domingo, 1 de maio de 2016
NÃO ABUSE DO PODER
JEORÃO: ABUSOU DO
PODER
Sentenciado
nas suas entranhas.
O poder é um dos fatores que desafiam personalidade e caráter de
uma pessoa. O poder é depositado nas mãos de pessoas e revela seus caminhos.
Quando conduzido por sensos saudáveis, com probidade e no bom exercício da consciência
e nos trilhos da coerência, o poder governa e promove o bem e a verdadeira ordem.
Quando manipulado e feito dele abuso e meio alimentador da ganância, torna-se
um instrumento de crueldade que pode ampliar e estender silenciosamente suas
mazelas conseqüentes a terrenos antes despercebidos.
O abuso de poder somado à ganância foi o terrível e
aterrorizante mal cometido por Jeorão, rei de Judá, filho do rei Josafá. Um mal
que parecia uso de esperteza vantajosa, contudo lhe afundou e fez sua vida soçobrar
lenta e progressivamente. Apesar de ter crescido e visto o rei seu pai Josafá
haver com o bom uso do poder empreendido e realizado grandes e bons feitos, Jeorão
permitiu-se escorregar para o abuso e a ganância empregando desse poder detido
em suas mãos. 1Cr 21.1-20.
Aquele Jeorão, que teve o privilégio de haver subido ao trono antes
ocupado por seu pai, aos seus trinta e dois anos de idade, agora de posse do
poder tornou-se uma figura destemperada, imprevidente e sombria. E nos limiares
de seu exercício de poder já começara a ser um monarca auto-confiante em
extremo, porém miserável e cruel. E sem aperceber-se do que estava vindo nos
seus próximos anos, afundou-se na prática do cinismo abusando impiamente do
poder detido e confiado em suas mãos.
O rei Josafá havia deixado bem fortalecido as fronteiras do
reino de Judá e uma grande e boa herança para os seus filhos, contudo deixou o
trono para o seu filho primogênito Jeorão. O que a vida pessoal de Jeorão nunca
havia experimentado, agora começara a sentir o gosto do poder em sua tutela. E fortalecido
e consolidado no trono, iniciou a sua jornada de males e desacertos começando
por matar seus próprios irmãos. Logo depois ingressou no caminho de imitar reis
ímpios, cujos corações aninhavam rapinas e amontoavam para si males e
tragédias.
Jeorão recebeu o poder, porém sua consistência pessoal não tinha
estrutura para exerce-lo. Se sentiu atraído e afim pelas más condutas de sucessos aparentes de
outros monarcas e por elas teve sua alma engodada. Seu foco concentrou-se nas
trilhas sedutoras do terreno do abuso. Uniu-se com a filha do casal Acabe e
Jezabel do reino do norte. Vindo o rei Jeorão mais tarde por suas maldades o
seguir o caminho inverso ao de sua sogra. Enquanto Jezabel somou injustiças e
assassinato à idolatria, o seu genro Jeorão começou o seu caminho com
assassinatos vindo a cair no lamaçal da idolatria.
E estando nos píncaros do abuso do poder, o imponente rei Jeorão
arrastou os habitantes do seu reino para a lama movediça aparentemente fértil
promovida pela extravagante alegria e o vale-tudo do culto da idolatria. O rei
Jeorão agora já estava voando alto o suficiente para induzir e desviar a
conduta dos habitantes de Judá e afasta-los do Livro de Deus. Até que em meio a
esse clímax de aventuras, lhe sobreveio uma guerra inesperada contra o seu
reino seguida de perdas e fragmentações.
Agora o poder e as forças de Jeorão começaram a ser subitamente
minados e a visitação inesperada sobre si e o seu reino chegou. E logo depois
juntamente a essa lhe veio às mãos uma carta escrita de um profeta que estava
distante lhe dando contas das respostas conseqüentes de seus atos pessoais aparentemente
cobertos de imunidades, de sua má condução do poder e de sua péssima influência
sobre o seu povo por ele governado. O escritor da carta foi o profeta Elias,
seguindo os padrões respeitosos no esboço de primeiro denunciar a culpa e o
dolo e em seguida exarar e apresentar a sentença.
O não esperado pelo rei Jeorão no seu abuso de poder durante um
exercício de curto tempo, agora começou a lhe avassalar e arrasar o seu reino
através de hostilidades, invasões e perdas sobre perdas. E aquilo que Jeorão
não percebeu no passado agora estava lhe vindo e quebrando limites de
fronteiras e fortalezas e chegando cada vez mais perto de si. Para o rei
Jeorão, nem iras e nem coragem lhe valeram e nem lhe sustentaram os ímpetos. O
espelho de Jeorão estava revelando uma fisionomia de péssimo histórico
irreparável de mortes de seus irmãos, não lhe sobrando espaço para acertos e
nem consertos. Sua história já havia sido escrita por sua própria vida de
mandos, abusos e desmandos.
Enfim, em meio ao caos e ao sufoco, o rei Jeorão chegou ao sexto
ano de seu reinado, quando dores terríveis inesperadas começaram a lhe dar presença
nas pontadas no estômago e intestinos. Um câncer nas suas entranhas, e o que
havia sido predito na carta que recebera, agora era o quadro real e sintomático
que estava desafiando seu poder monarca e consumindo diariamente suas entranhas
de forma progressiva e ferozmente. Seu poder, seus privilégios, sua posição de
monarca, suas honrarias e suas forças estavam agora recebendo uma paga cujo
preço jamais aquele Jeorão previu receber e tampouco temeu. Jeorão parece não
ter percebido que há duras sentenças que chegam ao homem por fora, mas que
também existem dolorosas sentenças que surgem por dentro.
A má visão de poder que lhe subiu à cabeça seis anos atrás quando
teve começado o seu reinado lhe não permitiu enxergar que há o Deus Soberano
que possui uma Escritura a ser observada e um povo a ser guiado, governado e
conduzido de forma que juntos, poderes e povo, alcancem os propósitos do Eterno.
E dois anos depois de sucumbido nesse quadro deplorável, no seu oitavo ano de
exercício de poder monarca, aos trinta e oito anos feneceu e desapareceu o rei
Jeorão sem que deixasse rastro algum de lamento sobre si, e excluído foi
sepultado fora do panteão real, posto que o seu povo errante já se encontrava
enjoado do monarca também errante e cínico contumaz, sem acertos e nem consertos.
Nenhum poder torna homem algum imunizado, imune, intocável,
acima de contingências trágicas e demandas cruéis advindas das estradas da vida
ou lhe sobrevinda em conseqüência de seus desacertos contumazes. O exercício do
poder sobre pessoas pode ser um caminho promotor e sustentador de bênçãos
divinas, entretanto pode ser a pedra fogueada que lhe leve aos calores de vícios
perniciosos de desatinos e misérias contraídos para si e para as pessoas em sua
volta. O vício de poder pode tornar-se como a embriaguez do mando e a
alucinação do ópio. Só se percebe seus destroços quando as suas tragédias já
não podem ser evitadas nem contidas.
Uma das recomendações bíblicas escritas pelo apóstolo dos
gentios é a de que aquele que preside, o faça com cuidado. Para a liderança do
povo de Deus, o modelo de condução desse povo está atrelado ao que o Livro de
Deus instrui, orienta, manda, recomenda, estatui. E copiar modelos estranhos
desprezando esse modelo é um peso de sentença reprovadora e uma estratégia
pespontada pelo mal. Menosprezar o respeito a esse povo e subestimar o conteúdo
desse Livro são atitudes e comportamentos assemelhados aos do rei Jeorão com
conseqüências drásticas, cujo fim somente a eternidade pode dizer.
Receber do Senhor Deus a oportunidade honrada e o poder de
conduzir o Seu povo é uma atividade eminentemente privilegiada. Muito mais
honrosa e ilustre se torna quando se faz, com a ajuda de Deus, dessa
oportunidade um marco de sucessos espirituais que louvem e glorifiquem a Ele e
consubstanciem o respeito para com a Sua Palavra e o decoro e a elevada estima do
Seu povo. Que nenhum de nós proceda como o rei Jeorão.
EvGS
www.glaukosantos.com
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