terça-feira, 6 de junho de 2017
HANANIAS SÓ QUERIA AGRADAR.
HANANIAS SÓ QUERIA
AGRADAR.
Um doce
discurso com um amargo engano.
O capítulo 28 do Livro do Profeta Jeremias descreve em dezessete
versículos uma mostra suficiente de realidades que o povo de Deus precisa
conhecer. O povo de Deus tem ouvido inúmeras mensagens ao longo dos anos. Algumas
semelhantes, similares, às de Jeremias. Amargas, mas verdadeiras e eficazes. Outras
são idênticas, coincidentes, às de Hananias. Doces, porém falsas e desastrosas.
O texto concentra o foco sobre um profeta. Seu nome era Hananias, que em
hebraico quer dizer “O Eterno Deus é bondoso, gracioso, clemente, misericordioso”.
Vale muito conhecer quase tudo de Hananias em poucos passos. Assim poderemos
entender e ficar quase que defronte para as falas e cenas de Hananias e
interpretar discursos de nossos dias.
No passo inicial, vale conhecer a pessoa de Hananias e o seu
tempo. Ele era filho de Azur, nascido em Gibeom, ou Gabaon. Uma cidade
assentada no monte oblongo rodeado por uma linda e fértil planície. Nela
residiram parte de levitas no passado. Gente que cuidava intima e especificamente
das coisas do Eterno. Hananias veio desse meio e estava em Jerusalém. Exerceu
o ofício sagrado de profeta no tempo do fraco e vacilante monarca Zedequias,
rei de Judá. Não resta dúvida de que Hananias foi um profeta entre outros seus
contemporâneos.
Nesse tempo, as lideranças política e religiosa em Jerusalém estavam
atentas aos movimentos do seu povo e do mundo de então ao seu redor. Suas
vistas estavam enxergando tudo, mas apenas por uma lente só. Uma lente obscura,
desfocada e fosca. Uma lente com a visão resumida e viciada no lado político e
social individualista. Alimentavam o ego estribadas em presunções religiosas e
sustentavam o falso orgulho nacionalista mixto de ideologias sócio-político-religiosas
que lhes favorecessem e as mantivessem no poder. Um rei manipulado e de pouca
força em todos os sentidos; um sacerdócio por demais ganancioso e excessivamente
permissivo; e grande parte dos profetas associada e comungada com “figos ruins”
- encantadores e mágicos. Uma miríade de falsos profetas, adivinhos,
sonhadores, encantadores e mágicos campeava nas portas, ruas, praças e nas
dependências externas do Templo. O Templo empanturrado de ganância financeira, mostras
de misticismos, ídolos e deuses estranhos infiltrados no seu interior. O povo
vivia embalado pelas exposições de mágicas e encantamentos, discursos
ilusionistas que lhe levantassem a auto-estima individual e lhe promovesse
alegrias infrutíferas, imediatistas e transitórias.
No passo seguinte, vale conhecer as razões pelas quais Hananias
era um falso profeta. Hananias não foi enviado pelo Eterno. O que Hananias
anunciou e fez não foi o que o Eterno Senhor disse, mostrou ou mandou fazer.
Nesse clima mixto circulante, Hananias levantou a si mesmo, ganhando
notoriedade com um doce discurso por sua própria iniciativa e do agrado geral e
irrestrito do rei, dos sacerdotes, dos profetas e do público. Apesar do Senhor
Deus haver advertido a todos a não cederem ouvidos ao contrário do que Ele
disse, mesmo assim Hananias levou o povo a confiar em doces mentiras que
derrocaram a um amargo engano. Usando sua oratória, sua prática retórica e sua
capacidade “homilética”, induziu e incutiu meias-verdades na cabeça do povo.
Falar coisas que agradassem egos presunçosos era sinal de garantia de platéias
cheias e aplausos. A verdade amarga da pregação de Jeremias ganhou rejeição e
ódio. A mentira doce do discurso de Hananias cativou adesão e simpatia. Nem
tudo que é verdadeiro significa alegria, e nem tudo que é vaidoso quer dizer
tristeza.
Impelido pelas forças da vaidade e da fatuidade dos brios
pessoais e com esforço desejoso e oportunista movendo seu forte ímpeto em falas
presunçosas, Hananias aproveitou a presença congregada do público diante dos sacerdotes
e do profeta Jeremias, homem de Deus, na Casa de Deus, e anunciou o que o
Eterno não disse empregando seu sermão equivocado, desafinado e venenoso. Uma
mensagem deveras otimista e altruísta arquitetada em sua mente, floreada no seu
coração e lançada ao seu bel-prazer com o intuito de promover agrados populares
e falsamente levantar o moral de um povo frio e excessivamente dado a imoralidades pervertidas e à religiosidade por
demais permissiva de então.
Enquanto o profeta Jeremias se esforçava por manter viva a
pregação verdadeira de sujeição ao reino babilônico, por ordem divina expressa,
a fim de poupar e preservar o povo de Deus até que passasse o tempo
determinado, o falso profeta Hananias se ostentava utilizando uma tática
venenosa com o seu doce discurso cativante que incentivou o povo de Deus a se
colocar passivamente em rebeldia contra Deus. Um dos males mais terríveis, destruidores
e inconseqüentes é a rebeldia passiva. A doce mensagem de Hananias parecia ser
verdadeira às vistas do orgulho religioso e nacionalista de então. O discurso
de Hananias estava na faixa modal do momento.
Na escuridão espiritual do tempo do rei Zedequias, o povo estava
com os ouvidos tomados por comichões histéricos e o coração ansioso e ávido
para ouvir falas e discursos doces que alimentassem suas vontades pessoais e
animassem seu ego durante o período de crise a nível nacional. Dar ouvidos a
charlatões religiosos, encantadores e adivinhos era o que mais aguçava o
interesse e a curiosidade de um povo adoecido pelo falso orgulho nacionalista e
presunçoso, anestesiado e equivocado religiosamente e decaído no grau excessivo
de imoralidade, perversidade, injustiças, corrupção, ganância. Um povo
classicamente afastado de Deus. Um período propício para Hananias ter “pregado”
sua mensagem espiritualmente desconexa e seu sermão aparentemente ávido, doce e
convincente. Era fácil e gostoso ouvir Hananias nos dias como aqueles. O
difícil e amargo era receber e acatar o que o Eterno disse dos destinos que
estavam na realidade por virem.
No passo conclusivo, vale conhecer a voz do Eterno e refletir
nas mensagens que se ouve. Ouvir o sermão do profeta Hananias era como ouvir
lindas e doces mensagens cujas proposições e tópicos são engenhosamente
direcionados a atender apenas, e somente, a desejos imediatistas, egocêntricos
e promover o ânimo puramente otimista, altruísta e humanocêntrico de alguém que
na verdade precisa de cura em todos os sentidos e carece de profunda
restauração em todos os aspectos. Mensagens ricas e opulentas em requintes da
retórica habitual e expressiva e da homilética viciada e inconsequentemente
descomprometida. Mensagens mendigas lúdicas, distraidoras, palpérrimas e
miseráveis em exegese e hermenêutica sagradas.
A mensagem de Hananias foi pronta, extrema e agradavelmente
aceita, mas era falsa. Hananias não era um profeta falso, porém por causa de
sua mensagem falsa ele se fez falso profeta. Ela contrariava, desmerecia,
ofendia e incitava rebeldia contra tudo que o Eterno Senhor nosso Deus havia
dito para curar o Seu povo afastado de então. Hananias só queria agradar o povo
em um doce discurso com um amargo engano. E na ânsia oportunista de agradar
situações e atender a circunstâncias, aquele profeta desagradou a Deus
expressando com sua fala o que apenas e unicamente seu coração sentiu. No
intuito de forçar agradar os homens em tudo, nem tudo que o coração sente e
sabe deve ser expresso fora de tempo e revelado pela fala precipitada.
EvGS
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