigo real de poderosos roubadores e saqueadores astutos,
tão comuns naquele tempo transitando perversamente no deserto. Porém, Nabal ignorou
os benefícios e maltratou os benfeitores quando estes lhe foram rogar apenas
por alguns suprimentos voluntários e sem medidas reivindicativas. Davi foi
extremamente útil a um Nabal assustadoramente tolo e insensatamente inútil. As
problemáticas de Nabal não residiam acidentalmente nas suas falas, mas provinham
do seu caráter ímpio, péssimo e defeituoso.
A quarta consideração é a de que o tolo Nabal insensível ao
temor do Senhor, na sua arrogância se tornou um filho de Belial. Rejeitando a
sabedoria divina, colocou em graves riscos fatais a sua própria alma e as dos
seus. O proceder de Nabal indica haver se fechado e se embrutecido aos conselhos
sábios e sugestões úteis para as realidades dinâmicas e mutantes da vida. Nabal
foi imprudente e imprevidente habitual. No seu mal comportamento habitual vil e
vergonhoso, a mente arrogante de Nabal parecia não ter imaginado a tempestade
violenta criada e levantada pelo seu espírito tolo, contra sua vida e sua casa.
Nabal é a figura do tolo ímpio filho de Belial contumaz, mergulhado nas
alegrias passageiras do engano e na soberba da imprestabilidade, caminhando despercebido
para a morte eterna e arrastando outros consigo.
O tolo Nabal seguiu naturalmente dando coices contumazes,
fazendo o que insensível e rotineiramente lhe era de hábito e costume peculiares.
Seguiu desconhecendo pessoas, desprezando os movimentos da vida e ignorando
juízos divinos. Sem que se tocasse ou notasse seu proceder ímpio, Nabal acendeu
o estopim do bombardeio do juízo do Céu contra si. Incapaz de ajuizar fatos e
situações por vir que comprometiam sua vida, seus bens e negócios e seu futuro,
Nabal se ilhou e aprontou um grande banquete festivo à noite, regado a muita
bebida.
No eixo de sua história vertical tudo de si estava sendo lambido
pelas chamas do fogo eterno, enquanto que no eixo de sua história horizontal tudo
estava lhe parecendo normal, anestesiado sob a alegria passageira do mosto. O que
o tolo Nabal completamente bêbado e alegre não esperava era que ele e sua
grande festa estavam sendo poupados por apenas uma noite. E somente na manhã
seguinte, depois do amargo da boca e das dores da ressaca, recebeu o impacto da
triste surpresa congelante que lhe levaram a sentir tamanho choque mortificador
no coração e se petrificou de medos. Nabal caiu em si tarde demais, o juízo
divino estava agora invisivelmente diante de si. O juízo do Céu desceu sobre o
tolo arrogante Nabal, e na sua tolice ímpia se desmoronou congelado. Que
tristeza quando o manto do juízo divino iminente desce e cobre sobre o ímpio.
Das lições e considerações sobre Nabal aqui se revelam que Nabal
tinha, e realmente tinha. Entretanto, Nabal era o que nunca deveria ser. Nabal
não era um cego tolo, mas um tolo cego. Nabal foi incapaz de se perceber a si
mesmo, e era de seu costume não atentar para a vida e ainda menos para quem
tinha consigo. Sem saber, o tolo ímpio Nabal estava por horas noturnas alheio a
tudo festejando o seu próprio juízo e prenunciando aquela ser sua última noite
de festa e embriaguez, e a partir dali deixar tudo que tinha, inclusive sua
mulher Abigail para o futuro rei de Israel, a quem o ignorou, menosprezou e destratou
quando este ainda coberto da poeira das guerras nem parecia ser o monarca
histórico que estava a caminho de reinar. Urbanidade e reciprocidade não faziam
parte do mundo interior de Nabal. No mundo mental fechado do tolo soberbo Nabal
não cabiam esses valores humanos e desconhecia isso. Assim, quase dez dias
depois de sua festa, Nabal debilitado foi visitado por completo pelo juízo do
Eterno Deus sobre si, e Nabal congelado na sua tolice contumaz não pôde enxergar
no antes o que deveria ver no depois.
EvGS
domingo, 30 de abril de 2017
JOIADA: UMA TRANSIÇÃO EFICAZ.
JOIADA: UMA
TRANSIÇÃO EFICAZ.
Certeza
do dever cumprido.
Na Bíblia Sagrada escrito está o bom nome de Joiada, um sábio sacerdote
dotado de ânimo estável, de sensibilidade afinada e de inteligência. Um homem vivido
e com a certeza do seu dever cumprido. Um equilibrado homem espiritual que atravessou
o tempo durante seis reinados debaixo de situações diversas e circunstâncias adversas,
sem perder o seu caráter e sua essência pessoal. Conviveu e viveu êxitos entre
mundos. Joiada viu o bastante da vida. Um extraordinário viajante do tempo
atravessando períodos e testemunhando múltiplas fases da família real no
interior do palácio e da vida dentro dos limites do reino. O Senhor Deus Eterno
o preparou e o conduziu a vir servir de elemento-chave transicional de
proteção, orientação e mentoreação do rei e sua família, e de preservação de
vidas.
Joiada não foi um monarca e nem da linhagem da família real,
contudo as cortinas do tempo revelam que foi bem mais do que o convencional de
sua posição sacerdotal e de sua época. Seu nome quer dizer “conhecido do
Senhor”, ou “conhecimento do Eterno”, e mais literalmente “YHWH sabe”. A
presença e a passagem da vida de Joiada no reino foram de elevada importância, e mais tarde veio a ser de reconhecimentos e admirações. Digno do registro que teve pelo papel relevante que bem soube
viver e desempenhar.
Num período cruel e turbulento campeando nele cheiro estranho no
reino e varrendo estranhos ares na família do palácio, Joiada foi notavelmente
usado pelo Eterno como um elemento importante de transição para despertar e
inspirar sensos, raciocínios, entendimentos, espiritualidade e tinos, e orientar
nas direções certas, corretas e seguras ao palácio do rei, aos chefes do
santuário e ao povo. Um período carimbado por tentativas de usurpação e
desgovernos, instabilidades moral, espiritual e emocional. Joiada, ora como um pai e ora como sacerdote, teve que tratar,
destruir e destronar maus hábitos e costumes perniciosos curtidos na vida interna do
palácio e do reino para que estes viessem mais tarde triunfar com sucessos
reais e verdadeiros.
Joiada, com os seus esforços e virtudes, contribuiu de maneira
extraordinariamente sábia para o retorno e a permanência do excelente período
de governo justo, louvável e honroso diante do Eterno Deus e do povo. Para tal
conquista, Joiada experimentou sérios riscos e perigos se intervindo em
questões de família, da monarquia e da religião. Um corajoso e destemido cumprindo o papel de pai, protetor, mentor e conselheiro transicional eficaz. E o fez de forma parcialmente
oculta, distante dos olhares públicos das gentes. Quando tudo no panorama pontilhava riscos
e perigos, Joiada agiu e o fez sem qualquer pigmento de reivindicações de
méritos a si, de futuros reconhecimentos, honrarias e glórias humanos. Joiada
não se interessou em aparecer aos homens, mas cumprir o seu dever visando primariamente
as promessas e bênçãos do Eterno e a soberania do rei sobre si e demais vidas no
reino.
Quando a fumaça da tirania e a poeira da usurpação estavam abafando
e sufocando a vida no palácio e varrendo sobre o povo no reino, Joiada entrou
em ação sábia e inteligente, e comandou de forma silenciosa e oculta um grupo de centuriões e estabeleceu
ordens e procedimentos para estes aplicarem na guarda do rei e no templo, a fim
de manter a integridade pessoal e moral do palácio e do reino e o zelo e a
ordem da Casa do Eterno. Joiada destemidamente correu sérios riscos e perigos
agindo em prol da manutenção da vida e da estabilidade e da honra dos filhos
descendentes da casa de Davi. O texto bíblico nos faz perceber que quando tudo
cheirava derrota, vergonhas, maldições, vinganças, mortes e revoltas, Joiada cumpriu determinado o
seu papel de maneira sabiamente estratégica e inteligente e o concluiu
consciente e eficaz.
Vivido o bastante, Joiada aguardou a chegada do tempo apropriado
esperando o rei amadurecer para que pudesse adequar e por em prática o melhor
plano que mais tarde veio a ser revelado e notado como o segredo que manteve a casa do rei cuidada, protegida e reerguida
novamente e com sucesso. Joiada tudo isso fez conservando o seu cargo de
sacerdócio em alta veneração. Joiada foi um regente virtual temporário que
governou oculto e em secreto, sem ser percebido e nem notado. A história de
Joiada mostra que sua presença e os seus resultados tiveram um papel importante
e privilegiadamente transicional, e veio a ser honrado nos anos que se seguiram.
Joiada não foi um aventureiro cheio de ímpetos afoitos e nem de boas vontades interesseiras. Joiada foi o
ponto forte de transição eficaz e foi bênção que afastou maldições e vergonhas.
Para uma louvável história, o texto de 2Crônicas 24.15-16 dá o
desfecho brilhante da vida de Joiada dizendo que “Joiada envelheceu, morreu
farto de dias aos 130 anos, e foi sepultado junto com os reis na Cidade de
Davi, pois tinha feito bem em Israel e para com o Senhor Eterno e Sua Casa”. Para
um sacerdote ser sepultado junto com os reis na Cidade de Davi era uma elevada
honra incomum. No cumprimento do dever, para esforços acima do comum, sejam reconhecimentos
com privilégios e honras incomuns. A história de Joiada mostra que o mais
importante de nossa participação em situações e circunstâncias num ambiente não
é a nossa passagem ativa nelas simplesmente. Mas sim o domínio do saber no agir
consciente e apropriado de que nos estão sendo concedidos nelas o privilégio e a
honra de sermos elementos transicionais importantes para a conquista e o
estabelecimento do bem nesse ambiente.
Assim, o mais importante não é ter a sensação de dever cumprido,
nem somente o sentimento de cumprimento deste. Nem ainda apenas o senso de ter
cumprido o dever. Entretanto, é descansar na certeza do dever cumprido por ver a evidência dos felizes efeitos das semeadura e colheita eficazes dele. Os resultados da brilhante
passagem de Joiada como um importante elemento de transição na vida do rei e do
reino nos acende, fortalece e tranqüiliza a boa consciência de quão grande e
significativo é ter o privilégio em ser e servir de elementos de transição importantes
com resultados felizes e eficazes para vidas importantes. Descansarmos de corações livres, satisfeitos e fartos na
certeza do dever cumprido nos traz a convicção segura de completude, de espaços e lacunas preenchidos, de que
nada nos prende, nada nos cobra e em nada ficamos a dever. Joiada,
uma transição eficaz e a feliz certeza do dever cumprido. Glórias ao nome do nosso Eterno Senhor! Deus seja louvado eternamente.
EvGS
segunda-feira, 24 de abril de 2017
BENAIA: O MAIS NOBRE E ILUSTRE.
BENAIA: O MAIS NOBRE E ILUSTRE.
Sêlo de confiável não é
para qualquer um.
Dois dos principais
fatores mais estimados e admirados em todos os âmbitos da vida são a lealdade e
a confiabilidade. Os lastros da confiança possuem marcos, marcas e história construídos.
Lealdade precede a confiança. Ser achado confiável o suficiente não é para
qualquer pessoa ou coisa, haja vista que o selo de confiabilidade não é obtido
de uma aferição trivial, relâmpago, rasteira e vulgar. Confiança não tem preço.
Confiança possui e exara valor de lealdade.
No exército
do rei Davi esteve um homem entre os seus valentes, seu nome era Benaia. 1Crônicas
11.24-25. Apesar de não haver obtido nome e fama de herói entre os seus pares
reconhecidos como heróis, o ser achado valente valoroso leal e confiável já lhe
fora o seu sêlo de pessoa digna e de alta qualidade. As páginas sagradas
registram Benaia como o mais nobre e o mais ilustre entre os valentes de Davi. Isso
não foi coisa do imediatismo e tampouco do acaso e nem de circunstâncias
casuais. A história de Benaia em rápidas frases comprova o que significa ter
sobriedade e estabilidade diante de vários e diversos desafios.
Para Benaia,
ainda que valentia, grandeza e poderio pessoais em obras não houveram sido as
tônicas conceituais mais fortes que recebera em sua vida, o serem reconhecidas
as suas virtudes pessoais de elevada nobreza nos leva a refletir sobre o que de
fato é ser uma pessoa que reúne em si as qualidades que lhe conferem selo de ser
o mais nobre, o mais ilustre, leal e confiável entre os demais. Obter tal
destaque em ambiente desnivelado é relativamente o simplório lógico e fatal.
Entretanto, obter isso entre pares num ambiente permeado de mesmo prumo e marcado
de igual nível não é para qualquer um. Benaia foi o único achado na aferição e
avaliação em busca do número um no foco.
Benaia foi da
tribo de Judá, nascido em
Cabzeel. Seu nome significa “aquele que YHWH construiu”, ou
“edificado pelo Senhor”, ou ainda no hebraico mais radical “YHWH é
inteligente”. Benaia teve uma vida cravejada pelo senso do valor da lealdade e
norteada pela bússola da confiança. Benaia não se permitiu ser seduzido pelas
trilhas da instabilidade de caráter que rondaram e rodearam outros valentes de
seu convívio. Tanto que comandou duas frações mais disciplinadas do exército de
Israel, a saber os quereteus e os peleteus. Benaia não foi um soldado qualquer
entre a multidão de soldados escolhidos. Benaia não chegou à posição de comando
simplesmente pelo tempo e debaixo dos olhares da casualidade contingencial, fria
e comum.
Construir uma
história estável de lealdade e confiança não é fruto do tatear na aleatoriedade
artesanal e nem dos frisson das transitoriedades da vida. Fazer ser reconhecida
uma história estável de lealdade e confiabilidade a ponto de fazê-la brilhar
como a mais nobre e ilustre entre outras de mesmos grau e nível é tarefa para
gente bem mais do que apenas espiritual, sentimental e humanitária. É coisa
para gente pacientemente sábia, abalizadamente madura e consistentemente inteligente.
É coisa de gente com cabeça segura no Céu, coração ancorado nas realidades da
vida e pés firmes no chão de legítimas batalhas.
E recuperar e
refazer totalmente vidas egressas dos bastidores da deslealdade e dos
corredores obscuros e obtusos da infidelidade para reconstruí-las e levantá-las
em pé de vitoriosas e livres sobre o patamar de nobreza não são empreitadas
regradas apenas pelos ponteiros do relógio e nem pelos números do calendário. Há
de que se ir e investir apenas um pouco mais longe. Quem hoje come e saboreia
do melhor da sobremesa e do pirão, já fora outrora preparado, provado e achado
digno durante o calor do forno, da bigorna e do tição.
Outrora Benaia
foi um dos integrantes de um bando de homens problemáticos e descontentes que havia
se encavernado junto a outros quando Davi fugindo de Saul o conheceu nos dias
da caverna. Benaia não foi um oficial comandante egresso das trilhas da
infidelidade, das vinganças revoltosas e da deslealdade, contudo viu de perto o
palmilhar de corações vingativos, infiéis ao rei e desleais ao reino e
acompanhou o que desses foi feito e o fim de caminho medíocre e infame a que
chegaram. Benaia foi filtrado e passado na peneira e nos crivos. Benaia venceu
os calores das batalhas honrosamente, empunhou espada firmemente sem titubear, se
mantendo confiável até que chegou o dia do rei o nomear para o cargo de seu
oficial comandante da guarda pessoal do rei. Cargo de extrema confiança que
exigia a extração de provas de fidelidade e lealdade.
Benaia foi
capaz de sustentar além de uma vida de valentia, ter o selo de ser fiel e manter
o de ser leal em todo o tempo a ponto de ser escolhido e receber nomeação a tão
brilhante e importante cargo para um oficial. O texto sagrado muito bem ensina
e nos permite perceber que Benaia aplicou duas das maiores variantes da vida, a
saber: seguir o tempo e acompanhar os fatos. Assim as resultantes sempre são
seguras e os lastros se mostram confiáveis. Nos corredores da vida sempre é
assim, e os históricos comprovam verdades que vão muito mais além do que as
gentes comuns enxergam nas vitrines alheias, ou tentam mostrar nas suas. Decisões
baseadas na fidelidade constante comprovada são um bom começo para atestar o
selo da consolidação de confiabilidade clara, patente e inequívoca.
Benaia não se
conformou e nem se deixou formatar-se ou ser induzido por outras histórias que
passara perante seus olhos. Benaia foi mais longe e enxergou um tanto mais acima
do que ser e servir de aparências que enganassem olhares, iludissem formas, matizassem
ações e manejos para com isso satisfizessem aos outros. Não. Benaia foi de fato
o mais nobre e ilustre acima dos três principais heróis dos mais de trinta
valentes do rei Davi. Para se obter selo de nobreza não se começa no afã do
muito, parte-se do início no pouco. Para grande parte dos homens e entre estes,
tudo vale e vale tudo, todavia para a boa fatia de homens seguros e
inteligentes, a nobreza da abundância no muito sempre é iniciada e provada e
comprovada desde os passos no pouco. Ainda prevalece a prova e permanece a
validade do que a Escritura diz. Aprende quem atenta e investe. Erra quem
desatina e afrouxa. Infiéis e desleais não enxergam sacrifícios, apenas
estendem e sucumbem em sofrimentos sem perceberem glórias.
Entende-se
das Escrituras que o rei Davi e seu sucessor Salomão, apesar de suas
confirmadas fraquezas e aparentes fracassos, jamais designariam para ser um
oficial comandante de sua guarda pessoal e o colocariam no seu palácio
diuturnamente se apenas esse possuísse algumas qualidades e variantes comuns e
triviais vistas na régua da média e na faixa da mediana. Um oficial dotado de alguma
força física, jeitos e habilidades, mas não lhe fosse pessoa confiável, e nem
entendesse o que de fato era viver num palácio e dele conviver e interagir fora
com pessoas do povo. Para tomar posse de coisas brilhantes se faz necessário
seja brilhante, e para ocupar coisas nobres e ilustres se requer seja leal e
confiável.
Das lições
que se nos apresenta o texto sagrado, podemos entender que o rei Davi foi feliz
no quesito de tanto conhecer e identificar as qualidades que Benaia possuía,
como o haver designado para o honroso cargo de confiança. Para se reconhecer as
qualidades de uma pessoa e atesta-la como digna e pronta para assumir posições e
para a qual se pretenda colocar, é preciso investir nela, é preciso ser mais
tático e ir um tanto mais além de circunstâncias e variantes comuns, triviais,
frugais e vulgares. É preciso despi-la da caverna e revesti-la do palácio. É
preciso não se prender a momentos, mas atentar para referenciais e detalhes. Todo
fiel e leal é livre das prisões que secretamente atordoam e maltratam corações
nos labirintos do não confiável pela vida afora. Benaia foi o mais nobre e
ilustre porque fora decididamente fiel, tivera uma história constante de lealdade
voluntária. A vida de Benaia teve caverna escura, mas não tinha becos e vielas
sombrios. O selo de confiável não é para qualquer um.
EvGS
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