Mt 13.57-58: Não há profeta sem honra.
sábado, 17 de setembro de 2011
NÃO HÁ PROFETA SEM HONRA.
Mt 13.57-58: Não há profeta sem honra.
Reconhecer caracteres, virtudes e valores alheios é uma atitude extremamente nobre, e somente é própria quando sua manifestação é proveniente da sensibilidade para enxergar a genuinidade desses fatores a reconhecer. Quem não sabe reconhecer outrem deixa de experimentar a grandeza de si próprio, ao mesmo tempo em que perde a oportunidade de expressar o privilégio de si mesmo.
Quem não sabe reconhecer outrem, hostiliza-se e ignora a si mesmo demonstrando não saber e nem estar capaz de ser reconhecido. Nem todos sabem e dominam a nobre e salutar arte de reconhecer outrem, assim como nem todos podem fazê-lo. Os extremos sempre aparecem e a exigência judiciosa sempre diferencia. O ato de reconhecer é preciso na sua exatidão quando se tem tino afinado e propriedade legítima e exeqüível sobre ele.
Ninguém é forçado a efetuar reconhecimentos, e ninguém é impelido a fazê-los, visto que eles somente expressam validade e propriedade quando possuem e carregam a marca própria da liberalidade e a expressão da verdade percebida no coração de quem os enxerga e os faz sobre as obras que os atestam. Para se efetuar reconhecimentos é preciso alguns fatores, é necessária a consistência na observação de outros valores.
Para reconhecer virtudes, valores e méritos de outrem é preciso ser humilde em si mesmo; carece de ser equilibrado no senso de perceber importância; exige sobriedade; requer sinceridade. Isso somente vale e confere autoridade se houver legitimidade, e pesa muito mais quando repousa e se sustenta no patamar da verdade. Na visão do reconhecimento, deve se evitar os extremos, o perfeccionismo e as tendências, a fim de que o ato esteja estabilizado sobre os lastros da realidade e da verdade.
Do contrário, a oferta de seu reconhecimento ofereceria a ínfima e feia marca da hipocrisia postada com o selo da falsidade, aposta com a assinatura da deslealdade e impressa com o sinete da mediocridade. Reconhecimento genuíno e válido não é uma mercadoria comerciável e muito menos uma tentativa forçosa e impositora de tê-lo ou para efetuá-lo.
Para reconhecer outrem também é preciso possuir a virtude da humildade e a da honestidade. Carece ainda também ser e estar desprovido de tendências rapinosas da soberba, da arrogância, do rancor e da mediocridade, visto que esses sentimentos e inabilidades são elementos impeditivos para reconhecerem caracteres, valores e virtudes alheios, e quando esses o fazem o objetivo é sempre notado envilecido, sombrio, pretensioso, oportunista e interesseiro.
Geralmente quem é deficiente na atitude de reconhecer a outrem, declara a sua própria pobreza de entendimento, demonstra a sua própria falta de credulidade, é destorcido pela inveja e pelo ressentimento, em razão da sua falta do senso de hombridade e da ausência de maturidade. A incontestável historicidade comprova que essa classe não expressa tendência e muito menos iniciativas para reconhecer valores e virtudes alheios.
Para reconhecer outrem, ainda é preciso também ter a capacidade de crer, de interpretar e a voluntariedade para compreender. Havendo dissonância nos sentidos e distorção na interpretação, falha a tradução, afeta e obscurece diretamente a compreensão, descalça a razão e viabiliza a incredulidade. Quem não se ver pronto para sentir, interpretar e compreender, não estaria também para propriamente acreditar. A incredulidade é um mal que afeta diretamente contra a possibilidade de reconhecer.
Para reconhecer apropriadamente alguém, além disso, é preciso também saber conduzir a comunicação desse reconhecimento. Nem toda comunicação é estabelecida através de palavras pela fonação verbalizada. É também estabelecida através de expressões e passa a ser consolidada quando alcança a capacidade da interpretação, satisfaz a compreensão e chama a lume a consciência e a razão. Há linguagens que possuem o poder de demonstrar silenciosamente o conteúdo do repertório que se evita de verbalmente exteriorizá-lo.
Para reconhecer alguém, é preciso saber aplicar o zelo adquirido nas experiências e percebidamente comprovado nos referenciais seguros e fazer valer o senso de justiça. Reconhecer outrem com verdade é uma demonstração de justa valorização sobre aquilo ou aquele no qual se pretende reconhecer. Perde-se muito quando não se sabe adequadamente reconhecer, e os prejuízos são muito maiores quando não se sabe valorizar aquilo ou aquele que possui notório valor e se deixa de aplicar o senso de justiça sobre o que é notavelmente justo.
Deixar de reconhecer devida e apropriadamente outrem é fazer predominar a injustiça, promover o descaso e o desencorajamento, alimentar a falta de altruísmo e, ainda, é concorrer para que o desrespeito e a confusão prevaleçam. Quando não se reconhece alguém aplicando o senso de justiça, promove-se indiretamente a injustiça e insanamente jogam-se os valores para debaixo do capacho e ignoradamente pisa-se sobre eles.
Para reconhecer alguém, é preciso, além do mais, fazê-lo dentro do tempo próprio para tal. O tempo é um fator que revela, mas também que passa, e os períodos dele transcorrem naturalmente. Reconhecer alguém fora do tempo é semelhante executar uma música com o instrumento desafinado e no ritmo descompassado.
O laboratório do tempo produz as suas mostras e atesta oferecendo provas dos seus ensaios. É preciso saber conduzi-los, observá-los e não deixar que passem e sejam perdidos em razão da visão de excessivo e inflexível perfeccionismo, e com isso decorram-se feias dívidas impagáveis e irremediáveis.
Quantos reconhecimentos temos visto, e de outros tantos temos sabido e alguns por quase toda a sua trajetória, presenciado. De todos eles, vemos reconhecimentos verdadeiros, mas também já presenciamos tantos falsos, ilusórios e enganados. Vemos reconhecimentos sábios, todavia também já nos chegaram diante das vistas alguns números de tolos.
Vemos reconhecimentos inoportunos, em contrapartida também já vimos reconhecimentos impróprios. Em todos eles a única e singular marca que deixam é a dos prejuízos desastrosos dos seus resultados. Alguns desses prejuízos arrastam-se refletindo por gerações ao longo dos anos.
Reconhecer está relacionado ao ato de honrar. E honrar significa dignificar, enobrecer, respeitar. Para honrar é preciso ter dignidade no ser para também expressá-la no fazer. Para honrar é preciso ter nobreza no ser para também ser nobre no respeitar a outros e a estes enobrecer. Honrar é uma questão de definição, e quem não sabe definir não possui propriedade e nem subsídios consistentes e válidos para honrar e conceituar méritos. Jamais se deve honrar aquilo que não está razoavel e perceptivelmente definido.
Alguns confundem o reconhecimento como se esse fosse simplesmente resumido ao ato de homenagear, premiar e recompensar. Apesar de essas iniciativas acompanharem algumas vezes o ato de reconhecer, não significam propriamente o reconhecimento em si. Se assim fosse, reconhecer perderia o seu brilho e natureza, decairia do seu valor, se tornaria vulgarizado e por fim seu significado se faria desprezível.
Se faz grande aquele que presta honra. E percebe-se ser pequeno em si mesmo aquele que é cônscio das suas responsabilidades diante do reconhecimento que lhe é conferido e da honra com a qual lhe é distinguido. O peso da honra sempre recai tanto sobre aquele que é honrado quanto sobre os ombros daquele que o honra.
Invejosos ressentidos jamais se sentem à vontade em si mesmos para prestar honras. Eles tomam parte numa classe que nunca anda para o futuro, haja vista que não sabem olhar da maneira correta e com visão sábia, sensível e coerente para o passado. Todavia, aquele que é sábio e sensível para honrar, sobrepõe o invejoso ressentido, posto que enquanto o invejoso ressentido se perde enclausurado nas pobres migalhas do pessimismo, aquele ganha sabendo somar-se em méritos ao reconhecer e honrar valores e seus ricos tesouros com percepção otimista e honrosa.
E olhando para a passagem registrada em Mateus 13.57-58, percebemos a declaração do Senhor Jesus em resposta ao tratamento lhe dispensado por parte de alguns daqueles que ouviram os seus ensinamentos e testemunharam a realização de curas naquela ocasião. As conseqüências resultantes daquele tratamento dispensado ao Profeta de todos os profetas poderiam ter sido melhores se tivesse havido a devida aceitação dEle.
Com propriedade única e singular, o Senhor Jesus, Mestre e Profeta por excelência acima de todos os mestres e profetas, naquela oportunidade declarou que “Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa.” Mt 13.57 (ARA). Observando melhor a declaração do nosso Mestre Amado, notemo-la em duas partes – a primeira, uma afirmação do princípio “Não há profeta sem honra”; e a segunda, uma explicação de uma evidência “senão na sua terra e na sua casa” -.
O texto em apreço neste artigo não nos fala do ato de desonra. Não trata da ação de desonrar como se tirando do Senhor Jesus a Sua honra de profeta. Ele nos deixa claramente ser vista a ausência de honra, o desconhecimento de uma honra, e não uma retirada de honra. Na frase “Não há profeta sem honra”, a expressão “sem honra” traduz a original do texto grego “ảtimos”, que significa “menosprezado, desprezado, desprestigiado, desvalorizado, depreciado, desestimado.
Ele também nos faz enxergar a quem especificamente é destinada essa falta de honra – aos profetas -. E ainda ele nos deixa ver os locais nos quais residem essa exclusão, privação e negação de reconhecimento da honra, assim como o desastroso efeito disso – na sua terra e na sua casa.
Note que o texto diz que o tratamento ausente de honra não procede de lugares estranhos e nem de estranhos à pessoa estranha, mas se localiza em lugares familiarizados e próprios - “na sua terra”, a área de espectro maior de mesmos costumes e língua, a pátria; e “na sua casa”, a área menor, entre os seus domésticos, entre os mais familiares e mais íntimos.
É incrível como essa declaração do Senhor Jesus tem atravessado séculos e sendo constatada em várias “terras” e em muitas “casas”. Apesar dela não possuir afirmação determinante de uma regra e nem natureza profética sugerindo que seja desconhecida a honra que há no profeta, ela tem sido lamentavelmente a prática comum em muitas terras e casas ao longo dos anos. Nesse texto encontramos o Senhor Jesus se pronunciando com uma afirmação apenas constatadora.
De forma alguma, o texto de Mateus 13.57 pretende imprimir uma regra ou o estabelecimento de um princípio obrigatório de fazer valer o desprezo, o menosprezo e a desonra aos profetas da própria terra e da mesma casa. Ele está expressando uma verdade constatada por si mesmo, a notável constatação de um fato real ocorrido – o desprezo, o menosprezo, o desprestígio, o desapreço, exteriorizado no tratamento ao profeta -.
Note também que apesar de pairar uma nuvem de admiração naquele ambiente, havia também os ares de uma campanha de especulação, ignorância, inveja, desdém, mediocridade e rejeição. Houve operação de milagres, todavia foram poucos por causa da parte escandalizada que estava entre aquele público presente.
O conceito que aqueles escandalizados tinham da pessoa do Senhor Jesus era muito aquém e desfocado do que Ele realmente é. Em meio e junto ao grande número de admiradores, aqueles escandalizados em si nem mesmo conseguiram identificar o maior dos profetas que estava naquela ocasião entre eles. Que faz a inveja, o desdém, a mediocridade, o rancor, o ressentimento, a perda e embrutecimento de sensos e de sentidos...
Um dos terríveis males é a desorientação no senso identificador. E aí quando se desgoverna e se desatina do fundamento discernidor, surge a oferta da mistura, logo aparece a influência da descaracterização e mais adiante canaliza os conceitos à diluição. Passa-se a ver o que não é, a ter o que não existe e a fazer o que não se deve. Quantos transtorno e prejuízos conseqüentes causam a visão obscurecida e o foco distorcido quando se deixa de realizar um devido reconhecimento.
Deixaram de honrar o Profeta da Galiléia, posto que nos seus corações estavam ausentes a sensibilidade de reconhecer e o senso de honrar. Não honraram o Profeta, visto que seus íntimos não estavam sensivelmente prontos e preparados para reconhecer a pessoa do Profeta, nem Aquele que o enviou e nem o significado do ato de honrar. Desprezaram e desconheceram a honra da Sua pessoa porque não distinguiram quem Ele era, apesar de terem visto o que Ele fez. E os resultados se mostraram nas perdas e prejuízos consequentes.
Que tristeza e quantos prejuízos causados pela incredulidade expressa naquela ocasião. Imaginemos os muitos doentes e enfermos no meio daquela multidão que bem poderiam ter tido a oportunidade de haverem recebido a sua cura, assim como os tantos oprimidos e cativos que bem poderiam haver sido libertos naquele dia.
Imaginemos quantos sinais e maravilhas deixaram de acontecerem entre aquela multidão, em função de nela as muitas mentes escandalizadas por si mesmas e enclausuradas nos seus julgamentos exalando nos ares o forte e terrível odor da incredulidade. Fatos históricos dos profetas Elias, Eliseu e Jonas enviados a terras estrangeiras e a casas estranhas poderiam corroborar essa verdade que “não há profeta sem honra”, entretanto eles se desfocaram do princípio e foram enquadrados naquela explicação dada pelo Senhor Jesus.
Deixando de honrar o Senhor Jesus como um profeta, perderam as bênçãos que poderiam ter recebido advindas do ato de honrar o Eterno Deus e Pai que O enviou. “Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta”. Mt 10.41. Os escandalizados, por não haverem recebido o Senhor Jesus no caráter de profeta, deixaram de receber o que trazia Ele consigo como o Profeta para distribuir entre eles.
Imaginemos o lamento suplicante de muitos doentes e enfermos que deixaram de receber a sua cura porque alguns poucos deixaram de reconhecer a pessoa e a presença do Profeta que curou alguns. Imaginemos o testemunho jubiloso de alguém que foi liberto entre a multidão diante dos olhos de alguém que se fez culpado por escandalizar-se em si mesmo. Que desalento não haverem recebido mais em razão de terem expressado menos.
À vista disso, notemos os perigos que rondam a perda de senso na casa que demonstra a incapacidade de reconhecer e a deficiência em honrar o Profeta que envia os seus profetas. Quem é enviado leva e vai com o nome dAquele quem o enviou, de sorte que ao se receber e reconhecer o enviado, também com esse tratamento se está declarando honrar quem o enviou. É preciso se conhecer com segurança quem é o enviado para então com propriedade honrar quem o enviou. Aqueles não reconheceram o Profeta enviado porque neles mesmos lhes faltou propriedade para honrar quem O enviou.
Deixaram de receber as bênçãos do Senhor Jesus, o Profeta, por causa do desdém produzido em vista da familiaridade com Ele. Desprezaram a origem modesta dEle. Rejeitaram o mérito evidente dEle. Causaram tropeços e fracassos a outros que tanto careciam. Ignoraram a providência divina. Desprestigiaram o Mensageiro enviado. Desmereceram a sua mensagem. Desvalorizaram os primeiros milagres acontecidos naquela ocasião por causa de suas incredulidades.
O texto sagrado norteador deste artigo pretende dizer a todos nós a grande proposição intemporal em caráter de aconselhamento – Reconheça, honre e creia no Senhor Jesus Cristo, o Profeta por Excelência sobre todos os profetas, o Filho do Deus Vivo e Verdadeiro, enviado para libertar os cativos e curar todas as nossas dores -.
Preze, prestigie, valorize, aprecie, estime e distinga a pessoa e a presença do Senhor Jesus, o Profeta que prepara com propriedade e envia com autoridade os seus profetas genuínos à nossa “terra” e em nossa “casa”. Enquanto Ele levanta e envia os Seus profetas, com estes Ele também prometidamente está todos os dias.
“NÃO HÁ PROFETA SEM HONRA, SENÃO NA SUA TERRA E NA SUA CASA. E não fez ali muitos milagres por causa da incredulidade deles.” Mt 13.57-58.
PbGS
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