quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
TROPEÇOS QUE ENSINAM.
OS TROPEÇOS DE
ACABE.
Um
poço de fraquezas, desequilíbrios e culpas
Um dos fatores que os homens encontram dificuldades em lidar com
ele é o poder. Poucos são os que conhecem as suas trilhas e sabem lidar com a
força do poder lhe investido e com o exercício da autoridade lhe delegada,
conscientes das conseqüências e resultados de tudo que faz aos outros. No Livro
de Deus estão registrados vários nomes, sobre cujos ombros repousaram o poder e
a autoridade sobre o povo de Deus.
Olhando na ótica de juízo puramente humano, é possível que se
diga que alguns desses nomes bem que poderiam passar em branco e não constar
nas páginas sagradas. Segundo nossos julgamentos, na melhor das interpretações,
esses nomes seriam dispensados sem sombra de dúvidas, posto que as suas
histórias de obras receberam o triste resumo declarativo final “e fez o que era
mal aos olhos do Senhor”.
Um desses nomes é Acabe. Foi um dos monarcas de Israel. Acabe recebeu
o trono de Israel de seu pai Onri, e reinou vinte e dois anos sobre o seu povo
Israel, em Samaria. Mas
o rei Acabe não somente herdou o trono, contudo também herdou e continuou a
história viciada no desastroso legado deixado pelo seu pai, a saber: “e fez o
que era mal aos olhos do Senhor, pior do que todos antes dele”. Se o rei seu
pai fez pior, o texto nos deixa ver que Acabe, seu sucessor no poder, fez mal
mais ainda do que seu pai de quem herdou o trono. Mas, para que os fatos da
vida do rei Acabe constam nas páginas sagradas do Livro de Deus?
Agora com o poder nas suas mãos e sobre os seus ombros a autoridade investida, o rei Acabe poderia
ter “dado a volta por cima”, se não apagando, pelo menos amenizando os feitos
da velha história de seu pai, marcando boa pontuação, construindo uma nova
história admirável e assim restaurando e promovendo o bom nome e o bom conceito
de sua casa e de seu povo naqueles dias. Entretanto, o costume viciado de sua
família palaciana desmedida somado aos tropeços de seus ímpetos insensatos o
fizeram mergulhar sua vida aos poucos num poço de fraquezas, desequilíbrios e
culpas, sem que percebesse as consequências. Quanto mais poder e autoridade uma
pessoa possui, mais se torna exposta e mais força de influência exerce sobre as
outras. Acabe parece não ter medido essa realidade.
Sua história ocupa quase oito páginas da Bíblia Sagrada nas
versões em língua portuguesa, e nos deixa ver que por ser rei sobre um povo,
Acabe desconheceu as suas responsabilidades para consigo mesmo, para com Deus e
para com o seu povo, e delirou em equívocos a ponto de por em risco a sua
própria vida, a de sua família, a de sua parentela e os limites de sua
imunidade. Sua contumácia provocativa levou a si e o seu povo a sofrerem e
padecerem debaixo de uma seca total durante um pouco mais de três anos, assim
como a experimentarem derrotas e fracassos, mesmo debaixo de desmandos e falsas
aparências.
Fazendo mal uso do seu poder e de sua autoridade, o rei Acabe parece
ter imaginado que o seu povo e o seu reino fossem suas possessões pessoais
particulares e privativas, ou um objeto de joguete político em suas mãos. Esqueceu de que reinar sobre o povo de Deus é uma
oportunidade, um privilégio honrado, mas também pode ser um desastre
vergonhoso, dependendo de como o governa. Acabe não mediu os seus atos, até que
se viu sozinho e sem conselheiros sábios aliados. Acabe subestimou o mesmo Deus
que o exaltou ao trono, e que um pouco mais de vinte anos depois o humilhou e o
destituiu através de uma das piores formas que homem poderoso algum espera lhe
aconteça.
Sem ser percebida, a sua cegueira espiritual alimentada pelo
destemor a Deus e por um tipo insensato de coragem obscureceu-lhe sua visão da vida, e o fez descarrilar
o povo de Deus do seu bom caminho, assim como com que seus atos audaciosos viessem
deixar registrados na história dos homens o que realmente leva uma família, sua
parentela, e um povo à rejeição diante de Deus e à derrocada final e fatal
debaixo de desprezos e desonras. Acabe foi mais além do vale de fraquezas
pessoais. Ele atingiu o cume de um monte de mandos vergonhosos, de desmandos
covardes, contra a saúde espiritual de sua casa e de seu povo, que era povo de
Deus e não simplesmente um povo de seu “partido”. Um jogo de cobiças, covardias
e soberbas formatou o seu caráter na dissimulação e no sentimento de
inferioridade manhosos e velados.
Acabe quis inverter os valores e desfazer os marcos e rastros do
seu povo assumindo uma posição hostil contra Deus e violentando espiritualmente
o decoro e os valores morais e espirituais do seu povo, sem perceber que o seu
potencial de liderança deveria ser para a glória de Deus e não para distorcer completamente
as suas lentes morais. A ligação de Acabe com Deus estava fina e desgastada. O
Deus que vela pela Sua Palavra e zela pelo Seu povo colocou o profeta Elias nos
passos do rei Acabe, todavia este parece não ter entendido e assimilado os
cuidados embutidos no recurso enviado por Deus para resolver os seus problemas,
promover restauração de sua casa e viabilizar a preservação de sua parentela e
reavivar o seu povo.
Para o rei Acabe, o profeta Elias era “uma pedra no sapato”, uma
ameaça perturbadora e um criador de problemas, contudo pensando e
correspondendo assim, o monarca simplesmente estava declarando e reforçando o
corte final e conclusivo do fio fino e desgastado que lhe ligava a Deus. O rei
Acabe conduzia a sua vida debaixo de falsas aparências, e sob elas jogava com a
culpa e ao mesmo tempo se auto agredia com os seus sentimentos de inferioridade
e de dissimulação. Acabe não sabia conviver com a verdade sobre si mesmo, e nem
com o bem-estar e sucesso alheios, e nem ainda enfrentar os desafios de maneira
justa e leal, e em vista disso tornou-se cada vez mais um emocionalmente
desequilibrado e fraco, assim como um indivíduo facilmente manipulado e perdido
em labirintos de medos e inconseqüências.
Acabe é a figura das pessoas que ficam emburradas e amuadas
diante da superioridade e do bom senso dos outros. Acabe é a figura das pessoas
que jogam com as ferramentas do revanchismo covarde e com a força momentânea da
retaliação insana. O cego e insensato Acabe perdeu a oportunidade privilegiada por
Deus de receber os louros provenientes das tentativas de restauração dirigidas
por Deus através das investidas do profeta Elias para lhe estancar uma enxurrada de erros e desacertos perigosos que mais tarde receberam a dura sentença de
desprezo e desterro extensiva a toda sua casa.
Hoje em dia entendemos porque aprouve a Deus fazer que no Seu
Livro esteja registrada a história de um dos nomes de homens poderosos que
passaram sobre a terra e tomaram um tempo de sua vida fazendo provocações a
Deus mais do que os que foram antes de si no trono e violentando e
desencaminhando o povo de Deus. A vida de Acabe está registrada para nos
orientar a não agirmos com coisas iguais ou semelhantes como aquele monarca ora
manhoso e ora soberbo e arrogante, quando lidamos com a força do poder e com o
empenho da autoridade. Para nos fazer avisados dos perigos e tropeços que podem
levar toda uma vida, uma família, uma parentela, um povo, ao poço de fraquezas,
desequilíbrios e culpas.
A vida do rei Acabe está registrada também para nos dar lampejos
de que os cuidados de Deus sobre nós, a nosso favor, podem estar residindo em
pessoas que possam nos parecer sejam perturbadoras dos nossos intentos e modos
de conduzir nosso caráter e as coisas e pessoas que estão sob o nosso poder e
autoridade ou afetas a nós. A todo tempo, gentes estão despencando no
despenhadeiro da desordem pessoal, da desonra moral, da rejeição e da
reprovação. Umas despencando, mas outras se lançando, por desprezarem avisos e
recursos de Deus, que as levariam a ser livradas de perder os freios de seus
limites e torná-las vítimas tragadas pelas suas próprias mazelas contumazes e
desaforos inconsequentes.
EvGS
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