Semear e colher...
Dois fatores marcados de
segredos.
Um dos textos bíblicos que nos dá uma visão básica sobre a lei
da semeadura e da ceifa quanto ao bem ou mal que fazemos aos outros, está
registrado em Gálatas 6.7 - "Pois o
que o homem semear, isso também colherá".
Tomar esse texto ao pé da letra, sem refletir nos seus contextos
e implicações, seria assumir lugar de ignorância intolerante quanto a muitas
coisas que nos circundam indiretamente e outras que ocorrem conosco
diretamente.
É preciso ser sóbrio na semeadura. Mas também é necessário se
manter inteligente, sábio, sensível e equilibrado diante das coisas que nos
ocorrem na colheita. Há a possibilidade e a probabilidade da ocorrência de
desacertos durante alguma semeadura. Se fazem mais felizes aqueles que se
empenham a tempo das oportunidades lhes manterem abertas as portas de consertos
antes que lhes cheguem a colheita do que semearam.
Nem sempre durante o calor da semeadura as conseqüências são
refletidas no que pode sobrevir quando chegar a colheita do que plantou. Quase
sempre o momento da reflexão só aborda com mais contundência exatamente no
momento da colheita. E a volta aos momentos da semeadura leva à conexão de
detalhes entre o que se faz e que se recebe. Afoitamentos e impetuosidades
podem interferir numa semeadura e apontar para uma colheita má ou
insatisfatória.
Nem toda semeadura é aproveitada por quem recebe e colhe dela. Há
vezes que se semeia muito, e existem tempos nos quais se semeia pouco. E há
vezes que se semeia muito e lamentavelmente disso se colhe pouco. Quantas vezes
o que se semeia vem a ser uma colheita sufocada, queimada, é mirrada. Mas por
outro lado, quantas vezes o que se semeia vem a produzir uma colheita com
frutos promissores e de contentamento.
Durante o tempo da semeadura muitas coisas parecem se inter
relacionarem de tal forma que surgem um conjunto de circunstâncias que também parecem
todas estarem ligadas a um mesmo tronco, a um mesmo cerne, a uma mesma causa. Todavia,
nem sempre é assim. Em termos humanos, um círculo se estabelece quando se copia
ou se viabiliza a continuação seqüencial de uma semeadura ou de uma colheita.
Quanto à semeadura e a colheita, alguns segredos devem ser
conhecidos e levados em conta, a fim de que não sejam atribuídos pesos injustos
e medidas erradas a uma semeadura ou a uma colheita.
E começo por trazer o primeiro deles - Toda semeadura também é
motivada por uma causa. Quer seja interna, ou de caráter e por influência
externa. Nem tudo que é semeado tem relação de causa em si mesmo. Há semeadura
que é efeito ou resposta de colheita feita por si ou por outrem. Existe
semeadura motivada por horrendas e vergonhosas colheitas, mas também há
colheitas que inspiram e encorajam a colheitas valiosas e valorosas. E um dos
maiores problemas nisso reside em tirar o foco de sobre a colheita e
concentrá-lo como causa a semeadura.
Da mesma forma como alguém está colhendo do que semeou, outrem também
está semeando em cima de colheita que de alguém recebe.
Além desse, o segundo deles - Nem tudo que se colhe é fruto da
semeadura de que se faz. E aqui está um campo em cujos espaços não chegam a
inteligência e o conhecimento humanos. Há vezes nas quais as feridas raspadas
com cacos de telha não declaram ser fruto de uma semeadura de que se tenha
feito. Nem sempre se desce humilhado e de vestes rasgadas ao chão e às cinzas
em função de alguma semeadura de que se tenha feito. Olhe para o Livro de Jó. Como
também, não se pode fechar os olhos para a verdade do joio que é semeado por
outra mão que não foi a mesma que semeou o trigo.
Podemos colher da semeadura de outrem por estar andando juntos
no mesmo caminho com ele. Desferir julgamento sobre a colheita de alguém é um
ato de juízo perigoso e torna-se por vezes uma demonstração de loucura, de
insensibilidade e de insensatez. Julgar colheita de alguém segundo frias letras
tradicionais de que se conhece de juízo próprio ou lógico de que se faça, não é
coisa de sanidade e muito menos de um coração temente a Deus. Nem tudo que
semeamos colhemos sozinhos, e nem tudo que alguém colhe foi semeado por si
mesmo. Existe semeadura que atinge até mesmo pessoas distantes que podem vir a
colher das mesmas coisas de quem semeou, quer sejam boas, quer sejam más.
E por fim, o terceiro deles – Existem o que planta e o que rega.
Sempre há de ser encontrado tanto aquele que planta, quanto aquele que rega o
que foi plantado. Há o que planta e por forças de interesses ou intenções
próprios, ele mesmo planta e rega. E existe aquele que apenas rega o que outro
plantou. Há pessoas que cultivam, ou contribuem para regar, o que outras
semeiam.
Existem pessoas ao lado de outras somente cuidando do que estas já
estão colhendo. É preciso ser suficientemente sábio, sensível e sensato para
identificar, preservar e suportar quem está posto ao nosso lado para tal. Entre
essas, estão as que muito fazem para ajudar e manter acesa a permanência dos
frutos de uma colheita boa, saudável e edificante. Mas por outro lado, entre
essas existem aquelas que nada fazem para que a colheita ruim seja abreviada e
suas dores sejam aliviadas e minimizadas.
Que papel você tem desempenhado na semeadura e na colheita? O que você está colhendo foi o que semeou? O que você semeia vai ser colhido somente por você? Você está semeando em resposta a colheita de outrem? Você está semeando o que pode lhe satisfazer e também a outros na colheita?
Cuidado com o que você semeia, e seja sóbrio para identificar o que colhe.
PbGS
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