quarta-feira, 14 de agosto de 2013
OS CAMINHOS DO REI SAUL.
O REI SAUL:
Caminhos que destronam uma vida.
As aparências podem enganar, e nem sempre a primeira impressão é
a que realmente fica. Aparências excepcionais podem prender a atenção de
qualquer um à primeira vista. Existem vidas que possuem os requisitos que
apontam para uma jornada promissora e bem-sucedida em função de suas aparências.
Entretanto, ao longo de seu caminhar concorrem tragicamente para um final de
derrotas sobre derrotas por contas das mazelas produzidas pelo seu caráter no desvio de sua conduta.
O rei Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, o primeiro rei
de Israel, foi uma dessas pessoas. Seu nome do hebraico bíblico significa
“Pedido de Deus”. No Livro de Deus, a maior parte do Primeiro Livro do Profeta
Samuel é ocupada com a história do rei Saul. O benjamita Saul, de físico exuberante
e majestático, mas de caráter atrofiado e patético. Começou bem, contudo se perdeu no seu orgulho arrogante e terminou em passos errantes e desastrosos.
Como tantas pessoas, Saul teve um início de vida pública
sobremaneira aplaudido e prestigiado, contudo
infelizmente aportou num fim desastrado. Saul teve o privilégio dado por
Deus e a oportunidade histórica de haver sido o primeiro monarca sobre um povo
que nunca havia experimentado um governo de rei antes dele. O povo israelita
experimentou a liderança periodicamente interventora e transitória através de
juízes, mas a autoridade de rei foi a sua primeira experiência, e esta através
do jovem capitão Saul.
Antes de Saul, o povo israelita ainda não era definido como uma
nação, e somente passou a sê-lo com o marco da chegada de Saul. Até então o
povo israelita era de várias tribos ligadas étnica e culturalmente sob a
aliança teocrática. Saul teve um privilégio incomum. Porém se perdeu e o jogou
fora a cada passo que palmilhou em repetidos erros que configuraram em
desobediência diretamente contra Deus. Muita gente hoje cai nos caminhos de
Saul, quer conscientes ou levadas inconscientemente, quer intencional ou
influenciadas involuntariamente.
As credenciais externas de Saul não demonstravam o conteúdo
interior do seu caráter. Apesar de estar ocupando uma posição majestosa, o caráter
de Saul estava entronizado por um leque de males que somente depois começaram a
vir à tona. Decisões egoístas abriram o começo de seus erros sucessivos. Os
caminhos de Saul eram opostos aos esperados de suas credenciais externas.
Olhando o perfil psicológico de Saul, notamos que alguns males
foram lhe atingindo em conseqüência de seus erros. Saul é o retrato das pessoas
errantes contumazes que achando-se em superioridade e detentoras de autoridade,
acreditam que poderiam fazer a tolice do que bem lhes venha à cabeça. Denegriu
a nobreza da posição lhe confiada por Deus. Menosprezou a Deus e subestimou a
unção lhe concedida e o profeta e sacerdote que testemunhou a sua ilustre
designação e ascensão a assentar-se no primeiro trono de rei da sua nação.
O recalque tomou de assalto o seu coração. Saul era um rei, mas
a sua insegurança assumiu o governo do seu coração. Uma pessoa recalcada sente-se
ameaçada ao tirar conclusões equivocadas, fundamentadas em suposições de ameaça
contra si mesma ou contra os seus valores, ou contra o que julga defender. Saul
fora uma dessas pessoas recalcadas. O recalque é uma arma cujo tiro sempre sai pela culatra contra a própria pessoa recalcada. Um dos sintomas do recalque é o medo seguido do revanchismo.
Nem sempre pessoas recalcadas exteriorizam seus recalques
verbalmente, contudo publicam declaração deles através do desferir atos que
configuram esquivas, medos e invejas não-confessadas pela fala, mas
corroboradas através de suas ações. O recalque é um dos mecanismos de defesa da
personalidade acionado por pessoas que declaram se sentir supostamente ameaçadas,
mesmo sem falarem através da voz. A aparência e a superioridade de Saul não
foram capazes de ocultar o seu recalque.
O revanchismo em forma de represália foi outro mal que sufocou o
seu coração. Apesar de estar na posição de rei, cujos poderes estavam a seu
dispor para usá-los, Saul preferiu lançar mão do revanchismo usando a
represália. A represália é uma forma de vingança, uma retaliação, uma desforra
com atos rigorosamente ilícitos contra outrem por danos reais ou imaginários
que supostamente foram lhe causados. O revanchismo, a represália e a retaliação são as formas covardes que revelam os danos de um caráter doentio ou inferiorizado. São atos de covardia difíceis de serem reparados e perdoados com os devidos tratamentos.
Movido pelo ressentimento alimentado pela inveja, o medo e o
recalque contra o sucesso alheio, Saul foi descendo degrau a degrau sem se
aperceber de si mesmo e sem notar a desonra que estava trazendo a recair sobre si e sua casa. Olhando pelo prisma humano, se nota que o rei Saul
perdeu a grande oportunidade de ter um valoroso e corajoso capitão Davi no seu
exército por pelo menos alguns anos e deixar o seu trono com honras e méritos
prestigiados por uma nação o tendo como o seu primeiro rei na sua história.
Pessoas com visão borrada como Saul perdem grandes oportunidades de dar a volta
por cima e gozar de bênçãos e benesses conquistadas por si e por seus pares a sua
volta que na verdade as honram e coroam a si mesmas com resultados meritórios.
A retaliação é uma forma de aplicação da pena conhecida como
pena de talião. A aparência e a superioridade de Saul não tiveram o poder de
esconder as suas ações de revanchismo e represália embutidas no seu caráter. Lamentavelmente
não poucas gentes esquecem ou fingem esquecer da triste surpresa de se
depararem no juízo com os castigos irrevogáveis impostos sobre suas ações de
“santas” represálias, “santas” retaliações e “santos” revanchismos, levadas a
cabo contra os seus conservos até o final de seus dias de lucidez mental.
Usurpação de cargo e auto arvoramento de posição se constituíram
no primeiro pecado cometido lúcida e intencionalmente por Saul. Deus lhe
confiou o honroso cargo de monarca, mas Saul em dado momento arvorou a posição como de
um sacerdote. Atropelar e açoitar outros usando o poder conferido e confiado a si é um ato insano que pode terminar numa noite após uma sentença escrita na parede durante um lindo banquete. Nem todas as pessoas sabem de fato lidar com o poder que lhe está
disponível ou acessível às mãos. No afã de que estão em cargo ou posição de eminência,
elas premeditam o cometimento de males e atos covardes contra outras, constrangem pessoas,
arquitetam ou concorrem para a vergonha de outrem, atropelam os seus pares,
desconsideram históricos e legados e promovem o detrimento da honra alheia, a fim de forçarem impor sustentação ao seu poder.
Interesse e visão preferentes foram o segundo pecado cometido
por Saul. Deus o ordenou a destruir todo um povo abominável, todavia o rei Saul
aplicou o interesse e visão preferentes por si mesmo, alheio e contrário ao que
Deus lhe mandou fazer. Quantas pessoas em posição de superioridade encontram,
ou copiam ou criam jeitos preferentes para fazer valer a sua plataforma de
poder. Preferem seguir seus interesse e visão preferentes do que de fato e em
verdade preferirem dar ouvidos ao Senhor Deus nas responsabilidades assumidas e
na prática da Palavra de Deus para com o seu papel.
Perda de equilíbrio espiritual foi o terceiro pecado cometido
por Saul. Numa sucessão de pecados e envolto num lençol de males, o rei Saul
fora seguindo astuciosamente seus próprios pensamentos até perder o seu
equilíbrio espiritual. Consultou a feitiçaria, quando sabia que Deus abomina
veementemente essa prática. Quantas pessoas em posição de superioridade, de
tantos males que praticam, se desequilibram espiritualmente e optam por darem
ouvidos a falas estranhas, movidas por espíritos enganadores em bocas
“poderosas”, do que seguirem os conselhos instruídos pela Palavra de Deus.
De tanto ofender ao Senhor, maquinar premeditadamente o mal,
buscar prejudicar ao jovem Davi e dar ouvidos a espírito estranho, o rei Saul
já não podia mais contar com a unção que recebera na sua investidura de
autoridade monarca e nem com o Espírito de Deus que no princípio esteve sobre
ele. Quantas pessoas em posição de superioridade fracassam os pontos de suas
vidas e perdem seu equilíbrio espiritual, em razão de sua persistência contumaz
em ações ofensoras, ou em males culposos ou dolosos, ou em cometimento de erros
prejudiciais à vida de outrem.
As cadeias do recalque, os planos do revanchismo, o verdugo da
retaliação e da vingança, o algoz da represália e o cativeiro dos ressentimentos
estão regendo, algemando e aprisionando não poucas almas da casa do Pai. Nestes
dias do tempo do fim, quando todas as coisas estão convergindo para a tarefa
final do anúncio do Evangelho da graça de Deus, é impressionante como aqui e
ali a cada passo ainda surgem gentes como o rei Saul. Tentando se projetar pelas
boas aparências, confiar e se estribar em posição e status, entretanto de
caráter amante dos caminhos de Saul, propondo, fustigando e fomentando
malefícios tolos e inconseqüentes, que podem lhe custar perdas, desonras e escombros.
PbGS
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