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sábado, 28 de março de 2015

NÃO ANDAIS COMO NÉSCIOS.

NÃO ANDAIS COMO NÉSCIOS.
Um alerta contra a imbecilidade.

Existem palavras pouco ouvidas, pouco pronunciadas. Entretanto, fatos da vida cotidiana não conseguem ocultar a presença de seus sinônimos e correlatos e nem excluir seus significados. Uma delas é o verbete “néscio”, cujo sinônimo inclui o termo “imbecil”. A imbecilidade é uma loucura estúpida e especial dos tolos. A tolice é sinônima de imbecilidade. Nem todo louco é imbecil, contudo todo ato de imbecilidade é tolice. A imaturidade facilita, viabiliza e conduz para a imbecilidade, assim como o extremismo de espertezas confere o selo dela. Estamos testemunhando e vivenciando o tempo da doença da imbecilidade.

A Bíblia Sagrada deixa bem claro e percebido que definitivamente uma das vontades de Deus é a de que não sejamos tolos, e por recomendação bíblica a que não andemos como néscios. Em sinônima, a Bíblia Sagrada está nos recomendando a não andarmos como imbecis. Apesar de não aparecer escrita na Bíblia Sagrada, nela a imbecilidade é denominada de parvoíce, e esta por extensão quer dizer estupidez, e por conceituação a parvoíce é sinônimo de idiotice, e biblicamente também é considerada uma loucura e estupidez pela ignorância e falta de entendimento. Todo ato de imbecilidade é tolice que capenga os seus passos bobos se equilibrando na corda rota do atrevimento autoritário insensato, esticada sobre o picadeiro da loucura. E Deus está dizendo para nós – “não andais como néscios”.

Imbecil, representada na palavra “néscio”, aparece nos seus sinônimos nas páginas sagradas do Livro de Deus por cerca de 35 vezes nas versões em língua portuguesa, e nas versões de língua inglesa recebe a tradução de “foolish”. Ela está no Livro de Deus para nos instruir a que nos afastemos e evitemos dos caminhos da idiotice e nos ensinar a identificar e reconhecer e lidar com aqueles que sofrem ou são acometidos de imbecilidade. Conhece-se o imbecil através de suas atitudes incoerentes e por via de suas palavras desconjugadas e desconexas de sua fala, ocultando o que está regado e carregado no seu coração. E Deus está dizendo para nós – “não andais como néscios”.

Na vida há imbecil para quase tudo, e existe catalogado um elenco de tudo que se pode ser detectado com relativa facilidade numa vida afetada pela loucura da imbecilidade. Toda imbecilidade é moralmente dissimulada, indesejada. Dar instrução ao tolo é tão inútil quanto fútil é, posto que no seu íntimo secretamente menospreza a sabedoria e peita contra a disciplina. A imbecilidade é fruto da ignorância e da insensatez. O imbecil subestima a Deus e luta contumaz contra os Seus desígnios. O imbecil recusa o conselho e na sua soberba estriba-se apenas na sua própria compreensão. Todo imbecil é ilhado e fechado na sua jaula de medos e inseguranças, alimentadas em si mesmo, e regada e dirigida pelas suas próprias idéias. E Deus está dizendo para nós – “não andais como néscios”.

A loucura tola da imbecilidade insufla e instiga o néscio a se auto-afirmar pela sua farsa de humildade buscando esconder o desnorteio de sua incapacidade, e de suas fraquezas e suas tolices por trás de sua altivez manhosa e contumaz. Enquanto não muda e não passa pela correção, nada resta ao imbecil, a não ser o prosseguir de seus passos escudados na sua autoridade pessoal deficiente colhendo e produzindo perdas sobre perdas. Seu atrevimento possui o canal de ações visando ocultar o seu recalcamento. Todo imbecil sofre e se auto tortura com as prisões dos seus próprios recalques. Por fim, uma vida aprisionada, carente de libertação e de transparência. E Deus está dizendo para nós – “não andais como néscios”.

A imbecilidade não possui senso de governo, e muito pior se torna quando governa, visto que tal qual uma pragana afeta uma plantação, assim o governo da imbecilidade avassala, avilta, açoita e destrói clássica e polidamente os seus governados. O governo da imbecilidade é marcado pela estúpida ausência de entendimento e pela falta de discernimento. Suas tentativas e estratégias revelam o colorido louco que campeia suas idéias e seus ideais inversos e mutantes. Todo imbecil sofre da falta de percepção criteriosa da realidade que o envolve. Todo imbecil é imprevidente, posto que na sua visão equivocada credita sua jornada confiando na imbecilidade que o aplaude, enquanto não percebe que agita ventos da inconseqüência contra si mesmo. E Deus está dizendo para nós – “não andais como néscios”.

Com a sua insensatez, o imbecil leva as suas próprias vida e idéias tal qual o camaleão, mudando de cores conforme o tempo e as ambiências, a visão de vantagens e os riscos do habitat, a fim de que não se torne presa e vítima das contingências da vida que o rodeia. A imbecilidade arrasta o tolo para a fossa da rejeição, porquanto cedo ou tarde não conseguirá abafar os seus multiformes tratamentos patenteados nas suas obras insipientes, inconstantes e inconsistentes. Um dos males provocados pela loucura tola da imbecilidade é enxergar um futuro por lentes míopes e opacas e influenciar outros a verem o mundo e a vida copiando e seguindo a mesma obscuridade estúpida de sua visão. Cegos e estúpidos promovendo mais cegueira e estupidez e produzindo cegos e estúpidos. E Deus está dizendo para nós – “não andais como néscios”.

A imbecilidade é uma loucura tola e atroz, inimiga da saúde da alma e uma feitora de inimizades. A imbecilidade debaixo de medos de ameaças supostas açoita dia e noite a mente e o coração do tolo, e sem temores o leva afoita e classicamente a atropelar vidas. Todo imbecil ignora o Reino de Deus e as suas coisas próprias dele, e possui a predisposição de fazer campanhas de inimizades e atear fogo contra aqueles dos quais alimenta medos, cismas e ressentimentos. E em tudo isso, a voz de Deus neste tempo de tantas e tamanhas imbecilidades dentro e fora dos santuários, assolando, desviando e vitimando vidas e prejudicando a obra e o Reino de Deus, está nos dizendo veementemente – “não andais como néscios”.
EvGS




quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ANDANDO EM CÍRCULOS.


Andando em círculos.
Um grande perigo na caminhada da fé.
Um dos detalhes na caminhada dos israelitas do tempo de Moisés, no seu êxodo do Egito a Canaã, consiste no fato de haverem andado em círculos no deserto. Foram libertos do Egito por Deus com Sua mão forte. Saíram em retirada e passaram boa parte de sua caminhada atravessando o deserto. Todavia uma marcha andando em círculos.

A vida natural mostra os seus mecanismos de seleção, assim como também revela instrumentos e meios de disciplina. E o andar em círculo, quando determinado por Deus, obedece a princípios disciplinares e visa propósitos formativos estabelecidos ou designados por Ele.

Perigoso se torna quando mesmo andando em círculos não se discerne bem os passos de Moisés e nem se põe a se espelhar nas atitudes de Josué e de Calebe. Seus passos e atitudes possuem muito conteúdo e profundas lições espirituais a oferecer.

Nenhum de nós se contentaria em passar pela difícil e ardil experiência de andar em círculos, sabendo que assim está vivendo, durante longos anos sob condições adversas. Deus foi com o Seu povo escolhido, mas a caminhada no deserto também foi escolhida por Ele. Afinal, para singrar vales, subir montes e atravessar mar, rio, desertos e planícies requer perseverança de ânimo disciplinado e um olhar decidido e determinado a chegar em Canaã.

Difícil é perceber e compreender alguns fatos da vida. Todavia muito mais ainda se torna o aceitá-los. Olhando para aquela trajetória e a forma como aquele povo se conduziu, percebemos como é possível hoje tantas vidas da mesma maneira andarem em círculos durante as suas jornadas de fé estando na Casa do Pai.

Andar em círculos por estar movido por iniciativas próprias sugere estar debaixo de riscos, embaraços e perdas ao ficar rodeando em torno de certas coisas e/ou certos lugares.   

Nota-se claramente que assim como aqueles israelitas do Êxodo, boa parte de crentes hodiernos estão andando em círculos em áreas de suas vidas, por tantos motivos e razões dos mais diversos que os alcancem a nossa capacidade imaginativa. Uns debaixo da disciplina de Deus, mas outros movidos por motivações insensatas e intenções obscuras e insipientes.

Alguns rodeiam em círculos pelo fato de haverem se perdido no labirinto da indisciplina nos seus diversos setores. Indisciplina se correspondendo com a indisciplina. Outros por terem deixado de identificar o momento e a direção certa designados por Deus, suicidam suas capacidades, habilidades, talentos e sonhos. Medos e incertezas mantendo almas em cativeiros afetivos, funcionais, posicionais e tantos outras considerações condicionantes. Ainda outros por haverem sucumbido no marasmo das conformidades e no lúgubre pântano da mesmice e da chantagem, tornam suas vidas como objeto do automatismo religioso.

E não obstante a esses, alguns transitam em parte de suas vidas preciosas andando em círculos por haverem cedido aos assédios das ambiências, dos brilhos ilusórios do favoritismo pretensioso e das conveniências dos ajuntamentos e dos engodos do oportunismo fútil, feio e fétido.

Quantos andam em círculos arrastando-se pelas areias das obrigações religiosas e afogando-se nas praias da mediocridade religiosa. Outros andam em círculos por estarem sempre desejosos pelas cebolas e pepinos do Egito que ficou para trás. Ambos não enxergando o agir de Deus e nem as promessas atinentes à Canaã, são vencidos pelos males do imediatismo e caem no desânimo fatídico, no cansaço assolador e no enfado arrefecedor da fé.   

Quem transita em círculos na caminhada da fé se deixando ser levado por exemplos desfocados vividos no meio das multidões está sob riscos de perder oportunidades, é tentado a se tornar em amante da frouxidão. Outros pelo afoitamento imprudente, são picados pelas serpentes ocultas nas areias da murmuração. E por perda de sensos e por insensibilidades, outros até chegam a tristemente perder suas vidas tragadas por ninharias ocultadas e escondidas debaixo de suas tendas.

Quem anda em círculos na jornada da fé sufocado no covil do imediatismo e afogado no mar da impaciência, corre os sérios riscos de perder de vista os propósitos de Deus e insuflar outros a ofertarem construções e cultos a bezerros de ouro endeusados pelas agências e centros de espetáculos a eles. O andar em círculos na caminhada da fé pode também revelar a incredulidade e acentuar a perda de esperança.
 Um longo período andando em círculos na caminhada da fé pode revelar o excesso de fragilidades culposas, mas também pode apontar a morada do abuso da insensatez dolosa. Alguns andam em círculos na caminhada da fé por haverem se entregue a associação com o brilho promovido pela indústria da impiedade. Enfim, o andar em círculos na caminhada da fé pode levar vidas incautas e imprudentes a se identificarem e se afeiçoarem com as sórdidas misturas e mazelas do Egito espiritual e querer com elas infiltrar a Casa do Pai.

Quase sempre no momento em que se percebe que está andando em círculos na caminhada da fé, mostram-se os os veios do desespero, os enxames de frustrações e decepções e eclodem os choros e lamentos. Quanto mais se anda em círculos, mais guerras se enfrenta, mais tempo se despende em trechos árduos e em labores penosos, mais vulnerável se torna ao processo do arrefecimento da fé e exposto se faz aos engodos do pecado. É preciso se fortalecer no Senhor e na força do Seu poder para atingir os oitenta e um anos de Cabele sob o marco da perseverança, da esperança e das convicções de fé.

Hoje quase tudo ao redor está com seus produtos à mostra nas suas vitrines sugestivas e inebriantes, cujo fim é influenciar, assediar, tentar e levar os filhos da Casa do Pai a, além de andarem em círculos na jornada da fé, ficarem marcando passo no mesmo lugar olhando para os lados, com ouvidos surdos aos toques da corneta celestial e sem forças para romperem marcha em frente.    

Hoje a voz forte e mansa, firme e exortativa do Senhor nosso Deus pode estar aconselhando a deixar de andar em círculos durante a jornada de fé. Pode estar despertando para os perigos de um andar em círculos na caminhada da fé. Deus pode hoje estar recomendando a cada um se manter firme e paciente na caminhada da fé, ainda que esteja sob os cuidados e favores da disciplina de Deus.

Não nos venha permitir a tirarmos os olhos do Autor e Consumador da nossa fé! Permaneçamos marchando ativa e determinadamente! Não nos deixemos ser engodados e iludidos pelos brilhos temporais e passageiros de um andar em círculos aparentemente promissor durante a jornada da fé! Nenhum de nós precisa voluntariamente se dar ao terrível trabalho de ficar pisando no mesmo lugar marcando passo no deserto, ou nele andando em círculos.
PbGS




segunda-feira, 4 de junho de 2012

GUARDAI-VOS DOS CÃES.


QUEM SÃO OS CÃES?
Fp 3.2 – Guardai-vos deles.
Essa é uma pergunta curiosa e ao mesmo tempo inquietante. Ela nos leva a questionar por que na ótica da Bíblia Sagrada algumas pessoas são metaforicamente chamadas de “cães”. O que leva pessoas a serem comparadas aos cães? Quem são os “cães” de que a Bíblia Sagrada nos alerta a respeito deles? Este artigo pretende trazer algumas respostas à luz da Palavra de Deus. 

Estejam continuamente atentos sobre os cães”. Fp 3.2. Com esta forte e imperativa expressão, o apóstolo Paulo fez uma contundente recomendação em forma de rogo à igreja dos filipenses de sua época. Uma instrução com o propósito de alertar aqueles cristãos a se manterem cautelosos e cuidadosos diante de coisas com as quais se deparavam em sua época.

Uma orientação própria também para uma igreja que enfrentava um contexto hostil e debaixo de dificuldades em meio a uma sociedade bombardeada pelas guerras e disputas de filosofias humanas conflitantes e confusas entre si sobre o que de fato seria a verdadeira alegria de viver. Uma sociedade que tinha vários e diferentes pensamentos insatisfeitos sobre a alegria e que também nada conhecia do verdadeiro sentido da alegria segundo os ensinamentos do Cristo Vivo e Eterno.

Uma recomendação paulina, a fim de que também os crentes filipenses mantivessem a pureza e a essência do Evangelho de Cristo primariamente em suas individualidades como aprenderam e assim também fazerem valer essa manutenção e salvaguarda coletivamente em seu meio.

Essa expressão nos instrui a sermos cautelosos e nos desperta a redobrar cuidados sobre todos os hábitos e práticas estranhos que nos rodeiam em nossos dias. Ela é uma das recomendações que tem atravessado os séculos e cada dia mais se tem feito uma instrução extremamente necessária, útil e cabível.

Os judeus contemporâneos de Paulo usavam o termo “cães” (“kelebh”) para designar os gentios (povo não-judeu), tendo em vista aqueles verem e considerarem estes como pessoas cerimonialmente impuras, imundas. A força do orgulho carnal sobre a herança religiosa somada à observância das tradições judaicas através de esforços humanos alimentava no coração religioso daqueles  judaizantes de então algumas atitudes e comportamentos que conflitavam consigo mesmos, com a prática de sua fé e com a essência das Escrituras Sagradas.

Paulo metaforicamente devolveu o termo “cães” para sobre aqueles  falsos e fingidos que rondavam a igreja buscando lhe causar perturbações e lhe arrebanhar os coxeantes e fracos na fé cristã. No texto citado, a palavra do grego original para “cães” é “κύνας” (kynas), de “κύων” (kyõn).
Para começar a entender o assunto, precisamos saber que a visão do povo Ocidental possui certa dificuldade para compreender como o povo Oriental considera e mantém a visão de mundo em geral sobre alguns assuntos e aspectos da vida.

Além do que encontramos nas Escrituras Sagradas, o ato de comparar pessoas a cães era também muitas vezes encontrado nos provérbios populares daquela época. Pv 26.11, 17.

Para posicionar seguramente o foco do texto, vamos primeiro aos pontos sobre os cães (animais), como eram vistos nos tempos bíblicos. Com isso, poderemos em seguida compreender melhor sobre quem Paulo estava mencionando metaforicamente como “cães” no texto em apreço.

Em primeiro lugar, os cães (animais) eram vistos constantemente perambulando sem paradeiro e sem direção definida, pelas cidades. Vagueavam como forasteiros sem rumo e de porta em porta com o fim de buscarem saciar a sua fome sempre insatisfeita. Eram vistos como animais gulosos, insaciáveis e sempre prontos para abocanhar qualquer coisa que lhe servisse de alimento. Is 56.11. Escritos extra-bíblicos antigos também comprovam o fato de que os cães eram vistos como animais gulosos e insaciáveis.

Segundo, mantinham-se em bando e dependiam dele para a sua sobrevivência. Mas, por outro lado, conviviam em disputas acirradas entre si, a ponto de violentamente sangrarem e mutilarem uns aos outros por excitação e afloramento de seus instintos. Feriam-se uns aos outros, mas também se mantinham lambendo as feridas uns dos outros, e isso fazia com que não perdessem a ligação entre o bando, apesar das escoriações provocadas por eles mesmos dentro dos seus próprios bandos.

Em terceiro, os cães (animais) eram vistos como imundos e nojentos, porquanto entre si também lambiam os próprios vômitos uns dos outros. O vômito de um podia atrair o paladar de outros cães do mesmo bando ou ser lambido de volta pelo próprio que o lançou. Pv 26.11.

Em quarto lugar, constantemente eram vistos vagando em torno dos muros das cidades, nos vales de monturos, na busca e na espera de restos de lixo e de cadáveres. Não diferenciavam entre o puro e o impuro. Aproveitavam qualquer carniça ou qualquer sobra de comida bem feita e temperada que eram jogadas naqueles depósitos abertos de restos e lixos. Para o paladar canino não fazia diferença entre uma comida limpa sobrada dos palácios e a carniça imunda exposta nos monturos.

Em quinto, os cães (animais) eram vistos como criaturas que não tinham dono, não possuíam domicílio regular e nem um lar para o seu abrigo fixo. Registros os descrevem como animais soltos do ambiente doméstico e sem donos definidos. Freqüentemente, viam-se os cães se juntarem a  mendigos; associarem-se a pessoas moradoras de rua atingidas pela miserabilidade nas calçadas e portas. Lc 16.21. Principalmente eram vistos juntos atravessando a escuridão da noite ao relento.

Em sexto lugar, por serem animais carnívoros e sanguinários, sua natureza canina servia de proveito e oferecia alguns benefícios para alguns povos orientais. Algumas casas empregavam os cães como guardas e como caçadores. Mas relatos nos deixam ver que os cães não gozavam da total e plena confiança daqueles domicílios beneficiados. Era comum os filhotes de cães também se alimentarem com migalhas caídas debaixo das mesas nas casas que os criavam. Mt 15.27. Assim também alguns escritos antigos dão conta da presença do triste e vil pecado da zoofilia oculta usando cães naquelas épocas remotas.
E, por fim, em sétimo, constantemente eram vistos ataques surpresa de cães afoitos e inesperados contra pessoas nas ruas e pelos caminhos. Quer defensiva ou ofensivamente, os cães se lançavam voraz e traiçoeiramente contra tudo que lhe configurasse como uma ameaça a si. Os cães desconheciam facilmente as pessoas, até mesmo aqueles que lhe deram migalhas nas ruas anteriormente.

Em vista de tudo isso, notamos a expressão do texto citado falar em uma linguagem metafórica como reprovação de comportamentos e procedimentos. Os cães (animais) eram símbolo da impureza, do cinismo, da insensatez, da estupidez e da imundície. E nessa linguagem a palavra “cães”, “κύων” (“kyõn”), empregada no texto grego original para pessoas, comparando-as a cães, quer denotar uma figura de má índole, de má reputação, de desprezo e de imundície, familiar íntima e praticante de pecados nojentos e repugnantes contra Deus e contra até a própria natureza humana.

Paulo emprega essa mesma linguagem para pessoas que demonstravam uma oposição agressiva contra o Evangelho, contra os ensinamentos de Cristo e com fins destrutivos ou devoradores contra a igreja do Senhor Jesus. Um termo aplicado sobre pessoas com motivações estranhas e contrárias à vida no Reino de Deus e às Escrituras Sagradas e que tentavam sabotar o Evangelho da graça de Deus.

Paulo estava também se referindo a pessoas que se mantinham vagando entre a pureza e a impureza, entre a religiosidade e a insensatez, entre o sagrado e o profano, entre o orgulho dos esforços carnais próprios e a aplicação da fé. Paulo estava também denotando pessoas que perambulavam indiscriminadamente entre as igrejas para fazerem adeptos cativos a si, aos seus “zelosos” pretextos. Pessoas de vida moralmente impura e inescrupulosa. Pessoas religiosas que saiam das práticas da velha vida desenfreada, insensível e desajuizada de pecados e repúdios, e de maneira contumaz voltavam a insistir em se manterem flertando com ela.   

Pessoas cuja visão vagava insaciavelmente sem paradeiro e sem dono definidos atrás de vantagens e de tirar proveitos. Pessoas indefinidas que não tinham padrões e vínculos referenciais definidos. Pessoas que pouco lhes importava as diferenças entre santo e profano, luxo ou lixo, cidades ou monturos, coisas excelentes ou nojeiras e sujeiras. Pessoas intrusas e intrujas que usando de cinismo, buscavam cativar ambientes e pessoas indiscriminadamente, a fim de obter proveitos e captar vantagens.

Pessoas ressentidas que se desconheciam, se estranhavam e se indispunham contra as outras que lhe configurassem como uma suposta ameaça ao seu orgulho de poder. Pessoas que não discerniam o que é amor e responsabilidade, nem liberdade e libertinagem, nem erros acidentais e erros prevaricados ou premeditados. Pessoas que não tinham escrúpulos e que não se tocavam diante do descaramento e da desfaçatez. Pessoas matizadas cuja personalidade rascunhava uma cor enquanto o caráter rasurava outra.    

Pessoas movidas por vis choques de brios que avançavam umas contra as outras sem pouco importar-se se iriam se ferir, mutilarem-se, ou se matarem, em nome de um zelo pretexto e de uma fé motivadora de invejas odiosas. Mas também eram as mesmas pessoas que em conluio se alimentavam e se orgulhavam do vômito (sujeiras, fraquezas, deslizes, desacertos, erros) de umas das outras e lambiam-lhes os orgulhos feridos com as condolências traiçoeiras. Pessoas cujos gostos e vontades lhes arrastavam ao vil terreno de proveitos sórdidos e vantagens vergonhosas.

Paulo estava se referindo também a pessoas cuja visão pelo respeito pessoal havia sido arrefecida, vencida, fracassada, liquidada, em função de suas próprias intenções e desvios de conduta. Pessoas cujas bocas treinadas falavam habilidosamente do Deus Eterno, contudo seus corações indecentes idolatravam os interesses pessoais, as sórdidas manobras ocultas e a ambição pela primazia nos assentos cativos.
Paulo estava se referindo às mesmas pessoas que em nome de Deus, da religião e do tradicionalismo mantinham insensível e indecifravelmente seus corações a serviço do ódio destrutivo, do desrespeito desumano, da ignorância dissimulada, da arrogância cruel, da mansidão perniciosa e da inveja revanchista.

Paulo estava se referindo a pessoas aparentemente piedosas e munidas de sapiências oportunistas, que forçavam inverter o que jamais deve ser inverso, associar ou comungar valores incompatíveis, colocar remendos velhos em panos novos, provar o contrário do que está naturalmente explícito e modelar o racional na fôrma da irracionalidade.

Paulo estava recomendando que tivessem cautela sobre pessoas de caráter fingido e anticristão que polida e sutilmente forçavam de forma amistosa introduzir práticas, hábitos e costumes conflitantes com o Evangelho crido e vivido na Igreja do Senhor Jesus Cristo. Pessoas movidas por insaciedades, que visavam roubar a pureza, a decência, a simplicidade e a honra do Corpo de Cristo, assim como politiqueiramente buscavam se aderir e se amalgamar ao povo de Deus com a finalidade especial de promover a vergonha, desestabilizar convicções e viabilizar a interrupção da comunhão da Igreja com o Seu Senhor e assim, mesmo não prevalecendo, provocar um sério e terrível quadro de insipidez.

“Acautelai-vos dos cães”.
PbGS



domingo, 29 de maio de 2011

ESCÁRNIO – uma face da incredulidade nos últimos tempos.


ESCÁRNIO – uma face da incredulidade nos últimos tempos.

O escárnio é uma ação que também sinaliza o panorama dos últimos tempos. A cada tempo que o calendário avança, mais a presença do escárnio prossegue ganhando tipos e formas, alocando meios, apoiando-se em linhas de pensamentos e dando a conhecer a realidade dos sinais dos tempos do fim.

Quanto mais a humanidade caminha para os últimos tempos, mais a fria ação do escárnio se apropria de corações ímpios e divorciados da Palavra de Deus. E muitas vezes lamentavelmente adentra às portas também de alguns corações mornos na fé arrastando-os ao descontente  arrefecimento em obras.

Conforme os tempos vão avançando, o escárnio vai ampliando os seus covis, se revestindo e se estribando de razões escoradas no panorama progressivo e crescente da incredulidade nos últimos tempos. À medida que o escárnio avança, a insensibilidade ao arrependimento e ao perdão  encarcera muitos corações dentro das linhas da condicionalidade.

O escárnio também cega a visão de esperança e de possibilidade do “de repente” de Deus acontecer. O escárnio tenta arrancar dos corações as raízes da fé e da esperança e estimula determinantemente a instalação de um veredicto fatal, irrevogável e marcial contra os que sincera e verdadeiramente buscam chances e oportunidades de serem restaurados e levantados para a glória e louvor do Senhor.

A capa do escárnio vai cobrindo e congelando muitos corações e alimentando mediocridades, cooperando juntamente com outros sinais do fim dos tempos até que mesmo a uma parte dos escolhidos influencie e engane, na tentativa de neutralizá-los e acuá-los como se ridículos e alienados fossem. A cada dia o escárnio age em estratégia bipartida - ridicularizar ícones mais expressivos e desorientar os mais simples e menos instruídos. 

O bastão do escárnio vai sendo passado de mão a mão enquanto a corrida do tempo avança para a reta final, e muitos medíocres, injuriosos, blasfemos e ressentidos vão ficando aprisionados nas suas paixões e nos currais insensatos do escárnio, deixando para outros o sabor e o prazer de ganhar experiências contínuas e progressivas com Deus e lograrem vitórias e as bênçãos de Cristo para as suas vidas.

Enquanto uns avançam na fé e nas obras confiantes na Palavra do Senhor, superam os seus erros e desacertos, e reconhecendo as suas limitações, vencem os desafios e obstáculos e descansam nas promessas do Senhor, lamentavelmente outros vão ficando pelo caminho presos no passado e algemados pela influência do escárnio.

O cetro do escárnio enquanto se apóia no poder e na força do braço e da inteligência humana, vai apontando sutilmente para entronizar o homem na conflitante e frustrada tentativa de querer destronizar da história a vontade soberana do Deus Eterno e Criador. A indústria do escárnio tenta produzir e promover nos homens um tipo de temor avesso e desconexo da Palavra de Deus.

O escárnio busca se sustentar e se apoiar sobre muletas alheias, muitas vezes emprestadas por forças oportunistas e interesseiras para delas tirar algum proveito, como também por correntes prevaricadoras, pervertidas e perversas que cooperam com o inferno para cativar homens afundados na lama e no charco da iniqüidade.  

O homem dos últimos tempos está cada vez mais íntimo do escárnio ao passo que também cada vez mais se distanciando de Deus, se errefecendo da verdadeira piedade e do temor dos incontestáveis conselhos da Eterna Palavra do Senhor. A frieza incomum do escárnio se esforça por buscar abafar e apagar os calorosos e ardentes empreendimentos da verdadeira piedade.

O escárnio anda ladeado com a altivez, carrega o orgulho, resiste a repreensão e odeia a reprimenda, se faz repugnante e guarda consigo secretamente os seus propósitos. Ele caminha os seus passos tortos guiado pela arrogância, pelas paixões e pela incrédula soberba.

O escárnio dos últimos tempos visa de forma ofensiva e afrontosa colocar em descrédito os atos da soberana vontade de Deus para com os homens e com a história da humanidade. Ele intenta silenciar e expor ao ridículo tudo que se refere a Deus ou ao que ao Senhor adora.

Decepcionando-se cada vez mais com a sua própria lama, o escárnio de tempo em tempo tenta se levantar do seu próprio vômito para ganhar assento de honra e posição onde jamais lhe couberam.

E embriagadamente trôpego, tateia bêbado nos labirintos pantanosos das incertezas e busca mesmo sujo se suster e se revestir das culturas sociais. Ele quer inescrupulosamente ir além, visando promover teorias céticas, afrontosas e imorais, que ofendem a própria natureza humana e sobretudo insultam a Deus. 

Escárnio é uma palavra conhecida desde os tempos antigos. Uma palavra mais fortemente vivenciada em períodos de obscuridade, de conflitos de idéias, de desleixo e negligência para com Deus e com o próprio homem. Os tempos do fim terão mais afinada e acirrada semelhança com aqueles períodos.

Diante de situações difíceis, tediosas, intrigantes, ou intrincadas, a saída de muitos corações era desfechar a revolta, era cair na desilusão, era mergulhar na apostasia, era submergir na demonstração de ingratidão e abandono da fé, ou se enveredar pelo caminho da desobediência incrédula, do desprezo, da zombaria escarnecedora.

Escárnio aparece em algumas palavras nas páginas veterotestamentárias. Em cada uma dessas palavras, o escárnio se apresenta com uma denotação. São palavras com fonemas e pronúncias diferentes, porém cada uma delas com a marca comum do escárnio.

A presença de cada uma dessas expressões está ligada a situações distintas atinentes ao escárnio. Uma é “shimtsâ”, a outra é “la’ag”, ainda a outra é “latsôn”, além dessas, a outra é “qeles” e finalmente encontramos a “gedûpâ”.

Olhar para estas palavras é sentir o peso e as conseqüências do escárnio em cada situação. Cada uma delas traz consigo uma amarga experiência que nos deixa perceber e compreender razões de prejuízos consequentes.

Os tempos passaram, o idioma original sofreu variações, mas entendemos que essas palavras das Escrituras Sagradas foram preservadas para que permaneçam nos servindo de objeto de aviso e de ensino.

E cada vez que os últimos tempos avançam, mais afloram-se os escarnecedores e mais são engenhados e ampliados os seus escárnios, posto que os seus frutos já nascem com o gene da incredulidade, desde a semeadura.

As palavras podem sofrer alterações de sentidos e variações de escrita e fonética, todavia nelas sempre permanece o fio comum do sentido original em cada uma. Conforme as épocas, elas trafegam pelos corredores da etimologia e recebem novos brilhos.

Às vezes algumas palavras ganham mais notoriedade, enquanto outras se tornam tão corriqueiras e coloquiais que despencam da sensibilidade, da consideração e caem em desuso ou em instrumento da banalização. Escárnio é uma dessas palavras, visto que afeta no homem o temor e afronta o Senhor Deus.

E para que entendamos bem o escárnio, convido o caro e generoso leitor a olhar mais de perto para cada uma dessas palavras veterotestamentárias. E ao passo em que se vai notando-as, certamente sua atenção irá se dirigindo e se tornando mais aplicativa aos contextos dos dias atuais e dos que sobrevirão nos últimos tempos, assim como o peso que recairá sobre os homens do escárnio.

1 – Primeiro, começo por lhes explicar a primeira dessas palavras, a “shimtsâ”. Ela nos faz ver uma das faces do escárnio – a vergonha -. Escrita em Ex 32.25, ela vem nos falar de uma vergonha pública, um tipo de exposição à execração pública que tinha a finalidade de fazer o escarnecido ser colocado em situação de constrangimento vergonhoso diante de outros.   

2 – A seguinte é “la’ag”. Esta palavra traz consigo uma outra visão do escárnio – a zombaria -. Ela aparece no Livro dos Salmos, Sl 44.13-14 e Sl 79.4, assim como em Ez 23.32. Notamos que ela nos deixa ver uma ação que tinha  o propósito de levar o escarnecido a se tornar o opróbrio público e objeto de riso e ridicularização. Ela parece com a anterior, todavia existiam diferenças que motivaram as razões de emprego para cada uma.

3 – Depois, a outra é “latsôn”. Ela aparece por várias vezes nos Provérbios e nos deixa perceber outro lado do escárnio – a insensatez em abandonar e deixar escapar a sabedoria e o conhecimento -. Ela estava presente no concurso das demandas e ignomínias. Uma das conseqüências de “latsôn” era o triste fim envilecido, consumido e reduzido a nada.

4 – Além dessas, a outra é “qeles”. Esta expressão também nos traz a enxergar mais outra face do escárnio – a atitude de desvalorizar o que possui valor de verdade -. Ela foi aplicada a alguém que desprezava e desvalorizava a verdade, desconsiderava o valor da verdade. Quando se abandona a verdade, ou desvaloriza-a, os riscos da mentira assentam o seu império no lugar de onde a verdade esteve.

5 – E por fim, vem a palavra “gedûpâ”. Uma outra visão do escárnio pode ser vista nesta expressão – o insulto, a injúria, a blasfêmia, contra Deus -. Nesta palavra encontramos o triste e pesado fim que recai sobre todo aquele que escarnece de Deus, visto que esse tipo de escárnio tem no seu cerne o maléfico intento de ferir ou ultrajar o Senhor Deus.

Os juízos, concertos, pagas e vinganças pertencem a Deus, e não às vontades deliberadas dos homens. O escarnecedor de Deus tropeça e cai sobre o seu próprio escárnio, como recompensa iminente e fatal que recair sobre ele mesmo por suas próprias ações de tentar injuriar, ferir, ultrajar o Senhor Deus. O ato néscio de não crer em Deus, biblicamente já era um “gedûpâ”.

Até então tivemos olhado para o escárnio com as vistas no sentido veterotestamentário. Agora, vejamos essa face da incredulidade que sinaliza os últimos tempos com os olhares sobre o que nos traz os escritos neotestamentários.

Notemos que no período da nova aliança, o escárnio trafega pelas épocas avançando até que seja por completo silenciado, receba a sua paga e o seu devido tratamento no tempo próprio.

1 – Para começar mais bem notando o escárnio como uma face da incredulidade nos últimos tempos, vemos a princípio o termo “empaigmoné” – zombaria e sarcasmo. Este termo encontrado no escrito do apóstolo Pedro nos traz a ver com que visão os escarnecedores (empaiktés) encaram a promessa da segunda vinda do Senhor Jesus e do que sobrevirá sobre todo o mundo.

Em torno de “empaigmoné” aparecem os “empaiktés” (escarnecedores citados ali) nutridos pelas paixões, zombando com sarcasmo contra Deus, contra as palavras do Senhor Jesus Cristo e daqueles que tocaram pessoal e diretamente no Verbo de Deus encarnado.

Nos últimos tempos não vão faltar escárnios em forma de críticas engenhosas ou inteligentes, cultas ou indoutas, com o infame propósito de zombar das palavras e ensinamentos do Senhor Jesus, assim como de todos quantos O seguem e  anunciam a Sua Palavra e Seus ensinamentos.

2 – O outro termo é “empaízõ”. Esta triste natureza do escárnio permeou e campeou nos tempos de Jesus Cristo, principalmente nos últimos dias dEle na Terra. Esse lado do escárnio mostra que sua principal ação é denegrir, fazer alguém de tolo, fazer insultos a alguém. E o Senhor Jesus sofreu o cruel e ferrenho “empaízõ” dos seus contemporâneos religiosos e incrédulos até o momento de Sua morte na cruz.

A incredulidade dos escarnecedores se mostrou nas ações escarnecedoras focando diretamente contra a pessoa do Mestre. E cada vez que Ele atuava no Seu ministério terreno, aqui e acolá aparecia algum escarnecedor promovendo escárnio sobre a Sua pessoa, deixando de serem perceptivos em enxergar ao menos as Suas obras.

3 – Para o escárnio aparece um terceiro termo, o “mukterízõ”. Este termo nos fala de uma ação do escárnio e que ele não passará impune. Esse lado do escárnio nos faz entender algumas razões pelas quais ele não ficará sem receber da parte de Deus a sua punição conseqüente.

O termo “mukterízõ” significa tratar com desprezo, torcer o nariz como ato de zombaria para com Deus. Este termo revela a soberba como uma aliada do escárnio para com Deus. É tornar Deus ridículo, é desprezar Deus, é zombar de Sua Palavra e dos Seus testemunhos e feitos.

O apóstolo Paulo nos diz em Gl 6.7 que “Deus não se deixa ser escarnecido”, ou, que “Deus não se permite sofrer ação de escárnio e o escarnecedor passe impune”. Esta é a única vez que o termo “mukterízõ” aparece, e tem uma relação de ações assemelhadas a semeadura e ceifa. Quem semeia “mukterízõ”, ceifa a conseqüência fatal dela.

4 – Finalmente, chegamos ao termo “cleuazõ”. Ele tem pouco e leve impacto no escárnio, porém faz parte integrante dele, visto que como outras palavras acima ela diz de uma ação zombeteira e ridicularizadora ofensivamente mais leve que as anteriores. Este termo resume a ação e a natureza do escárnio.

Assim, em vista de tudo quanto vimos acima sobre o escárnio, percebemos que ele possui uma maleficiosa função, ele carrega em si uma maldosa natureza e se dirige a repugnantes propósitos. O escárnio é uma das faces da incredulidade nos últimos tempos. E a presença dele revela os escarnecedores e sinaliza ambos como uma das marcas dos últimos tempos.

A palavra escárnio na visão de nossos dias não teve o sentido do seu cerne mudado. Escárnio nos nossos dias nos fala de ações de zombar, censurar sem piedade, ridicularizar, desdenhar, desprezar, menosprezar, tratar com gozação e brincadeira.

Estas ações ao passar dos tempos foram feitas cada vez mais com a facilidade estimulada pela libertinagem e pela irreverência. Cada vez mais elas vem promovendo a banalização dos valores humanos, e com isso forçam atingir e afrontar o sagrado, influenciar ao desrespeito a Deus e a tudo que se refere ou a Ele está ligado.

Cada vez mais a forte ação do escárnio ultrapassa os seus indecorosos limites, extrapola a capacidade de senso judicioso quanto a tudo que se refere a Deus e Suas ações e vontade soberanas. A cada dia mais ela tenta desequilibrar o senso moral, alimentar inescrupulosamente a incredulidade, promover e incentivar a irreverência para com Deus e com tudo que ao Senhor está ligado.

O escárnio tira do escarnecedor todo o seu senso de individualidade, fazendo-o não perceber e não sentir o seu próprio estado e sua condição pessoal. O escárnio faz o escarnecedor se tornar insensível às suas próprias situações e limitações individuais. O escárnio rouba do escarnecedor a percepção e a visão de si mesmo.

O escárnio ilude o escarnecedor de tamanha forma que despadroniza o seu senso auto-crítico, mergulha-o na lama da hipocrisia e do fingimento, deixando-o inebriado falsamente nos pensamentos de que sua visão, suas paixões, seus erros e desacertos caminham pelas trilhas do que lhe é pressupostamente correto, certo e verdadeiro.

Silenciosamente o escárnio exprime o seu grito de cobranças desajuizadas, ignorantes, insipientes, descabidas e inconsistentes. No íntimo o escarnecedor é um elemento incrédulo que anda na aridez de sua ínfima capacidade de crer e confiar na Palavra de Deus, assim como de lançar no seu destinatário o desmerecimento.

Em busca de um lugar reconhecido, e ansioso para cativar a atenção alheia para os seus feitos, o escarnecedor vale-se do único produto de sua especialidade – o escárnio -. O escárnio é o produto da ignorância que se mostra cada vez mais nas vitrines letradas e influencia vidas e opiniões nos balcões da incredulidade.

A Palavra de Deus nos recomenda a não nos associar com as rodas, os conchavos, os motins, os pensamentos engenhosos, do escárnio, visto que o fim deste é receber de Deus a sua paga, a sua recompensa pelos rastros abomináveis que  produz.

A Palavra de Deus nos aconselha a ficar distantes do escárnio, a fim de que não venhamos a ser confundidos e pegos de surpresa no “de repente” de Deus como os escarnecedores serão.

A nós como servos de Deus por Cristo Jesus, devemos nos colocar e nos manter em nosso caminho, dentro das nossas limitações e falibilidades naturais da vida humana. Certamente temos ciência pela Palavra de Deus e pelas experiências diárias que nós e nossas mensagens são passíveis de se tornarem em alvos de escárnio.

A escura e densa nuvem de incredulidade promovida pelo escárnio cobre multidões de vidas afastadas do conhecimento de Deus. Vidas mergulhadas em paixões e  errantes por caminharem pelas ruas desta vida estando estribadas em suas opiniões pessoais divorciadas da Palavra de Deus, perdem o senso individual de suas necessidades espirituais.

Muitas vidas com seus corações empedernidos, se enveredam em buscar encontrar perfeição e fazer cobranças de perfeição no meio exterior. Essas vidas são as que mais têm sofrido a influência conflituosas do escárnio e obtido sérios prejuízos em suas almas. Muitas delas levam suas vidas pautadas em escárnios lançando culpas inconsistentes e desarrazoadas.  

Alheios à ação do escárnio e de seu espírito medíocre, que algemam passadas e aprisionam vidas no passado, prossigamos para o futuro anunciando a bendita Palavra de Deus com legitimidade e autenticidade, enquanto os últimos tempos transcorrem e ela se cumpre.

Sigamos livres de prisão do escárnio. Sigamos a pregar e a ensinar a Palavra viva e eficaz que diariamente nos corrige, nos ensina, nos repreende, nos edifica, nos consola, nos exorta, nos encoraja e nos confere a certeza do perdão de nossos pecados e transforma vidas, e prepara a cada momento todo aquele que nela crê.
Ela tem o seu cumprimento próprio no momento apropriado pelo Senhor.
PbGS

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Palavras do AT hebraico consultadas no Theological Wordbook of the Old Testament. Moody Bible Institute of Chicago. USA. 1980.
Termos do NT grego consultados no The New International Dictonary of New Testament Theology. The Zondervan. USA. 1978.
Expressões do AT hebraico e NT grego consultadas no Vine’s Expository Dictionary of Biblical Words. Thomas Nelson. USA. 1985.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Mt 25.1-13: O GRITO DA MEIA-NOITE.


O GRITO DA MEIA-NOITE.
Um despertamento que trará revelações.

Sei que este artigo é um tanto longo, pode tomar um pouco do precioso tempo do nobre e generoso leitor. Entretanto, convido-lhe a refletir nestas pérolas do incalculável valor do tesouro de Deus, ainda quando estamos antes do grito da meia-noite e podemos edificar mais vidas. Certamente será de grande e gratificante recompensa.

A expressão “meia-noite” no aspecto bíblico escatológico tem significados, nuanças e detalhes singulares para os quais precisamos atentar. Ela nos fala de acontecimentos e momentos, e sugere para a nossa vida um despertamento pessoal, individual, sobre o que cada um de nós mesmos somos, o que fazemos, como devemos estar e o que nos espera nos contextos que nos circundam e nos que estão por vir.  

Olhar para essa “meia-noite” significa atentar para algumas notas que urgem à nossa maior e mais apurada reflexão, visto que “a noite vem; quando não mais podemos trabalhar”. O tosquenejar, cochilar, e o adormecer serão parte de uma vista normal e panorâmica notada cada vez mais estivermos perto dela. Não nos surpreendamos e nem nos embriaguemos, posto que “somos do dia e não da noite”.

Olhando especialmente para as palavras e expressões do Senhor Jesus Cristo na parábola conhecida como “a parábola das dez virgens”, registrada em Mateus 25.1-13, algumas notas nos fazem realmente refletir um pouco mais com afinco e atenção nos seus pormenores que nos deixam conhecer melhor acerca dessa “meia-noite”.

Começo, então, trazendo a lume alguns desses pormenores, cujas lições possuem o principal propósito de nos orientar que sejamos prudentes e vigilantes enquanto esperamos o grito da meia-noite iminente e com ele o esperado convite para sairmos ao encontro do Noivo.

Em primeira mão, o Senhor Jesus Cristo, nessa parábola,  nos apela a que estejamos preparados, a nos mantermos em estado de vigilância constante enquanto esperamos o momento iminente de Sua segunda vinda. Ele aponta para um momento ímpar do futuro ilustrando uma semelhança entre os momentos fatuais dessa Sua vinda e os contextos do presente relacionados a ela.

O Senhor Jesus lança uma ilustração contendo uma semelhança, uma visão de um dos aspectos do reino dos céus. Essa semelhança não significa igualdade, mas a relação e características de fatos parecidos, similares em aspectos com o fim de nos fazer compreender as lições principais contidas na exposição do Seu ensinamento. 

Nessa parábola, o Senhor Jesus Cristo emprega o recurso lingüístico da alegoria para que possamos compreender as coisas espirituais correlacionando-as com as coisas terrenas. Para nos fazer entender a relação entre o reino dos céus que se revelará inteiramente no seu tempo e as atitudes e qualidades daqueles que estão esperando por Ele na Sua segunda vinda.

O Senhor Jesus utiliza um fato humano conhecido no presente, em nosso tempo, a saber, um cortejo de casamento formado por um serviço composto de moças virgens para o encontro com o noivo, conforme o costume dos tempos bíblicos daqueles dias na Palestina no tempo de Jesus.

A parábola começa nos fazendo enxergar a realidade da existência do reino dos céus, e que haverá o seu momento de se revelar a seu tempo com total claridade, assim como os elementos conhecidos na nossa experiência cotidiana que envolvem a nossa vida de atitudes e comportamentos em relação a chegada dele enquanto o esperamos e todo o contexto pertinente.

O reino dos céus não é uma invenção, nem uma ficção. Não é uma região geográfica ou política localizada no espaço físico. Ele é espiritual, uma realidade na existência, percebido e visto apenas por aqueles que “nascem de novo”, que “nascem da água e do Espírito”. Para vê-lo e entrar nele primeiro se tem que antes nascer de novo, nascer da água e do Espírito.

Com a citação ilustrativa dessa semelhança na parábola, o Senhor Jesus Cristo começa nos falando também de contingente, utensílios, adereços, características, qualidades, atitudes e comportamentos. Ele nos fala de coisas visivelmente notadas no presente e também de coisas que serão somente dado contas e exteriorizadas no futuro, mais precisamente ante o grito da meia-noite iminente.

Ele nos fala empregando simbologia com coisas cotidianas essencialmente terrenas e naturais, mas com isso também nos fala de coisas espirituais da mesma forma essenciais ao nosso viver cristão. Coisas essas que além de essenciais, são imprescindíveis e insubstituíveis.

Em questão de contingente, o texto nos fala de uma quantidade total de dez. Dez representa a Lei, o número de governo e o de um ciclo completo. Dez também representa tudo que o homem pode dar a Deus, toda a capacidade de trabalho do homem em toda a sua plenitude. Dez representa ainda a perfeição da ordem divina.

Mas esse contingente foi fracionado em duas proporções iguais – cinco e cinco -. Cinco representa a graça de Deus, o favor imerecido que Deus oferece aos homens. Cinco também representa ministérios espirituais e também redenção. Cinco representa, além disso, a revelação de Deus, a santificação e os sentidos que possuímos para perceber as oportunidades e as coisas do mundo físico que Deus nos concede.

Notemos ainda que esse contingente do cortejo era composto por virgens. Virgem representa os servos do Senhor que não se mancharam com a idolatria e coisas atinentes a ela. Aqui reside o teor do grande alerta endereçado ao seu público alvo. Essa parábola não se destina ao mundo secular, estranho e afastado de Deus.

Em referência a utensílios, o texto nos fala de lâmpadas, ou lamparinas, vasilhas e azeite. Lâmpada representa a Palavra de Deus, luz, verdade, gozo, instrução, ensino, sabedoria, pureza, alegria e glória. Vasilha, vaso, frasco, representa suprimento, caráter e experiências individuais e intransferíveis que cada pessoa possui.

Azeite representa o Espírito Santo, a unção que capacita ao serviço, fortaleza que confere resistência, ousadia e coragem. Azeite também representa alimento, remédio aliviador. Em relação a adereços e características, isso nos fala através das virgens componentes de um cortejo de casamento naturalmente ataviadas a rigor a propósito de um encontro especial.

Em vista de qualidades, o texto ainda nos faz perceber que a diferença notada nas duas proporções de virgens não estava no exterior visível. Tudo nelas parecia igual e normal aparentemente. O fator principal que causava a distinção entre ambas as proporções, e que as dividiam e identificavam-nas eram as suas qualidades. Essas qualidades somente se revelaram no momento do grito de anúncio da chegada do noivo.

Os dois grupos tinham proporções e características exteriores iguais, todavia com atitudes diferentes e comportamentos diferenciadores. Os dois grupos eram compostos por virgens. Os dois grupos estavam juntos compondo o mesmo serviço no cortejo. Os dois grupos estavam envolvidos, empenhados, comprometidos e dirigidos para um único acontecimento.

Os dois grupos estavam aparente e visivelmente iguais. As diferenças surgiram mais tarde, e vieram se tornar públicas quando da ocasião do grito da meia-noite iminente. Os dois grupos objetivavam esperar o noivo, serem recebidos por ele no mesmo lugar de espera, seguirem com ele para o local da bodas e depois entrarem com ele para ela, a festividade de casamento.

Os dois grupos possuíam lâmpadas iguais e próprias para o serviço especial que estavam prestando. As virgens foram ataviadas com roupas próprias e dotadas com lamparinas indistintamente. Mas a demora da espera foi trabalhando situações para que fossem reveladas as qualidades de cada uma. Não era o suficiente um zelo momentâneo e aparente para satisfazer uma curta duração.  

Cinco eram néscias (morós) e as outras cinco eram prudentes (phronimos). Os termos são antônimos, e nos deixam ver que residia no interior de cada um desses dois grupos uma completa distinção até então não total e inteiramente exteriorizada.

O foco principal da lição nos traz a atermos a visão nessas qualidades antônimas que mais tarde seriam refletidas das suas atitudes (idéias, pensamentos, visão, interiores) e refletiriam nos seus comportamentos (fatores visivelmente exteriorizados e qualificados) ao serem despertadas pelo grito da meia-noite iminente.

As cinco néscias (morós), apesar de terem os mesmos paramentos e aparatos das outras, eram tolas, desprovidas de bom senso, loucas, embrutecidas e estúpidas. Elas deixaram de ajuizar o que eram, como estavam se comportando, qual era a sua função, qual era a finalidade de estarem no cortejo, o que deveriam fazer e o que terem consigo para os momentos, o que precisariam para se manterem nos seus lugares até o desfecho final de seus esforços.

A falta de bom senso, a insensibilidade e o embrutecimento levaram as néscias a se fazerem estúpidas, imprudentes e imprevidentes. Elas não discerniram o privilégio de estarem tomando parte naquela procissão de casamento. Estar apenas presentes no cortejo não era o propósito final destinado a elas. Estar apenas presentes no cortejo para elas parecia ser o bastante. Nota-se que a insensatez levou-as a subestimar os privilégios; o tempo e a vontade do noivo; e a monta e o desenrolar do evento.

As néscias começaram sendo notadas na frente e foram focadas assim até o momento do grito da meia-noite, até antes da ocasião do grito todas estavam visivelmente iguais e tudo aparentemente normal. Paramentos e aparatos não substituem valores de caráter e experiências íntimas com o Espírito de Deus. Existem valores que somente são adquiridos com o tempo e em meio a experiências pessoais, individuais. E isto não se consegue comprando de um dia para o outro. Isto se adquire através de esforços com  sabedoria, inteligência, sensatez, prudência, previdência e discernimento.

Até o momento do grito da meia-noite o foco principal estava primeiro dirigido e concentrado nas virgens néscias, apesar de estarem desprovidas de vasilhas com azeite reserva para suprir eventualidades pessoais, individuais, durante as imprevisibilidades que poderiam surgir no curso do período da espera.

As cinco prudentes (phronimos), compunham o segundo grupo do cortejo. Demonstraram espírito reflexivo, inteligência e foram conscientes de si mesmas. Elas ajuizaram com sensatez, discernimento e experiência sobre o que poderia lhes acontecer durante o cortejo na espera do noivo. Elas consideraram privilégio, o tempo e a vontade do noivo e a importância do evento e demonstraram senso previdente desde antes de começar o cortejo na espera do noivo.

Das coisas que caracterizaram esse segundo grupo de virgens são a prudência, o senso sábio, discernidor, reflexivo e judicioso. Elas julgaram as coisas com o pensamento sensato e previdente. Para elas o mais importante de todos os seus esforços era chegar até o noivo e acompanhá-lo até o ambiente da festividade de bodas de casamento na casa de seu pai.

Para as prudentes não era importante apenas estarem com vestes e de lamparinas nas mãos tomando parte num evento especial e diferente de qualquer outro tipo de acontecimento. Para elas o mais importante era atingir o objetivo final de seus esforços como recompensa de todos os seus esforço e empenho. Para elas o tosquenejar, cochilar e o adormecer não lhe foram elementos surpresas e nem lhe tomaram de assalto os seus valores interiores.     

Esse foco que começa encabeçando as virgens néscias antes das prudentes tem o propósito de nos fazer notar o teor próprio das verdades, todavia no final da parábola as néscias são notadas em último e “mais tarde”. Aquelas que começaram sendo citadas em primeiro passaram a ser vistas no depois. Todas as palavras e expressões do Senhor Jesus são muito mais do que podemos entender completa e inteiramente.

Apesar das néscias estarem sendo focadas no primeiro plano, bem vestidas e munidas de suas lâmpadas, a expressão conjuntiva adversativa aparece, então, revelando o ponto principal de contraste entre ambos os grupos de virgens. Tudo parecia normal e igual até o meio da noite, entretanto foi o momento do grito da meia-noite que revelou os contrastes, os antônimos, as diferenças, as qualidades.

Nota-se que momentos antes dessa “meia-noite”, ambos os grupos como num todo em espera foram tomados pelo sono, e tosquenejaram, cochilaram e adormeceram. Agora a esta altura da espera, o momento de cansaço em meio a escuridão da noite os cobriu. Em pleno meio da noite já não apresentavam condições para se ausentarem do local ou se envolverem em coisas alheias ou em busca de prontificação para o evento. 

Essa “meia-noite” foi precedida de alguns fatores pertinentes ao tempo de espera e demora da chegada do noivo. Sono, cochilo e adormecimento nos falam de esfriamento, de inércia. Ambos os grupos foram se tornando frios e inertes durante a espera do noivo. Ambos os grupos experimentaram o peso do esfriamento e da inércia em função da demora nessa espera.

Em meio a obscuridade da meia-noite, ouviu-se um grito (kraugé), um clamor de chamada em alta voz, anunciando a chegada do noivo e nele também o convite a saírem de onde estavam para encontrarem com ele. Quem deu o grito não aparece e nem está em foco no contexto, por isso não possuiu significativa citação do agente. O mais importante e significativo aqui são o grito da meia-noite iminente e o convite de encontro com o noivo, posto que em conseqüência dele vieram as revelações.

Essa “meia-noite” bíblica escatológica não se trata do horário cronológico. Ela se refere a um momento de total e completa rendição à obscuridade sobre a humanidade. Se refere a um momento de adormecimento, de escuridão, de insensibilidade, de densas trevas espirituais sobre a humanidade que incidirá com certa influência sobre todos aqueles que servem ao Senhor Jesus Cristo.   

Foi o grito que nesse momento despertou a todos. Foi o grito que levou ambos os grupos a se despertarem, levantarem, tomarem posição, se arregimentarem e prepararem as suas lâmpadas. Foi o grito que levou as néscias a tomarem consciência que não estavam prontas ainda como deveriam estar, assim como estavam debaixo de um fator surpresa irreversível.

Foi em função do grito da meia-noite iminente que as atitudes e comportamentos de ambos os grupos de virgens vieram às considerações. As qualidades de cada um grupo foram reveladas a todos no meio da noite e perante o grito. Foi em função desse grito que apareceram as deficiências e o peso da negligência das néscias por lhes haver faltado os valores interiores notados nas prudentes.

Agora, após o grito, veio se saber quem era quem e o que diferenciava ambos os grupos. As prudentes, apesar de haverem cochilado e adormecido durante a espera, elas traziam consigo vasilhas, ou vasos, ou frascos, com azeite suprimento de reserva e no momento do noivo elas estavam além de despertadas, apercebidas.

Somente com o grito da meia-noite foi que vieram a lume quem dentre os grupos se mantinha em falsa prontidão, estava estribado em presunção, possuía uma falsa religião, nutria uma falsa esperança, possuía um falso senso, alimentava uma falsa prioridade e se mantinha por trás da insensatez e do auto-engano.

Até então o grito, os grupos estavam juntos, cochilando e adormecidos juntos, mantidos coesos e aparentemente tudo parecia haver soluções e contornos a situações que surgissem, afinal todas eram componentes do serviço que estavam a mercê do mesmo cortejo de casamento e havia apenas um noivo a ser esperado e atendido.

Mas agora também um novo detalhe extremamente significativo surge. O noivo chegou quando as néscias estavam ausentes do lugar de encontro. O tempo e a oportunidade que tiveram antes de saírem para compor o cortejo haviam ficado para trás. Elas haviam saído para comprar azeite fora de tempo e de local. O tempo de adquirir o azeite passou e o momento agora era impróprio e tardio para obtê-lo.

Da mesma forma, notemos outro detalhe. As que entraram com o noivo foram as prudentes, as que estavam apercebidas. Agora fica mais claramente reveladas as suas qualidades, o seu estado de percepção atenta, previdente, sábia e inteligente.

Aqui tomamos conhecimento de que as néscias foram excluídas definitivamente das bodas. Elas fizeram parte da procissão de casamento, mas o texto nos deixa notar que o peso em suas atitudes era apenas o de participar ativamente do cortejo, estar envolvidas nele segundo a sua visão pessoal, individual, isolada e alheia ao que poderia acontecer durante a espera. Elas tiveram a oportunidade de voltar e ainda bater a porta, porém agora era tarde e elas receberam do noivo a dura frase "não vos conheço".

Uma mistura de satisfação e conformidades com aparências, de loucura, de excesso e erro de confiança nos outros, de imprudência e imprevidência, levaram as néscias ao momento fatal da ruptura e separação de ambos os grupos de virgens que estiveram juntos, participaram das mesmas coisas, dos mesmos privilégios e dos mesmos momentos, mas agora chegou o momento de separação.

Quem começou no primeiro plano do foco ficou para o mais tarde e o depois. Era o que lhes bastava o participar do cortejo, o estar enfronhado e visto na presença dos demais e envolvido no meio do cortejo, afinal poderia haver um ar de misericórdia de última hora por parte do noivo.

E quem sabe se o noivo ao olhar para o contingente de virgens e vê-lo pelo número e não pelas qualidades, fosse imbuído de um pressuposto momento de compaixão e esqueceria ou desprezaria o seu cetro de equidade e de justiça?
PbGS