sexta-feira, 4 de abril de 2014
FORMALISMO RELIGIOSO
Formalismo religioso
Guardai-vos
desse fermento.
Os bons dicionários em sua maioria definem a palavra formalismo
como sendo o apego excessivo a formalidades. A tendência de privilegiar e
enaltecer a forma e as qualidades formais em detrimento do conteúdo e da
realidade. A preocupação com a forma externa acima do conteúdo interno. Em
suma, a formalidade visualiza prioritariamente a forma exterior, ao mesmo tempo
em que despreza o conteúdo interior.
Para o formalismo importa que a forma exterior satisfaça e
prevaleça, enquanto o seu cerimonialismo abafe e/ou afaste a realidade do
conteúdo interior. Formalismo é uma palavra normal e aceitável em alguns
âmbitos, mas também por vezes mal compreendida. Em algumas ocasiões e para
algumas circunstâncias se cabe o formalismo. Ser formal não é sinônimo de ser
fechado ou engessado. Todavia, como cada coisa tem os seus tempos e lugares,
assim o formalismo tem os seus. Se o formalismo é para algumas coisas uma
trava, o seu excesso é um desastre.
E um âmbito no qual o formalismo se faz ser por vezes chocante é
no religioso. O formalismo religioso conforma a alma no desprezo dos valores
interiores e no sono cerimonioso da prática mecânica de tradições; promove o
arrefecimento da comunhão e contribui para o desfalecimento da fé e desrespeito
aos valores interiores do próximo. O formalismo religioso afasta pessoa de
pessoas.
O Senhor Jesus nos dias do Seu ministério terreno encontrou e
defrontou-se com o formalismo religioso que estava imperando e campeando naquela
época. O Senhor Jesus combateu forte e veementemente a prática do formalismo
religioso no Seu tempo. E isso não foi em vão. O formalismo religioso atraia, concentrava e
cativava a atenção para o que mais importava ser visto pelos olhos, enquanto a
manifestação da alma e da essência do conteúdo interior estava sendo desprezada.
O formalismo religioso confere identidade e declaração de
desequilíbrio, incoerência e desconexão com o real significado do servir a Deus
e a do servir a vidas. Causa choques. Choca, afasta e intriga. Na área
religiosa o foco original e legítimo concentra-se primaria e exatamente no
conteúdo interior. É no interior onde está o ponto forte que emana, manifesta e
reflete seu conteúdo para o mundo exterior.
O formalismo religioso viabiliza o abrir brechas para a
hipocrisia, e não obstante abre vagas sutis para a mediocridade comandar. É possível
e louvável o ser sensato e equilibrado na formalidade, todavia é honroso e
decoroso ser legítimo e coerente na informalidade. Enfim, um tempero que faz
subir escadas sem se dar lugar para a soberba, e leva a descer degraus sem se
dar espaço para o vil, o indecoroso e muito menos ao profano.
O formalismo religioso é desastroso, mesquinho e intolerante. Festeja
e agita a bandeira de tradições e ao mesmo tempo entulha as vias da compaixão e
desdenha da misericórdia. Engole o camelo e côa o mosquito. Critica o argueiro
nos olhos alheios e se conforma com a trave nos seus próprios. O formalismo
religioso fala alto e sua voz pode ser ouvida, entretanto os seus moldes jamais
devem ser imitados. Invejar e apedrejar são a sua perícia, e exercer a
misericórdia é a sua incompetência.
O formalismo religioso mantém pintado o sepulcro de cal e nele
esconde seus restos ressequidos e sem vida. Nas esquinas faz contas e publica o
mínimo de sacrifício feito por si e despreza e abafa o tanto de suor, sangue e
lágrimas da exaustão e cansaço alheios. O formalismo religioso agrada ao que
lhe apraz e sacia o seu ventre. Comunga, se conluia e busca a proteção aos pés
do império de Cezares e joga e se diverte com o poder do Reino.
O formalismo religioso assiste de forma fervorosa e vibrante o “lavar
das mãos” diante de causas cruciais. Muitas vezes sem que se aperceba, promove
a vergonha pública da coroa de espinhos e da cruz. Por vezes e em ocasiões
propícias a si, usa as reservas da prata para comprar a traição. O formalismo
religioso sugere adesão e corre atrás de prosélitos, porque também é impotente,
amordaçado e manietado em demonstrar e convencer da conversão. Somente se
oferece aquilo que se possui.
O formalismo religioso imperceptivelmente abre espaços e promove
de forma tola a plataforma do desmantelo. O formalismo religioso literalmente ama,
zela e adora cada acentuação e pontuação das letras, todavia abafa, sufoca e
extingue a coragem e a intrepidez do Espírito. O formalismo religioso é um
ébrio tentando se passar por lúcido e equilibrado. É um manco que caminha
encostado em ombros interesseiros e aproveitadores, e manqueja apoiado em
muletas alheias. É um cego guiando outros cegos. Ata e amarra em si o viés das
picuinhas e afrouxa e solta os cordões da insensatez, da insensibilidade, da desonestidade
e da subestimação.
O formalismo religioso polidamente destrata, açoita e oprime
líderes, e desrespeita e humilha liderados. Ele não permite olhar para o chão a
enxergar a água da bacia lhe cobrando lavar pés alheios. Porém trata o redil
como se este fosse subdividido em currais cativos numerados para dar suporte a
bancadas e câmbios que atendam aos seus fins para si. O formalismo religioso
possui a eficiência sagaz de se infiltrar, se ocultar e se escudar em cargos e
posições, com a finalidade de manter parasitariamente contínuos os seus maus hábitos
rotineiros.
O formalismo religioso é um verdadeiro desastre vestido de
polidez e causador de escombros. Enquanto elegantemente olha para o exterior e
se preocupa com a mediocridade de aparências e performances, números e
numerários, estatísticas e tributos, tragicamente esconde-se das incumbências e
tarefas inerentes, clamadas pelas realidades. Ele foge e se oculta das vozes
dos clamores lhe cobrando coerência e afinação de atitudes, ações e posições, a
fim de evitar a queda nos perigos conseqüentes da insipidez.
Que o formalismo religioso seja mantido distante do coração dos
filhos da casa do Pai. Não tenhamos qualquer afinidade ou simpatia pelo formalismo
religioso. Que sejamos simplesmente discípulos do Mestre amado, filhos da
comunhão e da liberdade conforme a graça de Deus que nos alcançou. Não sejamos colaboradores
da fidalguia tola e da soberba vergonhosa produzidas pelo formalismo religioso.
Sejamos tão somente ministros de Cristo e despenseiros fiéis de Deus entre os
homens.
Não abracemos o formalismo religioso em detrimento dos
princípios.
Deus seja louvado!
EvGS
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